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quarta-feira, 29 de junho de 2016

Também as negligências administrativas...

Se houve ou não negligência médica ficou por apurar. O facto em si chama a atenção pela negligência que revela.
Que nome se pode dar a uma situação em que um inquérito instaurado pelo ministério público aguarda um parecer de peritos há um ano e meio? Parece que o trabalho é muito.
Como não há fome que não dê em fartura, subitamente quatro autoridades decidiram interessar-se pelo caso. Até agora ficaram de braços cruzados. Já lá vão três anos sobre a morte da jovem Sara. Decidiram agora abrir inquéritos ao que se passou com o acompanhamento hospitalar da jovem que acabaria por morrer de um tumor no cérebro nunca antes diagnosticado apesar de ter dado entrada nas urgências por onze vezes. A autópsia ditou a causa de tanto sofrimento. O diagnóstico era sempre o mesmo, ansiedade. 
Não fora o ministro da saúde, que teve conhecimento do caso pela comunicação social, ter dado ordem para a IGAS investigar o caso e com toda a probabilidade o caso não veria qualquer luz do dia. Como podem casos desta gravidade estarem dependentes da comunicação social (neste caso prestou um serviço público) e das ordens de ministros da saúde para serem diligentemente tratados pelas autoridades? Não é aceitável. 
Seria bom inspeccionar, também, o mau funcionamento das máquinas administrativas, o que andam tantas entidades a fazer ou a não fazer ao mesmo tempo, e retirar as devidas consequências. 
Casos como este são revoltantes. Uma morte assim, não se apuram responsabilidades, abrem-se ou não se abrem inquéritos mas nada mais acontece. A falta de responsáveis já é um lugar comum, não surpreende, quando é conveniente surge uma explicação inexplicável para o sucedido. Um país  civilizado não pode proceder desta maneira. 

segunda-feira, 27 de junho de 2016

Importam-se de repetir?

Uma das notícias mais curiosas de hoje é a que dá conta de que o site mais procurado no RU no dia seguinte ao referendo foi " O que é a Europa?". No dia seguinte, note-se, e ao fim de três anos com o tema em cima da mesa.  Também noticiam hoje que mais de 1 milhão de ingleses estão arrependidos de terem votado Exit, que há uma petição de mais de 3 milhões de pessoas a querer repetir o referendo e, por fim, que os políticos que encabeçaram a campanha pela "independência" do RU não fazem a menor ideia do que se vai seguir para cumprir o mandato popular.
Tudo isto é extraordinário e diz muito do modo como as pessoas dão hoje por adquirido que podem votar por raiva, por "contra" ou por qualquer razão irreverente, porque afinal confiam que a maioria irá decidir sensatamente e prevalecer sobre os ímpetos dos desenfiados. Também é difícil de acreditar que se possa conduzir uma campanha desta natureza sem que tenha sido exigido pelos cidadãos que se explicasse muito explicadinho o que decorreria muito provavelmente de cada uma das opções.
Talvez este referendo tenha pelo menos o mérito de relembrar aos cidadãos das democracias que, afinal, o poder está mesmo no voto de cada um, e é para levar a sério.

E eu que em matéria de absurdo julguei ter visto tudo...


Não garanto o que me garantem, isto é, que este papel não é uma montagem, é o facsimile de um despacho do presidente da CM de Sintra. Se não se tratar de coisa fabricada e sem graça, prova-se então, uma vez mais, que o problema essencial no momento que o País atravessa, está na fina pelicula que separa a ação política da elementar sensatez. Tão facilmente que ela se rompe...

Clique na imagem para ampliar.

domingo, 26 de junho de 2016

Sai um referendo fresquinho!

Eu até já estava a ficar com complexos de pertencer a um pais de moles, de molengas, então não havia gato sapato que não estivesse já na fila para ameaçar referendos e nós, com tantas razões de queixa, nós, com a espada das sanções em cima da cabeça, nós, nada? Uf, eis que a grande timoneira  Catarina Martins,  consagrada líder indiscutível do glorioso BE, veio lavar a honra nacional, ai deles que se lembrem de nos provocar, levam com um referendo e pronto, fica o caso resolvido.
Ainda pensei que algum jornalista mais embirrante se lembrasse de perguntar o que proporia a timoneira para o Portugal Liberto das Grilhetas da Europa, mas felizmente isso não aconteceu, a estratégia funcionou bem e logo se seguiram as perguntas emocionadas aos ministros, ao Presidente da República e talvez a mais alguém em que já não reparei, haverá referendo, não haverá, o que pensa  desta proposta? 
Está portanto garantido, agora já apanhámos o comboio referendário, está salva a honra da Pátria. E, se a Europa pensa que não é a sério é porque não ouviu, como devia, a Convenção do BE, onde também se garantiu que o projeto do BE é " sério" e que " querem ser governo". 
Aposto que amanhã esta novidade caseira vai ofuscar as eleições em Espanha...

Abaixo a matutinidade. Viva a vespertinidade!...

Pois é, a "matutinidade" das provas de exame está em contradição com aquilo que é a tendência da puberdade de adormecer e acordar tarde, é o que diz uma investigadora da Universidade de Aveiro, psicóloga e especialista em sono. Como tal, e face à investigação efectuada, a ilustre investigadora sustenta que o ideal seria marcar os exames para as três da tarde...
Acho que uma investigadora especialista em sono não podia ter mesmo outra opinião. E eu até começo a concordar. Isto de começar a ter aulas e a tabalhar antes das 3 da tarde é mais um reflexo das ideias neo-liberais que vêm formatando as mentalidades e as políticas. Pior que escravatura.
Assim, em oposto à matutinidade, temos que apostar na vespertinidade. Poderemos dormir bem descansadinhos toda a manhã. E os resultados dos exames melhorarão em flecha. E a produtividade do trabalho fica resolvida. 
Não há mesmo como seguir as investigações dos especialistas em sono. Bom, por mim, já começo a fechar o olho...

sábado, 25 de junho de 2016

A reversão já começou...

Cameron, demite-se...
Corbyn, provavelmente vai ser demitido...
Deputados a favor da saída, pedem a Cameron para ficar...
Escócia, quer sair do Reino Unido, para entrar na UE...
Irlanda do Norte, quer referendo para unificação com a do Sul e permanecer na UE..
Londres, promove petição já com 150,000 assinaturas (o mínimo é 100,000) para o Parlamento discutir a saída da cidade do UK ou ter estatuto autónomo...
Inglaterra,1.500.00 assinaturas, para repetir o referendo, com novas regras (mínimo 75% de votantes para ser vinculativo e de 60% para saír)...
E andam por aí uns partidos, investigadores, comentadores, analistas, professores a explicar a causa das coisas e a culpar a UE por todos os males deste mundo. Comentadores da mula ruça...
(recebido de um amigo meu...)

sexta-feira, 24 de junho de 2016

O cuco Centeno

O cuco não trabalha para fazer o seu ninho; procura o ninho de outra ave e, quando esta se afasta, coloca o seu ovo, retirando um dos que lá se encontram. Como a cria do cuco é a primeira a nascer, a mãe ave não nota que é diferente e alimenta-a como se fosse sua. Então, o cuquinho lança os ovos da outra espécie para fora para se livrar da concorrência e ser o único a receber comida. 
Acabo de ouvir Centeno na televisão a anunciar e a vangloriar-se de que as contas do 1º Trimestre de 2016 apresentavam o menor défice de há 8 anos a esta parte, 3,2% do PIB. 
Pois, acontece que no 1º Trimestre de 2016 vigorou o regime de duodécimos, com base no orçamento do governo anterior. 
Ele há cada cuco!...  

Não sei se vá se fique


Acordámos hoje com a grande emoção da decisão dos cidadãos britânicos de sair da União Europeia, 52% versus 48%. Vieram logo as notícias em catadupa, os mercados a descer a pique, ai ai o valor da libra, o Banco central inglês a dizer que “fará o que for preciso” (onde é que já ouvimos isto?) para amparar este movimento brusco, até que tudo se acalme. Já chovem as garantias aos imigrantes, afinal tão importantes na economia, imagine-se.
Já todos aprendemos por esta altura que, em política, são muito  raros os movimentos telúricos capazes de mudar de imediato o estado das coisas tal como convêm ou, se quiserem, tal como sabemos lidar com eles.
Quando se tratou de referendar a então chamada Constituição europeia, condição sem a qual tudo se desmoronaria, os desmancha prazeres dos holandeses votaram não. Aconteceu alguma coisa de terrível? Mudou o discurso europeu? 
Quando a Grécia, pressionada para sair do Euro, ou da UE, ou do que fosse, promoveu um referendum “sim ou não” às medidas de austeridade imprescindíveis para continuar a ser financiada, votou “não”. À grande comoção do “e agora?”  seguiu-se o trabalho de bastidor de modo a compor tudo, a Grécia aceitou a agenda, ao menos formalmente, a Europa achou que os tinha metido na ordem, e nunca mais se falou do assunto. E, já agora, recomeçaram as negociações para a Turquia entrar na UE, tinha graça que a Turquia entrasse e a Grécia saisse, não tinha? Já viram o mapa da região?
O Reino Unido estava na UE ou não? Estava, formalmente. Mas, na prática,negociou um estatuto de “excepção” ou seja, estava assim assim, para o que desse jeito caso a caso, e a Europa que pensasse duas vezes com exigências futuras porque, senão, lá se partia o fiozinho. Passada esta emoção, a engrenagem funcionará, os acordos já estavam feitos, o RU ficava, saindo e agora sairá, ficando. Entretanto, todos terão tempo para ajustar o que tiver que ser ajustado, no interesse de todos. Não sabemos como? Mas já antes não sabíamos, o que é hoje um país sozinho, uma Ilha, a dar-se ao luxo de destruir as suas pontes?
Chegados aqui, incluindo o tão falado acordo transatlântico que obrigará a Europa a engolir boa parte do seu esmero regulamentar que o RU tanto contesta, afinal o que está a Europa a defender, o que mudaria se o RU tivesse votado 52% sim e 48% não?

Manda a prudência que não se façam perguntas quando não se está preparado para as respostas, parece que Cameron não sabia disso, mas quem lhe suceder tratará de proteger o RU da resposta. E a EU também.

BREXIT, the day after...

A Europa enfrenta três grandes problemas, a bem dizer crises: do Euro, dos Refugiados e da Segurança.  Problemas a que a Europa não está a conseguir dar uma resposta satisfatória. A crise é política.

O BREXIT vencedor vai, na minha perspectiva, aumentar a já de si elevada incerteza sobre o futuro da Europa, a incerteza política vai-se acentuar e deixar a Europa ainda mais fragilizada. Tudo o que a Europa não precisa. A ameaça ou a certeza de referendos sobre a permanência na União Europeia de países insuspeitos ou que aguardavam para ver o resultado do referendo britânico vai conduzir a Europa a tempos muito difíceis e de resultados imprevisíveis.
A demagogia e o aproveitamento políticos e os interesses partidários e políticos regionais ganharão força, tirando partido do descontentamento das populações e utilizando argumentos que não têm que necessariamente coincidir com os problemas que efectivamente preocupam os europeus.
Não sou capaz de prever o que poderá suceder. Há muito tempo que falta à Europa um desígnio que mobilize os seus cidadãos, um projecto em que acreditem, que lhes mereça confiança apesar das dificuldades. Falta liderança política. A crise de confiança, juntamente com a crise económica, está a erodir o projecto da Europa que nos trouxe esperança, paz e prosperidade. E agora? É agora que iremos redundar a Europa?

quinta-feira, 23 de junho de 2016

E o alucinado sou eu?

Concorde-se ou não com o Inquérito Parlamentar à Caixa Geral de Depósitos, verdadeiramente alucinante é o facto de Ferro Rodrigues ter pedido um parecer à Procuradoria Geral da República sobre a aceitação de tal Inquérito. Não podendo deixar de aceitar o Inquérito potestativo, Ferro não hesita em submeter o poder soberano ao parecer técnico de um órgão sem quaisquer poderes constitucionais. Sendo um experimentado burocrata, Ferro sabe que da burocracia algum proveito pessoal pode tirar, o de atirar para as costas do procurador de serviço a responsabilidade que ao Presidente da AR competia.
Bom, há alucinados nestas alucinantes decisões ou o alucinado sou eu?
PS: Por mim, o burocrata-procurador não eleito chamado a dar o parecer devia ser já empossado como Presidente do Parlamento. Poupava-se um ordenado...

quarta-feira, 22 de junho de 2016

Sem remédio

O senhor ministro da cultura quis fazer-se existente e veio anunciar um novo estatuto jurídico para o Museu Nacional de Arte Antiga. Nem mais nem menos do que o modelo empresarial, o figurino da empresa pública, portanto.
Portugal vem assistindo a empresas públicas que se transformaram rapidamente em museus. Já o processo inverso é uma incrível criação que só mesmo a necessidade de fazer prova de vida política porventura explicará.
Receio, porém, que esta ameaça do senhor ministro seja para levar a sério e que encontre eco no oco que prolifera na situação. E que no entusiasmo da criação o modelo seja até estendido aos outros museus como admitiu o governante.

Uma prova mais de que não aprendemos nada com os erros do passado...

terça-feira, 21 de junho de 2016

Chapeau!

"O receio de esclarecer os portugueses, para “não minar a confiança”, como se a actividade bancária fosse o Projecto Manhattan, é o colchão em que o “eles são todos iguais” gosta de se deitar. Se são todos, então não é ninguém. Isso é inaceitável em democracia – é uma fuga ao escrutínio e à prestação de contas. Os políticos e os banqueiros não são crianças inimputáveis. De uma vez por todas: sim, há responsáveis. E não, não são todos iguais". - João Miguel Tavares | Publico | 21/06/2016

segunda-feira, 20 de junho de 2016

A inversão da pirâmide...

Fonte: INE
Deixo aqui mais estes indicadores publicados a semana passada pelo INE. Não são novidade. São tão recorrentes que quase passam despercebidos. Andamos entretidos e preocupados com outras coisas. 
Não são estatísticas, reflectem a situação real da evolução da nossa população. Caminhamos, desde há muito, para uma situação de insustentabilidade demográfica. E a economia não está imune a este caminho “silencioso”. Este é, a par de outros, um problema grave que assola muitos outros países. Portugal não é um caso isolado, mas ao contrário de muitos desses países pouco ou nada fez para inverter ou minorar a queda das taxas de natalidade e não transformou a sua economia. 
As projecções que existem apontam para um crescimento da produtividade que não será suficiente para neutralizar o declínio demográfico. Tendemos a não pensar ou decidir sobre o futuro longínquo. Mas o futuro já chegou, os sinais têm estado à nossa frente já lá vão décadas…
No meio dos indicadores negativos, surge a boa notícia. A esperança de vida continua a aumentar. Vamos viver mais tempo!
E os indicadores são:
Em 2015 perdemos 33.492 habitantes.
A base da pirâmide está a estreitar-se e o topo a alargar-se: entre 2005 e 2015 o número de pessoas com mais de 65 anos aumentou 316.188, o número de jovens diminuiu 208.148 e o número de pessoas em idade activa reduziu-se 278.698.
A idade média da população passou de 40,6 anos para 43,7 anos.
Quanto ao índice de envelhecimento, em 2005 por cada 100 jovens residiam em Portugal 109 idosos, passados dez anos o rácio é agora de 147 idosos por cada 100 jovens.
A esperança média de vida continua a subir, no triénio 2003-2005 era de 77,72 anos, tendo aumentado para 80,41 anos no triénio 2013-2015.

domingo, 19 de junho de 2016

Viva o descanso!...

Fizemos um excelente jogo, a equipa está de parabéns. Agora precisamos de descansar...
William de Carvalho, jogador da selecção de futebol, após o empate com a Áustria para o Europeu  
Eu já desconfiava, mas agora ficou tudo explicado. Viva o descanso!...

sábado, 18 de junho de 2016

Irritantissimo

Agora é a Austria a não reconhecer a nossa evidente superioridade. Esta teimosia começa a ser irritante!  

Indicador da economia no vermelho.

O indicador de atividade económica, que vinha abrandando nos últimos meses, atingiu pela primeira vez, desde agosto de 2013, um valor negativo, de acordo com os dados do Banco de Portugal.
Nada de admirar. Obviamente que, face à política geringôncia, a evolução só podia ser para o vermelho. Aliás, a cor da geringonça. 

quarta-feira, 15 de junho de 2016

Geringonça e competitividade, a quadratura do círculo

"Passando a depender do apoio da extrema-esquerda, o novo governo deixou de ter como objetivo prioritário a competitividade das empresas... 
...Todavia, foram os empresários...dos setores dos bens transacionáveis que se fizeram à luta e que com imaginação, dedicação e imenso trabalho foram capazes em 2012, 2013, 2014 e 2015 de aumentar as exportações, substituir as importações e em três anos consecutivos, e pela primeira vez em 70 anos, Portugal conseguiu ter um excedente nas suas contas exteriores. E, com esse esforço notável a percentagem das exportações no PIB subiu nesse período de 28 para 43%, o que proporcionou o recrutamento de mais colaboradores e com isso a estabilização e depois o aumento do emprego, que constitui a maior base da coesão social... 
...E, subitamente no outono passado, eis que inesperadamente a geringonça chegou ao poder.
 Passando a depender do apoio da extrema esquerda, o novo governo deixou de ter como objetivo prioritário a competitividade das empresas, visto que considera que se pode promover o crescimento, o investimento e o emprego, sem defender as bases que permitem a capitalização auto-sustentada das empresas..."
Clemente Pedro Nunes, Professor Catedrático (IST) e Empresário,  no jornal i. Vale a pena ler o artigo na totalidade. Deixa-se o respectivo link  

Ser otimista

O otimismo como filosofia de vida torna, efetivamente, mais leve a existência em tempo de dificuldades e desolações. Percebo a razão pela qual as figuras cimeiras do Estado apelam ao otimismo geral.
Ontem, em reação à exibição pouco convincente e ao resultado  preocupante da seleção nacional portuguesa frente à sua adversária islandesa, o senhor PM, de sorriso franco contrastando com a desilusão dos circunstantes, dizia que um ponto já cá canta e que tudo correrá pelo melhor daqui para a frente. É o justificado otimismo de quem vive a experiência que prova que, mesmo perdendo, se pode passar à frente dos que ganham no campo...
Espero bem que os tais "melhores do mundo" não se deixem contagiar por este otimismo e sejam mais exigentes que o nosso PM. E que confirmem no relvado o estatuto de vedetas que as elites cedo lhes atribuíram. 

segunda-feira, 13 de junho de 2016

Um inimigo chamado tempo...

…Infelizmente, não é possível para já na Educação, e vai demorar tempo na Segurança Social…” Sim, vai levar tempo. Uma constatação a partir da evidência do passado e do presente. O tempo vai passando, as gerações vão-se sucedendo, os problemas estão a crescer e a solução política alargada e duradoura tarda em aparecer. Em matéria de Segurança Social, ao contrário de outras, a passagem do tempo não ajuda a resolver os problemas e a antecipar caminhos e soluções. 
Há um pecado original que impede uma solução política (um entendimento) que corresponda a um projecto e uma visão global para a segurança social. Uma solução política que tenha uma base de representação social alargada. 
O pecado original é a falta de um diagnóstico credível e independente das contas da segurança social. A falta deste diagnóstico radica na falta de transparência. Não é possível, nem admissível, que as divergências políticas assentem neste vazio. Não é uma discussão séria. Não é credível, está, à partida, viciada. Não se pode esperar nada de bom.
Parece ser, portanto, uma prioridade que o diagnóstico seja feito, que seja aceite e, então, sim poderemos discutir politicamente o assunto de forma transparente, com as medidas, os argumentos e as projecções em cima da mesa. Numa matéria tão delicada como é a Segurança Social e, em particular, o sistema de pensões, as soluções que uns e outros defendem e criticam - à direita e à esquerda, no governo e na oposição, na concertação social ou fora dela -  têm que ser compreendidas por todas as gerações em presença. 
A falta de transparência virou-se contra o sistema de pensões. As pessoas não acreditam nele e sem confiança as mudanças, ainda que necessárias, são muito difíceis de fazer. O leque de soluções tende a estreitar-se. As pessoas - os pensionistas e as novas gerações - sentem-se inseguras. Quanto mais tempo vai demorar?

domingo, 12 de junho de 2016

O fabuloso logro da geringonça

Metas para 2016 do PS (Programa dos Economistas), com vista às eleições de 2015: 
-investimento: 7,8%
-exportações: 5,9%
-consumo privado: 2%
- PIB: 2,4%
Metas para 2016 do Orçamento de Estado (governo da geringonça):
-investimento: 4,9%
-exportações: 4,3%
-consumo privado: 2,4%
- PIB: 1,8%
Nem com as demagógicas metas do Programa dos Economistas, António Costa ganhou as eleições.
E com tais economistas no governo (que me lembre, três ministros, Centeno, Caldeira Cabral e Vieira da Silva) ou como deputados (Galamba e Paulo Trigo Pereira), logo teve que alterar as metas, o que prova a intrujice inicial das mesmas. 
E já neste mês o Banco de Portugal perspectiva assim:    
-investimento: 0,1%-compare-se com os 7,8% dos ditos Economistas
-exportações: 1,6%-compare-se com os 5,9% dos Economistas ditos
-consumo privado: 2,1%
- PIB: 1,3%-compare-se com os 2,4% dos Economistas, ministros e deputados 
Claro que para a geringonça tudo vai bem. Se o poder pelo poder era o objectivo...

sexta-feira, 10 de junho de 2016

Por enquanto...tudo vai bem!...

Diariamente a geringonça recebe avisos de que a política prosseguida só pode levar a novo desastre. O último veio do Banco de Portugal: pode ter de haver mais austeridade
A geringonça responde que tudo vai bem. Por enquanto...  

quarta-feira, 8 de junho de 2016

Vícios privados...dinheiros públicos

Pois é, Mário Soares. A Fundação Mário Soares, um luxo de ex-Presidente para continuar a afagar o ego, subsiste mediante o financiamento público: 685.000 euros em 2014 e 548.000 euros em 2015. Para não chocar muito, dividido por vários ministérios, dos quais o do planeamento, com 299.000 euros, e o ministério da educação, com 150.000 euros.O ministério da cultura também contribuiu. 
Além destes subsídios directos, em 2014 ainda contribuíram o Instituto Camões, e a Fundação para as Ciências e Tecnologia, que secaram a fonte em 2015.
Para além disto tudo, ainda recebeu contribuições camarárias de 60.000 euros, 20.000 de Lisboa e 40.000 de Leiria. E, ao abrigo do mecenato, foi provida de vários donativos (Octafharma, Dynamicspharma, Lalanda de Castro, Fundação Ilídio Pinho, Novo Banco,etc, com as consequentes perdas de receita fiscal.
No fim, a Fundação apresentou prejuízos de 210.000 euros, duplicando os de 103.000 euros de 2014.  
Bom, ficamos a saber que dinheiro de sobra têm vários ministérios e departamentos do estado, ao  ponto de financiarem luxos privados com dinheiros públicos. 
Ai, se fosse outro ex-Presidente...De facto, está provado, as esquerdas lavam mais branco.  

terça-feira, 7 de junho de 2016

Investimento americano, investimento aos molhos

Mário Centeno, em Nova York, pediu mais investimento americano em Portugal: excelentes infraestruturas físicas, telecomunicações modernas, recursos humanos muito qualificados (aqui, em contra-círculo ao que a geringonça internamente propala...) justificam a vinda.
Teve, no entanto, uma falha muito grave: é que se esqueceu de mencionar o carinho com que os seus "parceiros" no governo, Bloco e Partido Comunista tratam o capitalismo monopolista explorador, nomeadamente o americano, e o enlevo que mostram quando se referem aos Estados Unidos...
Não fora isso, e seria investimento americano aos molhos!...

segunda-feira, 6 de junho de 2016

Injustiça nas críticas ao Partido Socialista

Não me revejo nas críticas e análises que censuram o PS por consagrar o seu congresso à celebração dos êxitos (reais ou virtuais) da geringonça e por elogiar os seus parceiros à esquerda. Penso até que se deve louvar a facilidade, diria mesmo a naturalidade com que o PS se disponibilizou para a mudança na sua orientação política tradicional, mudança que os dirigentes socialistas mais destacados esperam que contribua, como li hoje, para que a geringonça vá além desta legislatura. É justo reconhecer que, mantendo-se o PCP igual a si próprio e o BE coerente com os seus objetivos políticos, foi o PS que se aproximou destas forças, abandonando algumas bandeiras e ajudando a erguer as do PCP e do BE. O exemplo mais acabado é o distanciamento do Tratado Orçamental que o PS votou e que o "destacado dirigente social-democrata" Pacheco Pereira convida a rasgar no meio do gáudio e ruidoso aplauso do conclave socialista. Não seria difícil encontrar, ao longo da ainda curta existência da frente de esquerda, outras evidências deste bem sucedido novo rumo.
Faça-se, pois, a justiça de aceitar que o PS, porventura regressado à sua matriz constitutiva, está acompanhado por quem deve estar nesta cruzada de destruir a imagem que ao longo de décadas de si criou. E está-o com inegável sucesso.

quarta-feira, 1 de junho de 2016

Meter a cabeça na areia, para não ouvir, nem ver

Depois dos continuados avisos do Conselho das Finanças Públicas, depois das repetidas chamadas de atenção da UTAO, Unidade Técnica de Apoio Orçamental, depois dos sucessivos alertas do Banco de Portugal, depois das contínuas prevenções da União Europeia e do Banco Central Europeu, é agora, e mais uma vez, a OCDE a dizer que as opções políticas e económicas do governo só podem trazer mais défice, mais dívida, menos investimento, menor crescimento e, assim, mais desemprego.
Perante a situação, o 1º Ministro não arrepia caminho.  O que não admira, pois há muito que enterrou a cabeça na areia. Não ouve, nem vê que marcha a destempo e com passo errado.
 

Não, a crise que vivemos não é essencialmente material.

Os assuntos da economia e das finanças dominam este como outros espaços de opinião. Mas não é aqui nova a perspetiva de a  nossa crise não ser uma crise de escassez ou de perda de condições materiais de vida. Tendemos, é certo, a sacrificar quase tudo à materialidade, esquecendo que a felicidade deve muito a valores que não estão no mercado. Não se vendem, não se compram, cultivam-se, adotam-se, fazem ou não parte da humanidade em função das vontades coletivas em cada momento da História.
Porque tenho consciência que poucos valores fundamentais são intemporais, tenho procurado fazer um esforço para fugir ao tremendismo tão na moda. E por isso sinto um certo desconforto ao reler-me quando não resisto a exprimir o meu pessimismo sobre o tempo de crise profunda de valores que vivemos, de acordo com uma visão naturalmente forjada pela educação que recebi. Visão parcial e subjetiva de uma crise que a meus olhos atinge em especial as elites, aquelas que influenciam as decisões de largo espetro, as que se refletem intensamente na vida das pessoas e que têm, na sociedade fortemente mediatizada que vivemos, um efeitos arrastador.
Correndo o risco de me chegar cada vez mais perto da figura do Velho do Restelo, não me coibo, porém, de partilhar a opinião sobre um tema que me inquieta muito. Aqueles palcos onde todos aplaudem o que não resiste a uma sereno juízo feito pela razão e não pela emoção, aí onde medra o politica e o socialmente correto, vem sendo colocada a questão do deficite de proteção devida aos animais. Por cá, o ordenamento jurídico vai acolhendo a ideologia que professa que animais e pessoas devem ser sujeitos de Direito, igualando no gozo de direitos todos os seres sencientes, esquecendo que não se pode impor aos animais deveres de conduta que correspondam a correlativos dos direitos reconhecidos. Vou-me, perante os exageros, confortando com a ideia de que existem leis que não são produto da vontade de parlamentares e governantes. As leis da natureza, essas, não cedem à irracionalidade dos homens e vão, elas sim, comandando contra a vontade irrealista do legislador...
Mas é também notório que se vai perdendo a noção da hierarquia dos valores. Um último exemplo disso é a reação  ao episódio passado no Cincinnati Zoo. Um gorila foi abatido depois de uma criança de 4 anos ter caído ao fosso e ter sido arrastada pelo animal. Ergueu-se uma onda de indignação e censura contra o responsável do zoo que tomou a decisão de trocar a vida do animal pela vida ameaçada de uma criança, naquela circunstância absolutamente indefesa. Dizem uns que a situação permitia usar de meios que evitassem a morte do animal. Os mais brandos nos protestos opinam que a situação era dilemática, deixando no ar a suspeita de a decisão de eliminar o gorila ter sido precipitada por não haver certeza que o instinto não fosse protetor em vez de assassino. Fico arrepiado perante a quantidade de gente que não percebe que a certeza poderia custar a morte de uma criança! As censuras dirigidas por alguns lideres de opinião ao responsável pelo zoo provam, pois, como andam desgraçadamente baralhadas as mentes desta novel inteletualidade. O princípio da precaução, se tem aplicação sem limites, é exatamente na situação em que possa estar em risco a vida humana. E naquele caso seria criminoso, por mais dócil que julgasse ser o animal, não afastar a hipótese de a criança ser gravemente molestada ou mesmo morta. A hesitação perante a hierarquia dos valores em presença, essa sim, poderia ser caso de negligência criminosa, sem perdão nem arrependimento.