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domingo, 26 de dezembro de 2004

Exames e eleições

Não se conhecem ainda os programas eleitorais dos principais partidos, mas o tema dos exames parece animar o discurso político sobre educação. Não obstante o atraso na aprovação do regulamento de avaliação do ensino básico, o actual Governo esteve bem ao assumir a concretização de uma medida que reconhecidamente não é simpática. Colocou o regulamento a discussão pública – o que nada o obrigava – e mandou-o publicar com o respectivo despacho de aprovação.
As reacções não se fizeram esperar. CONFAP, FENPROF e dois ex-ministros da educação saltaram para o terreiro dos media e vociferaram com a indignação própria da época pré-eleitoral. Uns contestam a legitimidade do Governo em legislar sobre tal matéria, outros prometem banir tão insuportável medida, regressando aos bons velhos métodos do Guterrismo.
É tudo tão previsível e recorrente!
As duas organizações sempre se opuseram aos exames. Contestam a legitimidade da medida e fazem-se esquecidas do facto de os exames do 9.º ano terem sido aprovados por um Decreto-Lei de 2002, promulgado pelo Sr. Presidente da República. O que agora se aprova é a regulamentação prevista no referido Decreto.
Os dois ex-ministros prometem o regresso a um modelo de avaliação que estava há muito descredibilizado. Retomam a ideia das provas de aferição e do modelo de avaliação integrada das escolas cujo único resultado é gastar dinheiro sem qualquer efeito sobre a qualificação do ensino. Nada mais simpático e revelador de que dois anos e meio na oposição não lhes serviram de nada.
A cultura de facilitismo educativo aí está de novo, com a pujança discursiva alimentada pelo inebriante cheiro a poder. Eles não mudam. É algo que está inscrito no “código genético” das suas políticas.
Haverá alguém que ainda se ilude?

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