terça-feira, 27 de abril de 2010

Será que PSD "virou" pronto-socorro?

1. Após a divulgação esta tarde da decisão da Standard & Poor’s de baixar drasticamente o rating da dívida portuguesa e no meio de uma manifestação de pânico dos investidores que vendem a qualquer preço não só dívida pública portuguesa mas outros activos mobiliários de empresas portuguesas, o Ministro das Finanças terá declarado que “agora é que PS e PSD terão de se entender”...
2. Não deixa de ser curiosa esta afirmação, depois de na semana passada o Governo e o Partido que o apoia terem desdenhado – duma forma que globalmente me pareceu pouco perspicaz e num caso ou noutro até pouco elegante – uma proposta do PSD para reduzir a despesa pública, em rubricas devidamente especificadas, em cerca de € 1,7 mil milhões.
3. Confesso que caso estivesse na pele do Governo (salvo seja), teria recebido essa proposta de redução da despesa pública, vinda de um partido da oposição, com as duas mãos: vamos lá reduzir essa despesa como propõem, vamos até criar uma Comissão paritária para acompanhar esse exercício...
4. No espaço de uma semana, com a casa "a arder", parece que tudo muda – será pois que o PSD, depois de ignorada a sua proposta, assume agora o papel de pronto-socorro?

9 comentários:

  1. É verdade, caro Tavares Moreira. Eu próprio escrevi aqui no 4R no dia no dia 22 de Abril, um post chamado "Governo de negação", em que dizia:
    "O PSD apresentou ontem no Parlamento uma proposta de redução da despesa no valor de 1,7 mil milhões de euros. Um Governo decente e responsável tinha por obrigação analisar e discutir a proposta, sobretudo numa situação difícil, como a actual. E, se cortes orçamentais são sempre politicamente difíceis, teria melhores condições para os executar, face ao apoio do maior partido da Oposição.
    Acontece que o Governo, de forma tão arrogante como irresponsável, de imediato rejeitou o plano, classificando-o como “uma mão cheia de nada”. E logo tratou de usar os clássicos, tão abomináveis como detestáveis, processos de intenção, de forma a transferir a discussão para outras áreas. Então, a verdadeira proposta do PSD não era a que tinha sido apresentada; a verdadeira proposta era uma "agenda escondida", que tinha a ver com despedimentos na função pública, com o fim do SNS, com o fim da segurança social pública"...
    E é cada vez mais claro que o PS, só, não vai lá. Não gosto de Blocos Centrais, mas situações de emergência...
    http://quartarepublica.blogspot.com/2010/04/um-governo-de-negacao.html

    ResponderEliminar
  2. Em absoluto acordo, caro Pinho Cardão...só não vai lá nem vai a lado nenhum e mesmo acompanhado tenho as maiores dúvidas...
    Quando duma semana para a outra se muda de táctica ou o que queiram chamar-lhe em 180 graus, há qualquer coisa de errado em tudo isto.
    Nós seremos daqueles que há mais tempo andam a apontar o engano de rumo, chamando a atenção para a total incoerência destas políticas, mas sem resultados - manifestamente não temos jeito...

    ResponderEliminar
  3. “agora é que PS e PSD terão de se entender” quer dizer "vamos cortar 2 meses de salários aos funcionários públicos mas o impacto eleitoral tem que ser partilhado"

    ResponderEliminar
  4. Caro Tavares Moreira

    Estamos a assistir a um acidente que estava previsto suceder...
    Num país menos surreal, a oposição deveria, neste momento, pedir eleições antecipadas já....
    A plataforma política que elegeu a actual maioria revelou-se ilusória, irrealista e, no contexto actual, perigosa.
    A maioria não tem qualquer legitimidade para se manter no poder, pela simples razão porque propôs exactamente o contrário do que vai realmente, fazer.
    Claro que, num país menos surreal, o actual PM deveria apresentar a sua demissão já...
    O resto, desculpe a expressão, é uma treta completa

    Cumprimentos
    joão

    ResponderEliminar
  5. caro Tavares Moreira, enquanto o PSD andou a alertar para esta situação, muito antes da campanha eleitoral, durante a campanha eleitoral e depois das eleições, vezes sem conta, em todos os tons, o PSd e a sua lider Manuela Ferreira Leite eram acusados de derrotismo, agoirentos, ultrapassados, desumanos, sem preocupações sociais, sei lá mais o quê. Agora parece que foi a oposição que impediu que se trilhassem outros caminhos e faz-se apelo ao PSD. É extraordinário!

    ResponderEliminar
  6. Caro Tonibler,

    Arguto, como sempre! Não excluo que tenha sido essa a intenção, não senhor, a ver vamos no que esta acção de socorrismo político totalmente surrealista vai dar - se vier a ocorrer, claro!

    Caro João,

    De acordo, é treta, sempre a mesma treta, apenas com umas colagens oratórias servidas "a la carte" para enganar melhor conforme a ocasião!

    Cara Suzana,

    Muito bem lembrado..olhe que me recordei já de M. F. Leite e do seu aviso de há poucos meses, de que estavamos seguindo o trilho da Grécia e que tanto indigou os dignitários rosa e não só!
    Como Manuela estava cheia de razão e os que a invectivaram revelavam, mais uma vez, a sua indomável ignorância!

    ResponderEliminar
  7. Perante a proposta do PSD de redução da despesa pública em 1,7 mil milhões de euros, o PM chegou a dizer que já estava tudo no PEC! Com tal tendência para a mistificação, não creio que mesmo perante a presente iminência de naufrágio Passos Coelho e Sócrates se cheguem a entender. Talvez haja um fingimento de entendimento, mas não será nada real, infelizmente.

    ResponderEliminar
  8. Caro Tavares Moreira,

    O corte do rating de Portugal foi a prova que os mercados não acreditam em Portugal. No meu ponto de vista, não parece um cartão amarelo ao PEC, mas sim ao futuro de Portugal. Este parece ser o aviso que sem um plano de longo-prazo credível para Portugal, estamos condenados ao fosso económico.
    Sócrates tentará duas coisas.
    1ª Aproximar-se de Passos Coelho e delinearem um plano conjunto para o País; ou
    2º Dizer que Passos Coelho não está disponível para ajudar o país, mas sim os interesses do PSD.

    Confesso que me preocupa porque não sei até onde Sócrates é capaz. Para quem agora anda aos beijinhos a J. Jardim, tudo é possível!

    ResponderEliminar
  9. Caro Freire de Andrade,

    Vamos ver, vamos ver...com a casa a arder, muita coisa pode mudar.
    Mas foi preciso ter a casa mesmo a arder em grandes labaredas para começar a perceber que o problema é sério e tirar a cabeça da areia!
    Mesmo assim, admito que vamos ainda passar por muita turbulência até que finalmente um trabalho de casa que deveria estar feito há mais de 10 anos, comece a dar resultados concretos...
    É uma profunda sensação de frustração, ser governado desta forma e ter de pagar impostos para financiar tanta asneira e atnto desperdício!

    Caro André,

    Boa visão do jogo, sem dúvida...melhor que a de Jesualdo!
    Para já estamos a assistir ao desenrolar da primeira hipótese colocada pelo meu Amigo, vamos ver por quanto tempo...
    Os próximos episódios desta novela trágico-financeira prometem ser muito emocionantes...

    ResponderEliminar