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terça-feira, 7 de fevereiro de 2006

Os estatutos do PSD - II

... continuação das interrogações e reflexões.
O meu post anterior recebeu dois comentários que são reveladores do estado de espírito em que se pretende enfileirar o PSD.
Quaisquer raciocínios ou perguntas que extravasem a sacro-santa "revisão estatutária" são logo apodados de "armas de arremesso contra a liderança" ou "raivinhas de facções".
Mas será que ainda alimentam a ilusão que a alteração dos estatutos do PSD vai dar credibilidade ao Partido? Ou que vai alterar a prática política dos seus dirigentes abrindo o Partido ao exterior?
Já se esqueceram que a realização de eleições directas para as Distritais introduzida pela alteração estatutária de 1996 em nada resolveu os vários problemas que então se referiam? E que hoje se repetem!
Já se esqueceram que a eliminaçao de uma parte significativa das inerências resultante da revisão estatutária de 1999, não modificou, em nada, o peso e o papel do dito aparelho partidário?
Será que os militantes do PSD aceitam participar num processo que só visa legitimar uma liderança partidária que nada pretende modificar nas práticas do dito aparelho partidário?

10 comentários:

O Reformista disse...

Como se vê os estatutos são importantes . Para o bem e para o
mal.

É preciso é analizar a realidade estatutária e as consequências.Ir aperfeiçoando ainda que isso venha a resultar em erros...

As directas para as Distritais revelaram-se preversas porque as distitais deixaram de ter (nem querem ter) qualquer importância para a imagem do Partido que é apenas representada pela sua Direcção. Mas têm uma enorme importância para a distribuição de lugares.Por isso esta é a lógica que impera na sua eleição. Para a liderança do partido esperemos que ainda impere o interesse do Partido e do País. Nas directas talvez. Em Conselhos Nacionais basistas já se viu que não.

Vítor Reis disse...

Caro Reformista
Se o que afirma é válido para as distritais porque é que não se aplica à direcção nacional?

Caro David Justino
Não achas demasiado "naif" acreditar que as alterações estatutárias resolvem o problema?
Como diz o Arnaldo Madureira é preciso discutir política. POLÍTICA!!!!
O que esta direcção só quer é discutir estatutos.

Vítor Reis disse...

Mudar os estatutos não muda os actores políticos!!

Suzana Toscano disse...

Concordo com o David Justino. Não sei se a discussão dos estatutos vai mudar alguma coisa ou não, mas que é um começo e exige alguma coragem isso é. Além disso, caro Vitor, não há nada pior do que não se saber ao certo o que se discute, se os estatutos porque estão desadequados e são uma forma de mudar a vida interna do Partido, se afinal o que se pretende é discutir nomes, seja lá qual for o estatuto, se se fala do estatuto para chegar aos nomes porque se quer mudar tudo ao mesmo tempo, etc. Eu acho que a proposta para discussão dos estatutos é oportuna e estava prevista, por isso seria útil que essa discussão tivesse o seu espaço e os seus termos de debate, aberto e sem ambiguidades. Só isso, e já não é pouco nem fácil, sendo certo que o PSD é o maior partido da oposição e não se pode distrair da sua intervenção enquanto tal.

O Reformista disse...

Porque não acontece o mesmo com a Direcção Nacional?

Porque enquanto as distritais não concorrem a nada; o Presidente do partido é quem faz a guerra eleitoral.
Para que serve ser muito amiguinho se depois não ganha as eleições? Que lugares terá então para distribuir?

Pedro Filipe Correia disse...

Apesar de não serem os estatutos que asseguram a boa prática política interna e externa (quem a pode assegurar, naturalmente, são as pessoas), são no entanto um conjunto de "regras organizacionais" através das quais devemos procurar potenciar as referidas boas práticas(conjuntamente com regulamentos / códigos de conduta / etc.).

É por querermos um partido "mais perto" da sociedade civil, menos centrado em si mesmo, que periodicamente temos que reflectir sobre o modo de interagirmos interna e externamente.

Faz sentido que isto se discuta agora.

Na minha opinião devia haver mais tempo para reflectir / debater e decidir sobre os estatutos (espero que não suceda o mesmo no processo de revisão do programa). Mas, concordemos ou não, é este agora o tempo que temos (não significa isto que, caso agora não se discuta/altere o que entendemos que deve ser discutido/alterado, que não se trabalhe para que venha a haver, em breve, novamente tempo).

Cumprimentos,
Pedro Filipe Correia (pfcorreia@netcabo.pt)

O Reformista disse...

Arnaldo Madureira,

Concordo com a sua tese mas...

Existe um forte risco dos colégios eleitorais sejam cheios pelos mesmos de sempre. Ainda por cima nem têm de pagar quotas aos seus boys.

O Reformista disse...

Se nos queixamos da perversidade do sistema e não lhe chamamos risco da democracia temos que ir para um sistema que evite os desvios ao sistema democrático e não que os amplie. Um coisa é a base eleitoral do partido, que seria o ideal, se possível, outra coisa é uma bolsa ainda mais manipulável de simpatizantes.

O Reformista disse...

A minha dúvida é como é que se consegue criar esse colégio eleitoral alargado. Como é que as massas vão reagir. Receio muito que fiquemos apenas com uma bolsa pequena, mas ainda por cima decisiva, recrutados pelos mesmos de sempre e pelos métodos de sempre.- O aceno de um emprego (na camara, ou num empresa camarária, ou pública, ou..), de uma promoção, de uma casa num bairro social, de um fundo para...

Como consegue que a massa eleitoral se inscreva?
Como consegue que só se inscreva de facto quem é simpatizante e eleitor? (às tantas ainda temso gente de outros partidos, infiltrada, a decidir as nossas questões.

Note, concordo com a ideia em si. Temo é que na prática se possa tornar preversa.

E disse...

Há sempre a hipótese de haver uma supervisão do que é que se está a passar na vida do partido, feita por uma entidade independente. Pode ser um parceiro que visa melhorar o partido e as sua funções internas. As orientações ideológicas e políticas devem caber sempre aos seus militantes, claro está.

O que me leva a pensar isto é que tenho visto o que se passa a nível interno do PSD e acho que o que leva a estar criado este clima de desconfiança é o aproveitamento continuado e permitido de quem têm cargos não têm responsabilidades para com os seus militantes. Desculpem, mas há falta de vergonha em pessoas que representam o PSD em cargos de Secção, e isso têm que acabar.

E um selo de qualidade ISO9001 no PSD até era bemvindo :)