tag:blogger.com,1999:blog-8810054.post7121679250210947142..comments2023-11-02T09:23:23.821+00:00Comments on 4R - Quarta República: CapãoPinho Cardãohttp://www.blogger.com/profile/06299521140721928195noreply@blogger.comBlogger1125tag:blogger.com,1999:blog-8810054.post-19360792163345062472014-12-15T17:00:01.393+00:002014-12-15T17:00:01.393+00:00Tirando a parte gastronómica acerca da qual não me...Tirando a parte gastronómica acerca da qual não me posso (ainda) pronunciar, este texto fez-me pensar nos eunucos que serviam nos haréns moçulmanos, repletos de belíssimas odalíscas, nos. Fez-me lembrar também os Almuadens que do alto dos minaretes, anunciavam aos fieis o início das orações. Estes homens eram escolhidos por ser cegos, ou então, cegavam-nos para que pudessem "assumir o cargo". Isto para que não pudessem, do alto dos minaretes observar a intimidade nas casas em redor.<br />Lembrou-me ainda o poema de José Carlos Ary dos Santos:<br /><br />POETA CASTRADO, NÃO!<br /><br /> Serei tudo o que disserem<br /> por inveja ou negação:<br /> cabeçudo dromedário<br /> fogueira de exibição<br /> teorema corolário<br /> poema de mão em mão<br /> lãzudo publicitário<br /> malabarista cabrão.<br /> Serei tudo o que disserem:<br /> Poeta castrado não!<br /><br /> Os que entendem como eu<br /> as linhas com que me escrevo<br /> reconhecem o que é seu<br /> em tudo quanto lhes devo:<br /> ternura como já disse<br /> sempre que faço um poema;<br /> saudade que se partisse<br /> me alagaria de pena;<br /> e também uma alegria<br /> uma coragem serena<br /> em renegar a poesia<br /> quando ela nos envenena.<br /><br /> Os que entendem como eu<br /> a força que tem um verso<br /> reconhecem o que é seu<br /> quando lhes mostro o reverso:<br /><br /> Da fome já se não fala<br />‑ é tão vulgar que nos cansa<br /> mas que dizer de uma bala<br /> num esqueleto de criança?<br /><br /> Do frio não reza a história<br />‑ a morte é branda e letal –<br />mas que dizer da memória<br /> de uma bomba de napalm?<br /> E o resto que pode ser<br /> o poema dia a dia?<br />‑ Um bisturi a crescer<br /> nas coxas de uma judia;<br /> um filho que vai nascer<br /> parido por asfixia?!<br />‑ Ah não me venham dizer<br /> que é fonética a poesia!<br /><br /> Serei tudo o que disserem<br /> por temor ou negação:<br /> demagogo mau profeta<br /> falso médico ladrão<br /> prostituta proxeneta<br /> espoleta televisão.<br /> Serei tudo o que disserem:<br /> Poeta castrado não!Bartolomeuhttps://www.blogger.com/profile/08050771950264834903noreply@blogger.com