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segunda-feira, 3 de julho de 2006

Fora o árbitro!...


O último Conselho de Ministros, por proposta de Mariano Gago, decidiu extinguir o INETI, no âmbito da reforma dos Laboratórios do Estado, sendo as suas funções dispersas por vários outros organismos.
Nesse âmbito, o IPQ, Instituto Português da Qualidade irá absorver as capacidades de metrologia do INETI.
Todavia no PRACE, Programa de Reestruturação da Administração Central do Estado, recentemente aprovado, previa-se a situação inversa, isto é, a extinção do IPQ, com passagem das suas competências, em matéria das medidas-padrão, precisamente para o INETI.
Como noutros, neste desafio entre os poderes do INETI e do IPQ as forças ainda não assentaram, continuam a digladiar-se e o Árbitro a validar golos, ora de um, ora de outro.
Agora o IPQ empatou o jogo, assegurando mais um prolongamento.
Dada a similar tática de defesa das posições conquistadas, a equivalente técnica dos jogadores e a similar perícia em pressionar o árbitro, palpita-me que não haverá mais golos. Tudo continuará eternamente empatado!...
O árbitro deixará de apitar, os jogadores exercitar-se-ão nas caneladas, os espectadores deixarão de ver o jogo, mas continuarão obrigados a pagar o bilhete!...
Estou a sonhar ou a ver o jogo certo?

5 comentários:

Anónimo disse...

Notável post, caro Pinho Cardão, quer na forma quer no conteúdo.
Muitos pensarão, talvez, que se trata de uma questão de pormenor. Mas, para quem conhece o papel das instituições em causa, sabe que esta desorientação estratégica pode ter fortes impactes negativos na investigação e desenvolvimento (leia-se também: no propagandeado Plano Tecnológico), bem como na regulação do Sistema Nacional de Qualidade. Estas dúvidas existenciais ou desnorte político, à semelhança do anúncio gorado de alguns projectos de investimento, relevam bem que nem todo o frenesim reformista é consequente. Existem decisões que, pela sua complexidade e implicações socioeconómicas, por vezes irreversíveis, bem mereciam uma ponderação prévia mais adequada. Porém, o tempo político deste Governo não anda síncrono com o tempo real. E, não me parece que o problema seja do processador, mas sim do programador. A excitação virtual ultrapassa a aceleração efectiva mas, no entretanto, temos uma ilusória sensação de velocidade. É bom para a adrenalina, mas fraco em termos de resultados. Ainda bem que a Selecção Nacional tem conciliado melhor estas duas variáveis. Também aqui o Governo parece estar mais atento aos benefícios deste êxito desportivo do que aos fundamentos estratégicos que o sustentam. È pena, pois poderíamos estar a caminhar para ser a quarta economia mundo… ou, pelo menos, da Europa.

Tonibler disse...

Está a ver o jogo certo. Curiosamente o jogo que ninguém quer ver mas que todos pagam.
E que tal fecharem os dois??? :)

RuiVasco disse...

Só me resta uma dúvida. Amigo meu, que faz parte da administração do IPQ, em conversa de há cerca de 2 meses, deu-me como ponto assente a decisao governamental da extinção do IPQ. Dado o adiantado da hora, e só agora li este post, não quis ligar-lhe para obter confirmação. Todavia, então, deu o assunto como certo e ele próprio tinha já todas as informações sobre como o IPQ ou as suas competências e actividades seriam distribuidas por outros organismos. E sobre o futuro dele próprio. Há aqui algo de contradição com o que li no seu post caro Pinho Cardão. Amanhã tentarei esclarecer melhor esta minha dúvida.

Tonibler disse...

Caro Fernando D Carvalho,

100% de acordo na vertente de acreditação. 0% na vertente de I&D aplicada.

Este país vive de "coisas" destinadas às empresas sem que ninguém tenha perguntado um dia se as empresas querem. Enquanto empresário que faz I&D, posso dizer-lhe que as empresas não têm qualquer necessidade de um instituto estatal que a única coisa para que vai servir é inflaccionar os custos dos recursos humanos.

Se até hoje não há qualquer aproveitamento empresarial da I&D feita em institutos dos estado, não é por ser fundamental ou por ser aplicada, mas apenas porque não serve para nada. Não houve uma necessidade, não houve um plano, não houve uma gestão, um acompanhamento comercial, enfim, tudo aquilo que a I&D dentro de uma empresa tem (porque o dinheiro é finito, muito finito) e num instituto público não tem.

Eu sou completamente contrário ao dispêndio de 1 euro em I&D em organismos estatais portugueses. Os finlandeses conseguem? Sorte deles, nós não.

Tonibler disse...

Caros Luis Gil e FD Carvalho,

Os casos que me apresentam como justificações para I&D no estado são, para mim, justificações para exactamente o contrário. Eu explico....

Na vertente de empresário, aquilo que preciso de gerir é uma carteira de projectos, com pontos de reavaliação, com possibilidade de abandonar, interromper ou realocar recursos dentro da carteira de projectos ou para a actividade produtiva, se tal fôr necessário.Preciso de começar a vender antes de ter, de dominar completamente o processo de desenvolvimento. Nesta perspectiva de gestão de carteira, não vejo espaço económico para sub contratações, a não ser que essa carteira assuma um valor tal que o tenha que fazer. Mas isso é um problema de rico que muito pouca gente em Portugal tem.

Vamos admitir que esse espaço existe, que a empresa consegue ter um tal volume de projectos que tem que sub-contratar (no caso do FD Carvalho) ou adquirir sub-projectos(no caso do Luis Gil). Então, tanto o FD Carvalho como o Luis Gil estavam a gerir a suas carteiras de desenvolvimento, parte alocada a mim, parte alocada a quem quer que fosse. Então, não há razão para o estado estar metido ao barulho porque aquilo que se está a passar é que três empresas, três carteiras estão a interagir perfeitamente, de acordo com as necessidade de cada um.

Enquanto contribuinte, aquilo que vejo é que o estado é incapaz de gerir a sua carteira, com isso inflacciona os custos dos recursos que poderiam ser usados pelas empresas e mata a I&D nas empresas, para produzir coisa nenhuma internamente. A minha carteira de I&D enquanto contribuinte é um perfeito "flop".

Por isso, Luis Gil, não é uma questão de pôr toda a gente no mesmo saco. É uma questão de carteira, os vossos casos podem ser casos de enorme sucesso, mais que alguém poderia esperar. Mas isso é irrelevante na minha (contribuinte) desastrosa carteira, como vocês admitem. Logo, manda o bom senso que o país forme carteiras privadas, se necessário a partir dos vossos casos bem sucedidos, e acabe com a carteira que tem.