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sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Enfermeiros da “Linha Saúde 24” dizem não à vacina contra a gripe A

Tem sido dado realce ao comportamento de oposição à vacinação contra a gripe suína, H1N1 ou A, como a queiram designar, por parte da maioria dos enfermeiros que prestam serviço na “Linha Saúde 24”. Então, os técnicos responsáveis pelas informações sobre o que fazer em caso de suspeita de gripe não querem vacinar-se? É verdade. Não querem. E porquê? Porque não têm confiança na ausência total de efeitos secundários, devido à rapidez com que foi produzida a vacina e, também, face à “benignidade” da gripe. Em contrapartida, as autoridades de saúde saíram a terreiro afirmando que não há motivos de preocupação, e o próprio diretor-geral de saúde afirmou que irá vacinar-se. E faz muito bem, digo eu. Foram pedidas opiniões aos presidentes das ordens dos médicos e dos enfermeiros que, sem se comprometerem totalmente, lá vão dizendo que sim senhor, devem vacinar-se, mas que os profissionais têm todo o direito a recusar, blá, blá, blá.
Mas estavam à espera de quê? Que aceitassem sem reservas os conselhos e orientações das autoridades? Sem as questionar? Sem por em causa a veracidade das suas afirmações? Claro que têm todo o direito em questionar sobre a segurança da vacina. Não propriamente porque possam ocorrer efeitos secundários graves, já que as condições atuais na sua produção obedecem a regras muito criteriosas, e já experimentadas com as vacinas contra a gripe sazonal, pelo que os riscos de algumas complicações, como as que ocorreram há cerca de 30 anos, não são previsíveis no nosso tempo. O que há, na minha opinião, é desconfiança face ao comportamento das autoridades de saúde, as quais foram longe de mais com o dramatismo e empolamento dado à situação. O exagero, as mensagens de choque, as imagens dramáticas criadas sobre a pandemia, o contínuo traumatismo mental, diário, excessivo, sobre os cenários de morte e de desagregação social, são responsáveis pela falta de confiança e de reação negativa face à vacinação. Como acreditar agora naqueles que se comportaram ao velho estilo de Artur Albarran? Quando é para anunciar a desgraça vale tudo, apesar de ficarmos muito longe do previsto, e agora querem que acreditemos na segurança e boa vontade da vacinação? Quem é que os mandou exagerar? Sinto, porque já fui contactado por muitas pessoas que me perguntaram se devem ou não vacinar-se, desconfiança e receio. Não sou fundamentalista e, por este motivo, vou adotar um comportamento que me parece ser razoável, ou seja, uma atitude similar aos casos de risco elevado que exigem a vacina sazonal. Acrescento as grávidas, a partir do segundo trimestre de gravidez, porque, de facto, correm riscos de virem a sofrer complicações preocupantes.
Para ganhar a confiança dos cidadãos, e dos profissionais de saúde, é imperioso que a informação seja feita de forma adequada, evitando acenar com cenários apocalípticos. Já aconteceu com a gripe aviária, com a pneumonia atípica e agora com a gripe suína.
E presumo que não iremos ficar por aqui...

9 comentários:

Catarina disse...

As autoridades de saúde portuguesas não estariam a seguir as diretivas da OMS? Não foi em Maio ou Junho que a Organização Mundial de Saúde elevou o nível de alerta para 6? Será que esta organização também se precipitou?

Massano Cardoso disse...

Não se precipitou em declarar a pandemia, porque preenchia os critérios para tal. Mas a forma como foram feitos os avisos é que foi alarmante. Em Portugal foi mais do que evidente.

Massano Cardoso disse...

Não se precipitou em declarar a pandemia, porque preenchia os critérios para tal. Mas a forma como foram feitos os avisos é que foi alarmante. Em Portugal foi mais do que evidente.

Manuel Brás disse...

A desconfiança é notória
numa vacina pouco testada,
sendo clara e premonitória
esta negociata mal contada.

Uma linha gripada
por um vírus objector,
uma vacina “empapada”
num nevoeiro detractor.

Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Catarina disse...

Presidente Obama declara gripe A “emergência nacional”. Este é o título da notícia que li. Mais uma medida alarmista?

A Ministra da Saúde do Canadá, segundo li também, confirma o início de uma segunda onda de H1N1. “Os grupos prioritários que irão ser vacinados serão os de 65 anos e mais jovens, com outros problemas de saúde, grávidas, crianças saudáveis entre os 6 meses e os 5 anos, funcionários que prestam cuidados de saúde e as populações que vivem em comunidades isoladas.”

Pelo que leio, as pessoas mais afectadas são os jovens. Jovens saudáveis têm morrido com a gripe A.

Serão estas medidas consideradas de prevenção para bem das populações ou para bem do sistema de saúde?

O pneumologista Wolfang Wodarg “afirma que é utilizado um nutriente produzido a partir de células cancerígenas de animais e poderá levar a um aumento do número de doentes oncológicos.” ... Uma teoria que terá algum fundamento...

Não deixa de ser uma situação preocupante.

Nuno Soares disse...

Ganhar a confiança... De quem?
http://www.spiegel.de/international/germany/0,1518,656028,00.html

Massano Cardoso disse...

Nuno

Já tinha ouvido qualquer coisa sobre o assunto, mas o artigo que cita é mesmo preocupante. E depois querem que confiemos... Pois é, assim é difícil ganhar a confiança dos cidadãos.

Suzana Toscano disse...

Acho que tem toda a razão, caro Massano Cardoso, é a história do Pedrinho e do Lobo, há meses que andamos a ouvir ler os boletins clínicos de cada doente e a ver imagens de alarme. Depois, quando começou a haver mais casos, aconselharam calma, deixaram de ler boletins e afinal os mais graves já tinham outras doenças. As vacinas, ficou desde o início a sensação de grande urgência no fabrico , logo, de pouca experimentação. Já em França os médicos e enfermeiros se recusaram a recebê-la. A verdade é que não se percebe em quem devemos acreditar, por muito boa vontade que tenham as autoridades há um clima de desconfiança que se gerou, incluindo em torno dos interesses económicos e do histórico com as outras gripes.