O PM e o ministro da Presidência aproveitaram a fome de notícias de um fim-de-semana pacato, para darem foro de escândalo às declarações de Pedro Passos Coelho, creio que na passada 4ª feira em Madrid, onde se deslocou para se encontrar com políticos espanhóis e defendeu que se fosse ele o PM teria vendido as acções do Estado na PT, ainda a propósito do exercício do veto do Estado no negócio das participações sociais da PT na VIVO. "Não honram as boas tradições da política", terá dito o indignado Engº Sócrates.
Confesso que não gostei de ver o líder do maior partido da oposição e candidato a PM a proferir declarações deste tipo em território espanhol. Não lhe ficou bem, como não fica bem aos mais altos responsáveis políticos criticar qualquer órgão de soberania fora do território nacional, designadamente no território de um Estado a que pertence empresa que disputa os interesses da PT. Isto, independentemente da posição que se tome sobre o mérito da actuação do governo português.
Mas se falta autoridade a alguém para criticar Passos Coelho é precisamente ao PM e ao governo.
Já nem vale a pena recordar o episódio, triste e patético, do "espanholês" gritado por Sócrates num comício de apoio ao PSOE, ainda que na qualidade de maior responsável do PS. Nem tão pouco a visão parola sobre as opções prioritárias da política externa nacional, quando, logo no início do mandato do governo PS, à pergunta sobre a hierarquia das relações internacionais de Portugal, o PM respondeu "Espanha, Espanha, Espanha!".
Para não recuar tanto no passado e me fixar no comportamento de Sócrates a propósito do negócio da VIVO, recorda-se somente que as explicações sobre o veto ao negócio proposto pela Telefonica que o Primeiro-Ministro português ordenou, foram de imediato dadas não a um órgão de comunicação português, mas ao porta-estandarte da PRISA, o El País, nesta significativa entrevista.
6 comentários:
Louvo a sua frontalidade, Dr. José Mário, ao abordar com clareza este tema.
Penso que todos estaremos de acordo com a posição de desagrado, por Pedro Passos Coelho ter dito o que disse, onde disse e a quem disse.
Talvez tenha confundido um pouco as épocas e as oportunidades e tenha achado que a sua opinião se poderia igualar à da Drª. Ferreira Leite, quando... "estinulou" a PT a adquirir a rede fixa, como forma a realizar um guito interessante, antecipando receitas extraordinárias, tão necessárias como pão para a boca.
Ou então... talvez tenha pretendido colocar em evidÊncia a velhinha cumplicidade cunicula e tivesse como finalidade, avisar o parceiro, de que andam caçadores por perto...
Meu caro Bartolomeu, estamos em perfeita sintonia.
Sim, meu caro Paulo. Passos Coelho deveria, na minha humilde opinião, fazer umas das coisas que sugere. É isso que se exige a um homem de Estado. Quando o interesse nacional o exige, cala-se o político seja à custa de uma fatia de bolo-rei, seja à custa de uma fatia de empanada.
Quanto ao resto, de acordo.
Já viu isto, Dr. José Mário?
Vem práqui este tipo, saído ninguem sabe de onde, e a primeira coisa que faz, é chamar-nos velhos(?!)
Velhos, não, menino Paulo... experientes... experinetes!!!
;))))
Óh Paulo, não leve a mal, estou na brincadeira, além de que, hoje bati-me ao almoço com um valente "choleton" de novilho e uma "Casa de Santar-Reserva tinto de 2006, portanto, poderá imaginar o espírito bonómico em que me encontro.
Mas olhe, e só para rematar, não sou má lingua, nem me apraz criticar as pessoas, contudo, em minha opinião, Pedro Passos Coelho, precisa entender que ha assuntos que têm hora e local certo para serem comentados. Talvez lhe falte um pouco de amadurecimento, o mesmo que o meu tinto do almoço obteve por ter estagiado o tempo necessário, por forma a ganhar qualidades, acentuando os taninos e os diferentes paladares que o compõem.
;)
É verdade, Bartolomeu. A experiência é, em princípio, um valor seguro se não for adquirida à custa da repetição da asneira. É que, como o meu Amigo bem sabe, vinho mau, por mais que estagie, não se torna bom com a idade, bem pelo contrário.
Não é, sem qualquer presunção, o nosso caso porque nós nos identificamos com esse tinto que o meu Amigo saboreou.
Não creio, porém, que o caro Paulo, nos tenha acusado de velhos. Assinalou somente o sermos menos jovens do que ele, o que sendo factual somente se regista.
A mim, o estágio, já de facto um pouco longo, ensinou que não vale a pena ser "..ista", por muito apreço que tenhamos por esta ou aquela personalidade. O que tem perdido o PSD é esta tendência para a subserviência intelectual que divide pessoas que, supostamente, se reunem à volta de um mesmo projecto, em "cavaquistas", "mendistas", "barrosistas", "ferreirista", "passistas", "marcelistas", "santanistas"...!
Não ser "...ista" de ninguém permite-nos, tranquilamente, criticar com espírito positivo, como no post o fiz em relação a Passos Coelho de quem fui e sou apoiante, de quem espero a mudança que sei que ele quer protagonizar. Exactamente por isso, a crítica.
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