A dificuldade que alguns candidatos têm em fazer campanha eleitoral é uma realidade verificada por todos. Falta de à-vontade, uma sensação de vergonha por ter que contactar o povo, indo a feiras, aos locais de trabalho ou em plena rua. O desconforto é visível na forma como se esquivam ou tentam disfarçar a presença, buscando a protecção dentro de um quadrado de militantes e simpatizantes que constituem o exército habitual nestas andanças, em que a juventude e todo o arraial acessório de cores e sons dá um inusitado brilho e cor a pacatas povoações.
Começo a ter algum traquejo de campanhas eleitorais. Contraponho a admiração de alguns com o sentido cívico e o dever de cidadania que a democracia exige a cada um de nós. A par deste pormenor, a vivência é de facto extraordinária. Correr aldeias e povos, saltando de um casal para uma quinta, mergulhando num pinhal ou galgando uma vinha meio vindimada roubando uns cachos de uvas dá alma mesmo a quem não a tenha! Claro que o melhor de tudo é o contacto com as pessoas. A simpatia e a arte de bem receber são uma constante. Revêem-se velhos amigos, partilham-se opiniões, concorda-se nuns casos e discorda-se noutros. Mas a boa disposição está sempre presente. As pessoas que gostam deste contacto, mesmo que só de tempos a tempos sejam alvo de uma atenção directa, não desperdiçam a oportunidade para transmitir as suas preocupações, anseios e queixas. São os caminhos mal cuidados, os acessos intransitáveis, as condutas a rebentarem sistematicamente, os pontões a ameaçarem ruína, a falta de passeios, as baixadas inexistentes, os muros a caírem, as fontes sujas, a falta de parques de merenda, o difícil acesso aos centros de saúde, as escolas sem protecção para as crianças, as benesses feitas nas aldeias vizinhas versus o “esquecimento” da sua, a discriminação acintosa caso não sejam da cor do poder camarário, o que leva a um grave constrangimento político por influência dos caciques locais, são, entre outros, objectos de reivindicação e de criticas. São assuntos muito sérios e que devem ser resolvidos, porque deles dependem a vida e o bem-estar das populações.
Após a discussão – que muitas vezes é feita casa a casa, pessoa a pessoa – acabamos invariavelmente por ter de aceitar o convite de muitos para partilhar das suas ofertas – em que o deus Baco acaba por vingar. E, vai daí, lá temos que cumprir com um ritual de séculos. De qualquer modo, realço que a água começa a estar presente! Por razões óbvias, o “trabalho” é duro e longo, e, simultaneamente, o estúpido calor que se faz sentir nesta época do ano, exigem algum cuidado na hidratação e cuidados muito especiais no resto…
Ao fim de um longo dia de campanha, depois de termos palmilhado quilómetros e quilómetros (e, são muitos!) sentir os efeitos de um fim de tarde excepcional cheio da luminosidade outonal num corpo fatigado é uma graça. Mas, se aliarmos o calor das pessoas, aos aromas do vinho a fazer, que emanam das lojas e adegas das casas, ao forte odor do bagaço amontoado nas veredas, à brisa suave de um pobre riacho que teimosamente se mantém vivo e às emanações suaves da erva doce ao longo dos caminhos, o cansaço deixa de ser cansaço e transforma-se num bálsamo milagroso.
E há candidatos que têm dificuldade em fazer campanha!
Começo a ter algum traquejo de campanhas eleitorais. Contraponho a admiração de alguns com o sentido cívico e o dever de cidadania que a democracia exige a cada um de nós. A par deste pormenor, a vivência é de facto extraordinária. Correr aldeias e povos, saltando de um casal para uma quinta, mergulhando num pinhal ou galgando uma vinha meio vindimada roubando uns cachos de uvas dá alma mesmo a quem não a tenha! Claro que o melhor de tudo é o contacto com as pessoas. A simpatia e a arte de bem receber são uma constante. Revêem-se velhos amigos, partilham-se opiniões, concorda-se nuns casos e discorda-se noutros. Mas a boa disposição está sempre presente. As pessoas que gostam deste contacto, mesmo que só de tempos a tempos sejam alvo de uma atenção directa, não desperdiçam a oportunidade para transmitir as suas preocupações, anseios e queixas. São os caminhos mal cuidados, os acessos intransitáveis, as condutas a rebentarem sistematicamente, os pontões a ameaçarem ruína, a falta de passeios, as baixadas inexistentes, os muros a caírem, as fontes sujas, a falta de parques de merenda, o difícil acesso aos centros de saúde, as escolas sem protecção para as crianças, as benesses feitas nas aldeias vizinhas versus o “esquecimento” da sua, a discriminação acintosa caso não sejam da cor do poder camarário, o que leva a um grave constrangimento político por influência dos caciques locais, são, entre outros, objectos de reivindicação e de criticas. São assuntos muito sérios e que devem ser resolvidos, porque deles dependem a vida e o bem-estar das populações.
Após a discussão – que muitas vezes é feita casa a casa, pessoa a pessoa – acabamos invariavelmente por ter de aceitar o convite de muitos para partilhar das suas ofertas – em que o deus Baco acaba por vingar. E, vai daí, lá temos que cumprir com um ritual de séculos. De qualquer modo, realço que a água começa a estar presente! Por razões óbvias, o “trabalho” é duro e longo, e, simultaneamente, o estúpido calor que se faz sentir nesta época do ano, exigem algum cuidado na hidratação e cuidados muito especiais no resto…
Ao fim de um longo dia de campanha, depois de termos palmilhado quilómetros e quilómetros (e, são muitos!) sentir os efeitos de um fim de tarde excepcional cheio da luminosidade outonal num corpo fatigado é uma graça. Mas, se aliarmos o calor das pessoas, aos aromas do vinho a fazer, que emanam das lojas e adegas das casas, ao forte odor do bagaço amontoado nas veredas, à brisa suave de um pobre riacho que teimosamente se mantém vivo e às emanações suaves da erva doce ao longo dos caminhos, o cansaço deixa de ser cansaço e transforma-se num bálsamo milagroso.
E há candidatos que têm dificuldade em fazer campanha!
Professor Massano Cardoso, tirando um ou outro aspecto mais bucólico, a campanha em Loures subscreve inteiramente o seu post! Nas cidades e, pior ainda, nos subúrbios, encontram-se formas de vida tão difíceis que até temos vergonha de nos apresentarmos a falar de esperança e a responsabilizarmo-nos por isso. Daí o desconforto de que fala, a sensação de sermos intrusos e, sobretudo, o enorme desafio de sairmos do nosso meio, dos nossos conhecidos e entrar de peito feito porm undos em que não nos atrevíamos a entrar.Mas concordo consigo. Vale a pena.
ResponderEliminarSó lamento é que os políticos só se lembrem deste contacto humano quando necessitam de "caçar" uns votos. Desculpe a sinceridade, com todo o respeito.
ResponderEliminarCaro imar, isso não é bem assim, os políticos a sério não deixam de ter esses contactos. Mas, por um lado, não o fazem tão intensamente, até porque as pessoas não estão tão receptivas como nestas alturas; e, por outro, as televisões não o mostram. E, mesmo que assim não fosse, que o façam agora sempre é melhor que não chegarem a fazê-lo!
ResponderEliminarCara Imar
ResponderEliminarCompreendo o seu desabafo.Pessoalmente não ando à caça de votos. Ando à "caça" de eleitores pedindo-lhes que votem como desejarem, seja em que partido for. Não tenho qualquer problema. Claro que se votarem em mim fico muito satisfeito. É um sinal de confiança que eu tento sempre respeitar.
Meu Caro Professor, revejo-me no texto...e na fotografia.
ResponderEliminarTodavia, no meu caso, as vinhas eram mais baixas, como é característico das paisagens do meu Douro. E para conseguir chegar ao fim tive que enxotar Baco. De vez!
Espero que esta última semana de campanha tenha sido para os restantes candidatos da 4R, tão gratificante como o foi para mim.
Independentemente dos resutados eleitorais, aqui ou noutra sede, haveremos de trocar impressões sobre a experiência de cada um.