quinta-feira, 24 de julho de 2008

Falta o pão, RTP dá o circo!...

Mal o caso Maddie foi arquivado por falta de provas e levantada a suspeição sobre os arguidos, logo reapareceram, propagandeadas como nunca, as “certezas” e as “provas” de que foram os pais que fizeram desaparecer o corpo da filha ou mesmo a mataram, por acidente ou acto voluntário.
Tais “certezas” , as mesmas que não convenceram a Polícia, nem o Ministério Público são as mesmas que, agora, são apresentadas em livro. E irão ser tomadas por muitos como verdade irrefutável e prova definitiva. No preciso momento em que os pais acabaram de ser ilibados pelas autoridades, recomeça, em larga e inimaginável escala, o seu julgamento popular.
Critica-se o “oportunismo” do livro. Mais tarde, passado o tempo necessário, talvez fosse útil e oportuno; no momento presente, não pode ser visto senão como um mero exercício novelístico, treino para romance de maior fôlego ou forma fácil de fazer dinheiro.
No entanto, ávida de sensacionalismo, a comunicação social anda excitada com a peça. Pois que se excite, a Constituição também permite a liberdade de excitação, sem discriminação de sujeito ou objecto.
No entanto, o canal de serviço público, se aí existisse alguma ideia do que isso é, deveria ter especiais cuidados na indecorosa demonstração pública do acto. Pois é o que mais desavergonhadamente demonstra a excitação. Provocando uma das maiores campanhas de desprestígio da Judiciária e do Ministério Público e de desconfiança nestas instituições, assim como um verdadeiro linchamento público dos pais.
O autor do livro vai ser logo ouvido no principal programa de entrevistas do canal público.
Se já não confiava nos critérios do canal, ainda tinha alguma “fé” nos critérios de alguns jornalistas. Agora, até essa se perdeu. A informação deu, de vez, lugar ao espectáculo. A turba gosta. Faltando o pão, que venha o circo. Um homem e uma mulher vão ser lançados às feras. Logo, na arena da RTP!...

6 comentários:

  1. Diria Tom Waits: Killing could be a long road for peace!?
    http://uk.youtube.com/watch?v=O3mdlXqW4Pg&feature=related

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  2. E ainda dizem por aí que o casal MacCann tem uma enorme influencia nos media. Eu por mim só tenho os media no "mata e esfola" contra eles!

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  3. Bem visto, caro CMonteiro

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  4. Completamente de acordo, caro Pinho Cardão, tudo isto é um espectáculo deprimente e desumano, uma feira de vaidades em que se sacrifica o que for preciso para que os que deviam passar na sombra, por dever de função, tenham o seu momento de estrelato na televisão e nos autógrafos dos livros.Um escândalo.

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  5. Caro Pinho Cardão

    Algumas conclusões:
    a) A PJ comportou-se como os meninos cerimoniosos face aos Srs Drs. Pode ter a certeza que se fossem portugueses o comportamento não seria diferente, sempre são médicos e não pobres diabos.
    b) Não tenho muitas dúvidas que existiram "pressões" para seguir a tese "absurda segundo MFlores", porque não queremos perder os clientes ingleses.
    c) Os nossos polícias foram toureados por uma imprensa inglesa agressiva e imbecil. Em vez de os tratarem como mereciam - ao murro e pontapé se necessário (como fazem os franceses) - alinharam no jogo.
    d) Vi ontem as duas entrevistas do Inspector Amaral e só me confirmou o que pensava e o que vem dizendo MFlores há muito: cometeram-se muitos erros neste processo a começar pelo "embarque" na tese de rapto.

    O resto é paisagem
    Cumprimentos
    João

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  6. Caro Pinho Cardão,

    Hoje enquanto tomava o pequeno almoço ouvi na antena 1 um qualquer programa sobre crianças à guarda da casa pia. Devem existir cerca de 10 a 20 mil crianças nessa situação.


    Faço a seguinte sugestão privatize-se a RTP.

    Com os custos de funcionamento (20-30 milhões de euros/ano ?) permita-se que quem adopte ou seja família de acolhimento de uma dessas crianças tenha um desconto no IRS de 5 mil euros.

    Cumprimentos,
    Paulo

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