Foi uma adesão impressionante em todo o País. Mobilizou muita gente, associou pessoas de todas as gerações e de várias classes económicas e sociais.
É o espelho de um Portugal à "rasca" e de um Portugal precário. À geração dos jovens temos que juntar outros grupos da população, designadamente os pensionistas, os desempregados, as pessoas e as famílias pobres, os trabalhadores precários ou as crianças carenciadas. Todos a braços com dificuldades económicas e privações, com problemas específicos, muitos sem esperança e ausência de perspectivas de mobilidade. E a estes grupos que representam uma parte muito significativa da população, há que juntar um País suspenso do futuro devido à gravidade das contas públicas e ao definhamento da actividade económica.
Mas a mobilização da “Geração à rasca” sendo uma expressão séria de insatisfação e intranquilidade, não deixa de ser, também, uma fonte de esperança e desejo de mudança. Mas depositar essa esperança no Estado - ouvi um manifestante afirmar - como a entidade que deve resolver todos os problemas não é o caminho. Com certeza que há políticas públicas erradas e que precisam de ser corrigidas. Mas ao Estado o que devemos exigir é que se redimensione e deixe de asfixiar a economia e a iniciativa privada e social e tenha condições para apoiar as pessoas que as circunstâncias da vida ditam necessidades que por si próprias não estão em condições de resolver. Sem crescimento económico e com um nível de endividamento nacional insustentável vamos continuar a empobrecer e ficaremos cada vez mais à "rasca". Depois do dia de hoje, fica a pergunta sobre como poderá/deverá ser aproveitada tanta energia para melhorar o futuro de Portugal?
É o espelho de um Portugal à "rasca" e de um Portugal precário. À geração dos jovens temos que juntar outros grupos da população, designadamente os pensionistas, os desempregados, as pessoas e as famílias pobres, os trabalhadores precários ou as crianças carenciadas. Todos a braços com dificuldades económicas e privações, com problemas específicos, muitos sem esperança e ausência de perspectivas de mobilidade. E a estes grupos que representam uma parte muito significativa da população, há que juntar um País suspenso do futuro devido à gravidade das contas públicas e ao definhamento da actividade económica.
Mas a mobilização da “Geração à rasca” sendo uma expressão séria de insatisfação e intranquilidade, não deixa de ser, também, uma fonte de esperança e desejo de mudança. Mas depositar essa esperança no Estado - ouvi um manifestante afirmar - como a entidade que deve resolver todos os problemas não é o caminho. Com certeza que há políticas públicas erradas e que precisam de ser corrigidas. Mas ao Estado o que devemos exigir é que se redimensione e deixe de asfixiar a economia e a iniciativa privada e social e tenha condições para apoiar as pessoas que as circunstâncias da vida ditam necessidades que por si próprias não estão em condições de resolver. Sem crescimento económico e com um nível de endividamento nacional insustentável vamos continuar a empobrecer e ficaremos cada vez mais à "rasca". Depois do dia de hoje, fica a pergunta sobre como poderá/deverá ser aproveitada tanta energia para melhorar o futuro de Portugal?
30 comentários:
Para nada. A manifestação representa tudo o que de mau têm os portugueses e quanto mais os ouvia mais me convencia que merecem estar ali.
Nenhuma inocência triunfará.
Caríssimo, cuidado não se morda. Com tanto veneno ainda acaba a sentir-se mal.
Deixa-o assim tão indisposto descobrir que as pessoas são.... mmmm.... qual é mesmo a palavra?... Ah! Sim, são humanas. De carne e osso, Não são objectos, nem estatísticas. Não vivem do ar. Bem sei, é aborrecido. Um governo tão dedicado e empenhado a fazer continhas e mais continhas, para nos livrar deste aperto e vêm estes todos para a rua fazer chinfrim.
Mas de qualquer forma, tem toda a razão. Aquela manifestação representa, exactamente, tudo o que de mau têm os Portugueses e que neste momento é a classe governante. Também concordo que merecem estar ali. Merecem estar ali porque com tudo o que lhes andam a fazer, adquiriram esse direito.
Tendo a concordar com o Tonibler. Particularmente por ter visto um cartaz que dizia "Licenciatura = Emprego".
Cara Margarida, no seu post expõe precisamente a questão de fundo: redimensionamento do Estado. Mas é precisamente isso que a generalidade do povo Português não quer. Em Portugal continua a cultivar-se muito o Estado-Papá e a população não é fã de emagrecimentos dos entes públicos. Ora, como não podemos ter sol na eira e chuva no nabal, ao haver um estado tão presente na sociedade e na economia é naturalissimo que quando o estado se constipe a sociedade fique com pneumonia.
Não será dispiciendo lembrar agora que há 1 ano e meio uma certa sábia senhora alertou para estas coisas... e foi literalmente insultada. Ou seja, as pessoas gostam de ser enganadas.
É precisamente a partir destas duas perspectivas que aqui exponho como comentário ao seu texto que não posso deixar de concordar com o Tonibler. Afinal, alguém vê uma manifestação a pedir melhores condições para o investimento? Ou uma educação de excelência? Posso estar fraco de vista mas parece-me que não vi isso.
O problema é exactamente esse, Margarida, por muito que se fale e reclame é para o Estado que se viram sempre. E o Estado cultiva isso mesmo, mete-se em tudo, promete tudo, resolve tudo e aquilo que por acaso esteja a ser resolvido sem o Estado, lá vai ele a correr que também tem uma palavrinha a dizer. O que é estranho é que esta geração, que viajou muito mais, nem que seja pelos meios vituais,e que estudou muito mais, parece não ver problema nenhum nisso.
Caríssimas Margarida e Suzana,
Um aplauso para as meninas! É isso mesmo. Há Estado a mais, poleiros a mais, gestores públicos a mais, directores-gerais a mais e trabalhadores a menos. Quer isto dizer, há muitos a mandar (ou a fazer que mandam) e poucos a trabalhar.
Zuricher, amei a sua resposta é bestialmente inteligente. Onde é que o menino vive e mais importante do que isso! Conhece a fada sininho e o Peter Pan?
"Portantos", o seu argumento é o de que o problema é que o povinho não quer o emagrecimento do entes públicos é isso? Porque o Estado é Papá? Óóóó meu lindo, a malta já "tá" órfã há algum tempo. Esqueceram-se de o avisar foi? Ó peço imensa desculpa eu ainda estou deslumbrada com o seu argumento, onde é que eu ia?.... ah sim... "Portantos" temos um Estado que durante anos andou a promover a dependência dos cidadãos face ao mesmo. Não criou as condições para as pessoas se autonomizarem, chula (porque o termo é mesmo esse) as PME's através de um sistema fiscal feudal e agora vem dizer-me que são as pessoas que têm um problema com o emagrecimento do Estado?
Todos os anos o EUROSTAT faz um estudo sobre os custo de vida nos países da União Europeia, por sua vez a Comissão -no sentido de tornar possível a gestão dos diversos Programas Comunitários- lança uma tabelinha com os valores do per diem (i.e. o valor, por dia, de que uma pessoa necessita para viver em cada um dos países da UE), em Portugal esse valor é de 160 euros por dia. Agora faça lá as continhas e diga-me quantas pessoas, em Portugal, ganham 160 euros por dia?
Oiça lá e já agora diga-me lá o que é que é uma educação de excelência? Desculpe estar a perguntar mas é que, entre outros, eu também tenho alguns problemas em reverenciar palavras que não passam de manifestações etéreas.
Eu, Português à rasca me confesso; Tenho dois filhos incorporados na geração que está À rasca. Têm 29 e 26 anos, estão à rasca. Um, porque não tem emprego, já teve, agora tem um subsídio de valor identico ao do vencimento que auferiu. Ora, para que se ha-de o rapaz xatiar em encontrar novo emprego?! Ele está à rasca, porque quando deixar de receber o dito subsídio, vai ter de se sujeitar a procurar emprego. O outro porque, tendo emprego, encontra-se à rasca, por teme perdÊ-lo de um dia para o outro. Ele diz-me; pai, na minha empresa despediram 3 tipos que já estavam a contrato ha 3 anos e ganhavam 2.000 euros, eram formados e tinham uma experiência de trabalho enorme, para admitirem outros 3 tipos com a mesma formação académica, a ganhar o salário mínimo, mas sem experiência nenhuma. E eu pergunto-lhe: mas então o administrador da empresa, não valoriza a experiência? Se no decorrer dos 3 anos, foi aumentando o salário aos teus colegas, é porque valoriza e agora despede-os? Pai, tivemos uma reunião e o engº disse que está sujeito a uma política de redução de gastos para a empresa.
Eu, não participei na concentração e aconselhei os meus filhos, por uma questão de honradez a não participarem também. O mais velho, desempregado, inquiriu-me; mas não achas que todos, jovens e menos jovens devem manifestar o seu desagrado contra a forma como o governo está a permitir que os jovens se encontrem nesta situação precária?
Não, respondi-lhe!
Não???
Olharam-me com surpresa e consegui ler-lhes no semblante o pensamento que lhes percorria a mente; "o kota deve estar a arquitectar uma das suas habituais tiradas, para nos deixar a pensar."
Não se enganaram.
Respondi-lhes; antes de se manifestarem contra o governo, devem manifestar-se contra mim e contra a vossa mãe, porque desde pequenos, não soubemos prepara-los, adverti-los, sensibiliza-los, para as dificuldaes que nos podem surgir, ao longo da vida. Eu e a vossa mãe, proporcionámos-vos a melhor alimentação, a melhor saúde, a melhor educação, os melhores divertimentos, o melhor conforto. É certo que vocÊs têm sido ambos, filhos exemplares, de quem nos orgulhamos, mas impreparados, incapazes de equacionar os problemas e de encontrar a solução para os mesmos na voça força interior, na vossa auto-estima, nas vossas capacidades intelectuais e físicas, no vosso ânimo.
Se querem manifestar-se contra alguém, manifestem-se contra nós, se querem reivindicar, peguem nas vossas armas e bagagem e lutem, criem, façam aquilo que ninguem pode fazer por vós. Mas aquilo que fizerem, façam-no com consciência, projectado num futuro, e num enquadramento social.
Acabámos o almoço em silêncio. O meu filho mais velho, telefonou-me à noite, para combinar almoçarmos hoje e pelo som ambiente percebi que não se encontrava em nenhuma concentração ou manif. O mais novo ligou-me a meio da tarde para me dizer que se encontrava em Sintra a visitar a Quinta da Regaleira.
Caro Bartolomeu,
Gostei imenso do seu comentário (e é sincero, não estou de todo a ser irónica ou sarcástica), é uma perspectiva muito sóbria e muito válida. Parabéns :)
Mas se eu fosse o "CEO" (ou accionista) da empresa onde está o seu filho empregado, despedia o imbecil que despediu esses 3 empregados e contratou os outros a "low-cost", porque a adopção de uma estratégia dessas implica perda de produtividade e competitividade a médio e longo prazo. Isso serve apenas para se ter a falsa percepção de que se resolve um problema de tesouraria no curto-prazo, mas na realidade não só não resolve, como também vai criar uma série de problemas adicionais.
Essa empresa pratica a gestão do "chico-esperto", que é acreditar que com menos consegue fazer mais ou mesmo que anteriormente, só que os estudos revelam que os resultados costumam ser diferentes.
É francamente de estranhar a estratégia empregue pela empresa, Anthrax.
Sobretudo porque se trata de uma empresa Alemã, com uma política de valorização dos seus quadros que efectua regularmente visitas às suas sucursais, que estão obrigadas a seguir as políticas de gestão emanadas da casa-mãe, mas que gozam de autonomia nas questões relacionadas com os recursos humanos. Ao meufilho, que chefia toda a área de informática, já foi feito o convite para trabalhar na sede na Alemanha. Ele declinou, prefere fazer mais no seu país, e pelo seu país, opção dele, exclusiva.
Nesta matéria que a Drª Margarida expõe no post, e porque se percebe a necessidade absoluta de mudança radical de governo, oude forma de governar e porque se levantam já muitas vozes que instigam a que aconteça uma revolução, temo que forças ocultas (ocultas porque não tenham coragem para se mostrar) façam uso da exponteniedade e inexperiência política dos jóvens da concentração e os empurrem para acções que não servirão em última instância para resolver o verdadeiro problema, dos jóvens, e da população em geral. Temo portanto que os jóvens possam vir a ser usados como marionetes e marionetes permaneçam depois.
PS: Faltou-me felicita-la pelo regresso dos seus comentários a este espaço. Absolutamente necessários!
Caros,
Quando eu disse que a manifestação representa tudo o que de mau tem o português não queria dizer que as pessoas não têm razões para se sentir mal com a sua situação.
Aquilo que é condenável é que eu tenha estado a aturar 25 anos de europeístas, PSD's, Cavacos, Sócrates, Guterres, estatistas, plataformas logísticas, planos Porter, gente que tem a "estratégia nacional", a "táctica correcta", toda a espécie de parasita que sabe o que é bom para mim, sem que eu tenha votado neles uma única vez.
Agora vão para a rua para quê? Para eu lhes resolver o problema onde eles me meteram? Se estão desesperados, peguem numa pistola e comecem a dar tiros. Comecem a assassinar políticos, parece-me uma fórmula de sucesso já experimentada em várias zonas do mundo. Não se juntem todos para me lixarem a vida outra vez e descobrirem o próximo iluminado que, esse sim, é aquele que tem a solução.
Meu querido Bartolomeu, muito obrigada pela suas palavras. Deixe-me, no entanto, dizer-lhe que já respondeu à minha curiosidade intelectual no que respeita à empresa onde está o seu filho. Têm autonomia na gestão de recursos humanos e isso diz tudo.
Camarada Tóni,então? O que é isso? Deixo-o sozinho por uns tempos e já começa a querer dar tiros em toda a gente? Eu compreendo-o, mas o recurso a meios violentos só deve ser utilizado quando tudo o resto falha e ainda não chegámos aí. Além disso, deixe-me dizer-lhe que quando se pondera a possibilidade de recorrer a tais meios, tem de se estudar a fundo a capacidade de retaliação do outro lado e antecipar todos os passos que possam dar. Ou seja, tem de ser bem estudado e bem planeado e isto se quisermos bem sucedidos é claro.
E agora pense assim: se nós fossemos muito bons a organizar e a planear, não estaríamos tão enrascados como estamos, não é verdade?
Numa manifestação multi-geracional...
São gerações tão descontentes
que protestaram livremente
contra imposturas patentes
de um governo mui demente.
Deste regime esgotado
após décadas tresmalhadas
brota um povo agastado
de políticas farfalhadas.
Cara Anthrax,
Mas há alguém mais bem sucedido a estudar, a planear, a montar estratégias, a dirigir que os portugueses??? Ninguém é melhor que isso. O problema é esse.
Progresso não é planeamento, estudo, estratégia, concentração. Progresso é diversidade. a diversidade é o motor do progresso. Cada um pensar com aquilo que pensa, cada um ser aquilo que acha que deve ser, cada um fazer aquilo que acha que deve fazer.
Conhecem algum caso onde uma coisa planeada para 10 milhões de pessoas funcionou????? De onde é que veio essa ideia absurda???? Se alguém vos aparecer à frente a dizer que ele é que consegue planear, dêem-lhe um tiro. Merece!
Caro Paulo,
Tem toda a razão, eu também lá estive aos pulos, mas o camarada Tóni está com instintos violentos... contra os quais eu não tenho nada note-se, muito pelo contrário.
Tóni, diga-me lá uma coisa, o que é que entende por progresso?
Para mim progresso é sinónimo de desenvolvimento, mas desenvolvimento não é, nem implica, necessariamente crescimento. O crescimento tem limites, o desenvolvimento não. Por isso, se na perspectiva do desenvolvimento, associar o progresso à diversidade, eu concordo.
Sabe porque é que também fui para a manifestação? Porque estou farta do que se está a passar em Portugal. A economia deve servir as pessoas, não são as pessoas que devem servir a economia e neste momento puseram-nos a todos a servir a economia. Depois escudam-se atrás dos mercados; "ai os mercados isto... ai os mercados aquilo", ora metam mas é os vossos mercados num sítio onde o sol não chega! Eu não sei quanto ao resto, mas eu não sou escrava de ninguém, nem admito que venha um badameco qualquer (que por acaso até está no governo) dizer-me que, além das minhas contas e dos impostos, ainda tenho de pagar um extra pelas asneiras que andaram a fazer.
As pessoas que estavam naquela manifestação querem trabalhar condignamente e com um salário adequado. Não estavam ali para pedir favorzinhos a ninguém.
Cara Anthrax, vejo que voltou com a caldeira a bom vapor!
Tenho todo o prazer em esclarece-la quanto ao significado de "educação de excelência". É aquela em que os meninos saem da escola a saber efectivamente matemática, física, português e seja lá o que o curriculo prescreva. E a saber de forma sólida. Sabe, acho que até foi aqui no 4R que há tempos foi relatado um exemplo disto: na Índia é ensinada aos meninos a tabuada... até ao 19!! Poderá dizer que tem pouca utilidade prática. Mas, garanto-lhe, para estimular o raciocínio matemático é uma maravilha.
De caminho, lamento, não conheço a fada sininho e o Peter Pan. Mas estou sempre disposto a fazer novos amigos!
E agora em relação ao seu último post. Eu não embarco na desresponsabilização dos cidadãos. Ao longo de anos e anos os cidadãos reivindicaram sempre mais estradas, mais hospitais, mais escolas a brilhar, mais prestações sociais, mais isto e aquilo. E sucessivos governos lhes foram dando estas coisas todas. Quem paga? Isso logo se vê. Nunca ninguém se importou com essas coisas comezinhas de dinheiros. Claro que o resultado não podia ser outro, evidentemente. Mas não é apenas isto. Reivindicaram-se mais estradas. Mas não políticas de efectivo desenvolvimento do interior. Reivindicaram-se mais escolas. Mas não efectiva qualidade no ensino. Reivindicaram-se mais hospitais. Mas ninguém cuidou de saber onde havia gente para os guarnecer. Reivindicaram-se mais prestações sociais. Mas nunca ninguém pensou na sustentabilidade desta coisada toda.
Ao mesmo tempo ninguém reivindicou melhores condições para o investimento produtivo. Tal como ninguém reivindicou políticas destinadas a estimular a poupança. O que interessava sempre era reivindicar boa vida. Pois agora...
E, aliás, os cidadãos foram sempre votando em quem lhes prometia o paraíso com harpas e violinos. Portanto agora não pode queixar-se particularmente.
A terminar: nunca se esqueça que um Estado é composto por tudo e todos os que estão dentro dos seus limites territoriais. E que os cidadãos são responsaveis subsidiários das asneiras dos governos que elegem.
Caríssimo Zuricher :))
Matemática, pois... essa também não a conheço, mas já ouvi dizer que é boa rapariga, apesar de tramada porque segundo dizem as más línguas tem mau feitio. Sabe de uma coisa Zuricher, eu não preciso que as crianças sejam excelentes, prefiro que elas sejam boas. Excelente faz-me lembrar o SIADAP e eu, nas fichinhas da auto-avaliação, costumo mandá-los pôr a avaliação bom, noutros sítios (as minhas fichas de auto-avaliação têm em média 10 páginas e cada uma é mais corrosiva do que outra).
Tirando isso, então mas você está bom da cabeça? Reivindicar investimento produtivo? Mas há alguém, louco o suficiente, para investir aqui com o sistema fiscal que temos? Com um Ministério das Finanças que persegue tudo e todos e que passa por cima da sua própria legislação? Mais depressa ia investir para a Grécia do que aqui!
No outro dia tive de ter uma "cumbersinha" com o meu marido - que é finlandês - e com o amigo dele - que é sueco - porque estas duas criaturas estavam-me a querer abrir uma empresa aqui! Tive de lhes dizer que mais valia comprar uma pistola e dar um tiro na cabeça, pois a morte era mais rápida e sofriam menos.
A nossa legislação fiscal - que eu por acaso até só me dei ao trabalho de ler recentemente - é absolutamente aberrante para as pessoas colectivas e depois aparecem as associações patronais a defender mais incentivos e mais flexibilização laboral. Mas quais incentivos!? Peguem mas é naquela porcaria, deitem fora e façam outra, que promova o investimento nacional e estrangeiro, assim não é preciso incentivos.
E já agora qual poupança? Que medidas de poupança quer que reivindiquem? Mas alguém que ganhe 500 euros por mês consegue poupar alguma coisa? Eu ganho mais do que isso e não consigo poupar. Mais uma vez, o custo de vida em Portugal está estimado em 160 euros por dia, nós ganhamos bem abaixo disto, não dá para poupar.
Finalmente, o Estado é composto:
1º Território
2º Povo
3º Poder Político
Ciência política 101, mal de mim se não soubesse isso e muito mais, como por exemplo; o dever do Estado é garantir a segurança e o bem-estar dos seus cidadãos, faz parte do contrato social (se optarmos pela posição contratualista) e por isso é que indivíduo abdica do monopólio da violência privada.
Caro Paulo, se quiser ter o incómodo de dar meia-dúzia de passos atrás, vai verificar que terminei o meu comentário, escrevendo « Temo portanto que os jóvens possam vir a ser usados como marionetes e marionetes permaneçam depois.»
Isto quer dizer que temo que venha a acontecer essa manipulação e não, que aconteceu.
E o meu receio não tem directamente a ver com falta de confiança nas competências e capacidades dos jóvens para construir o futuro e intervirem activamente nas mudanças necessárias na política do nosso país.
Como expliquei no meu comentário anterior, este receio tem a ver com a instabilidade política que se vive e com a pressão "surda" que que tem como alvo,as camadas mais jóvens da população, que são também as que estão a ser vítimas
de uma conjuntura política e económica, totalmente desastrosa, que lhes tolhe por completo as possibilidades de construir naturalmente um futuro que os seus pais e o seu país, lhes apontou como fácil.
Carissima Anthrax, que gosto dá le-la!
Concordo plenissimamente com o diagnóstico que faz da legislação fiscal Portuguesa. Uma trapalhada irrecuperavel e que não tem outra solução que não o caixote do lixo. Mas vê, reivindicar precisamente uma mudança total (e estabilidade posterior) do quadro fiscal Português é precisamente um ponto perfeitamente louvavel na reivindicação da existencia de condições para o investimento em Portugal. Note que eu disse "reivindicou melhores condições para o investimento produtivo" e não directamente o investimento. É que nisso estamos plenamente de acordo: investir no Portugal de hoje em dia é só para quem estiver doido varridissimo! Eu também jamais em dias da vida aceitaria o ónus de aconselhar alguém a investir em Portugal. E muitos mais pontos há em que Portugal tem que melhorar se quer atrair investidores.
Agora a matemática. Está bem, "boa". É aceitavel. O que não é aceitavel é serem tão ruins como são hoje em dia quando postos em comparação com alunos doutras paragens. Olhe que a qualidade do ensino da matemática e das ciências é um dos obstáculos ao investimento em Portugal. Um dos itens em que a Républica fica muito mal vista. E é pena. É que a matemática é das disciplinas cujo ensino desde pequenino mais influi no bem-estar futuro dos que a aprendem e, através da riqueza por si produzida, da sociedade globalmente em que se inserem. Ora olhe lá para os Estados Unidos e veja que cursos promoveram quando, durante a presidencia de Dwight Eisenhower perceberam que estavam a ficar tecnologicamente para trás. E quais as disciplinas base dessa formação. A matemática é talvez a disciplina mais fundamental para o progresso dos povos e essencial para o entendimento de várias outras.
Quanto à poupança, cada um sabe da sua vida. Mas quando vejo tanto carro novo, tanto telemovel novo, tanta viagem, tantos luxos, não posso senão deixar de concluir que há aí muito dinheirinho gasto em coisas muito superfluas. Muitissimo, mesmo.
Bom dia Zuricher e resto do mundo também :)
Muito obrigada meu querido, pois eu também gosto de o ler e por isso é que tive de me meter na "cumbersinha".
Ok, tirado o investimento do caminho, temos a matemática. Ó meu querido amigo como eu gostava de o desmentir! Como eu gostava de lhe dizer que estamos muito bem! Pois nesse departamento não estamos nada bem (ah ah ah, dito assim até parece que é o único) e não me parece que haja algum vislumbre de melhoria. De qualquer forma, quando fala nas comparações com os outros (e presumo que esteja a referir-se ao PISA e afins), esse sucesso tem muito a ver com a forma como o Sistema Educativo e de formação profissional, deles, está organizado e não é só isso. Depois há toda a outra parte que diz respeito à forma como a sociedade olha para esse sistema educativo e de formação profissional. Eu não sei se já reparou, mas ao contrário do que se passa cá, nos países do norte da Europa a Educação Profissional é muito bem vista. Bom mas isto é um tema que dá pano para mangas.
Quanto à poupança, pois... eu só tenho essa sensação quando passo ali pela auto-estrada para o Algarve e nessas alturas, sim, secretamente acho que ainda não afundámos o suficiente. Mas também sei que é uma falsa percepção, nós temos muito essa mania, a de parecer ter o que não temos. É assim desde os descobrimentos e tal como já acontecia nessa altura, também nesta nos leva a apertos.
Bom dia Anthrax! :-)
O ensino, o ensino. Vê como até aludiu a outra coisa que é importantissimo mudar e implementar rapidamente por forma a tornar Portugal um país mais competitivo e desenvolvido? A educação. E ter educação profissional a sério, claro, a par de várias outras coisas sérias. De caminho deitar para o caixote do lixo essa coisa das Novas Oportunidades e facilitismos afins.
Poupança, olhe, sendo-lhe sincero eu qaundo vou a Lisboa vejo muitos exemplos dessa riqueza apenas olhando em redor. Olhe, vejo carros que nunca mais acabam e muitos deles com menos de 5 anos. Telemoveis basta sentar-me em qualquer café e observar o mundo... é cada bomba dessas modernas que já passaram de telemoveis a computadores que por mera casualidade fazem chamadas. E por aí fora. Embora esteja plenamente de acordo que em muitos casos é mais fogo de vista do que outra coisa e que por trás dessas modernices haja muito pouca substância. Mas há aí dinheirinho a poupar. Ou pelo menos a não endividar.
Olhe que estamos muito mais próximos do que distantes, cara Anthrax! :-)
Sim, sim, eu sei que estamos mais próximos do que distantes. :)
E relativamente à educação, pois... eu nem sei por onde haveria de começar! Mas digo-lhe, desde já, que não deitaria as Novas Oportunidades fora. Tal como estava a dizer no post da escola de bruxaria, eu concordo com o princípio da validação de competências adquiridas através da educação não-formal e informal, eu posso criticar o modelo mas não o princípio. Aliás esse é um tema muito debatido por essa Europa fora e há N modelos implementados noutros países cujo principal enfoque é a empregabilidade.
Por exemplo, na Finlândia - país ao qual toda a gente gosta de ir buscar exemplos - há um ano de interrupção dos estudos em que é dado ao aluno a possibilidade de escolher entre a via académica e a via profissional. Nesse ano, o aluno pode experimentar várias profissões a fim de descobrir o que é que ele realmente quer fazer e consoante essa escolha ele é posteriormente orientado ou para um lado, ou para o outro. Mas quando escolhe ele já sabe o que é que vai ter de fazer a seguir.
Já imaginou o que era implementar uma coisa destas aqui? Dadas as características culturais dos finlandeses, isto funciona lá. Eles estão muito longe de serem uma sociedade infantilizada (o que tem coisas boas e tem coisas más), mas se fosse cá ninguém nunca mais via os miúdos!
Ainda no que respeita à poupança, a percepção que se tem do que é necessário mudou muito nos últimos 50 anos. Não está bem, nem está mal, apenas mudou. E isso é consequência de uma crise de valores. Como dizia o falecido Prof. Ernâni Lopes, há que começar a substituir valores e esse exemplo tem de vir sempre de cima.
Sim, caro Paulo, também acredito que não será esta geração que pegará em armas.
O pessoal dos "inta" são filhos da geração do Wood Stock, dos grandes festivais Rock, do "make peace, not war", fizeram-se gente a escutar Genesis, Pink Floyd e Super Tramp. Não ensinaram os filhos a resolver os problemas à batatada.
Por isso, acredito que esta geração dos "inta" será paciente, esperará que as velhas raposas instaladas, larguem as peles e então farão nascer um mundo novo.
Só espero que nessa altura saibam renunciar ao capitalismo e não cedam à vanidade do ter, só pelo ter.
Se ainda houver mundo, nessa altura...
Ó nós nem temos coragem de lhes atirar com um ovinho, ou um tomatinho!
Realmente somos muito pindéricos, ao menos os gregos ainda atiram uns cocktails molotov... eu, o máximo que consegui foi irritar uma senhora no autocarro, porque tive um ataque de riso ao ouvi-la criticar a canção que ganhou o festival. A senhora ficou muito perturbada, mas o que é que eu podia fazer se me deu para rir desalmadamente? E quanto mais a coitada se irritava mais eu me ria... ainda bem que saí 2 paragens a seguir, senão tinha levado uma sapatada daquelas.
Caros Comentadores
Confesso que não me atrevi a interromper os diálogos que se sucederam sobre as várias interessantes e pertinentes reflexões que o meu post suscitou.
Estamos realmente à "rasca". Não gosto do termo, mas simboliza bem a situação em que nos encontramos. Temos muitas gerações à rasca, muitas classes sociais à rasca, temos gente de todas as profissões e idades à rasca.
Somos conhecidos por sermos desenrescados. Em demasia, ignorando que a construção de um bem estar duradouro não se consegue à custa de "saídas" efémeras.
No fundo estamos à rasca porque, embora a situação do país seja desesperante em todos os domínios, sabemos que não andámos bem, fizemos muitas asneiras e não soubemos cuidar de nós, tudo a desfavor da confiança. O grande problema é a falta de confiança.
Uma palavra especial para a nossa Cara Anthrax que regressou em grande, cheia de energia. Gostei muito de a voltar a ver, Cara Anthrax.
É verdade, caro Paulo, comungamos das mesmas impressões, excepto naquilo que refere no penúltimo parágrafo. Em minha opinião, continuamos no impasse relativamente ao trabalho. Se antes o trabalhador se encontrava na situação de empalado no tripalium, porque era mal pago e não tinha qualquer tipo de protecção. Hoje encontra-se pior, pois além de continuar a não ter protecção, também não tem trabalho.
;)
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