tag:blogger.com,1999:blog-8810054.post4301688850545419962..comments2023-11-02T09:23:23.821+00:00Comments on 4R - Quarta República: Era uma vez um governante que quis mostrar que existe...Pinho Cardãohttp://www.blogger.com/profile/06299521140721928195noreply@blogger.comBlogger1125tag:blogger.com,1999:blog-8810054.post-74207256100906696802017-09-16T11:45:25.172+01:002017-09-16T11:45:25.172+01:00
Caríssimo António,
Antes de comentar quero congr...<br />Caríssimo António,<br /><br />Antes de comentar quero congratular-me com a tua reaparição aqui no 4R de onde, a pouco e pouco, se ausentaram os outros autores e, consequentemente, os comentadores. Espero, sinceramente, que reapareçam. <br />Ou vivemos agora no país do dr. Pangloss?<br /><br />Quanto ao tema deste teu apontamento ocorre-me o que já anotei no meu bloco de notas sobre o assunto.<br /><br />1 - É incontroverso que o futebol, enquanto fenómeno de excepcional excitação popular, é, de longe, muito mais mobilizador das apetências dos portugueses que os problemas da governação, central ou local, do país.<br />Desta concorrência resulta, necessariamente, o decréscimo da participação eleitoral se houver eleições em dias de jogos. Será esse decréscimo relevante para os resultados finais?<br /><br />2 - Parece que não.<br />Muitos correlacionam democracia com participação eleitoral e, inversamente, <br />menos democracia com aumento de abstenção eleitoral.<br />Sabemos que não é assim.<br />As participações eleitorais mais elevadas observam-se geralmente em regimes <br />não democráticos ou de menoridade democrática. Por outro lado, em democracias maduras, a abstenção é geralmente elevada, aproximando-se não raramente dos 50%. <br /><br />3 - O voto é um direito não é uma obrigação. A abstenção é, implicitamente, um direito, o direito de não votar, e não uma falha cívica.<br />A imposição de voto, legal ou dissimulada, é uma afronta aos direitos dos cidadãos.<br />Se um cidadão prefere ausentar-se da sua área de residência, onde é suposto poder (não, dever) votar, para assistir a um jogo de futebol, ou outra actividade qualquer, ninguém pode negar-lhe esse direito ou sequer recriminar a sua abstenção eleitoral.<br />Inversamente, a participação forçada, por qualquer meio, ainda que subtil,<br />constitui uma denegação desse direito.<br />Ocorre-me, a este propósito, o transporte de pessoas debilitadas para as assembleias de voto, transformadas em eleitores geralmente inconscientes do<br />sentido do voto que previamente lhes indicaram.<br /><br />4 - Nos EUA e no Reino Unido as eleições são realizadas em dias de trabalho e não existem incentivos (dispensa de trabalho, p.e.) para votar.<br />Vota quem quer votar, quem está (ou pensa que está) consciente das consequências do seu voto. A abstenção é geralmente elevada mas não é assunto que classifique o nível democrático.<br /><br />5 - Tem o nível de abstenção influência nos resultados finais?<br />Em democracias maduras, não.<br />É facilmente demonstrável que, estatisticamente, uma amostra de 50% é mais <br />do que suficientemente representativa do conjunto total de eleitores.<br />Se todos votassem os resultados corresponderiam ao padrão votante. <br />É verdade que por um voto se ganha e por um voto se perde, a democracia determinada pelo voto popular não é um sistema perfeito mas, como dizia o outro, é o pior regime com excepção de todos os outros. <br /><br />6 - Resumindo: O futebol (como a missa ...) influencia a participação eleitoral? Sim.<br />Daí resulta um enviesamento da genuinidade dos resultados? Não.<br /><br />Salvo melhor opinião.Rui Fonsecahttps://www.blogger.com/profile/08397131915380792421noreply@blogger.com