O jornal i de hoje conta que, algures numa aldeia da Colômbia uma mulher decidiu pôr à prova os conhecimentos dos médicos que lhe garantiam que o seu filho, então com 5 anos de idade, era paralítico e jamais conseguiria andar. E prometeu a Deus que, caso ele viesse a andar, nesse mesmo dia ela se trancaria em casa durante vinte anos. Vinte anos!, dia por dia, para uma mulher que tinha na altura tinha 37 anos, é bem a medida do desespero de uma mãe enlouquecida de dor que, no seu modo de acreditar, apelou ao Céu quando na terra todos lhe negavam a esperança. O filho começou a andar no dia 23 de Maio de 1990 e nesse mesmo dia ela fechou a sua alegria em casa, num isolamento que terá considerado um justo tributo ao seu pedido. Saíu no dia 23 de Maio passado, e toda a aldeia festejou o fim da sua provação.
Estranha história, a deste sacrifício voluntário. Na verdade, esta mulher não se revoltou contra o destino, ela simplesmente propôs uma troca, dou a minha liberdade em troca da liberdade dele, ele que ande e que fique eu limitada nos meus gestos, ele que saia que serei eu a ficar aqui presa. Lá na sua contabilidade com o Divino, Rosa mediu o tamanho da pena do filho, mediu também o inferno que seria a sua vida de todos os dias, de uma vida inteira, a vê-lo ali, ao seu menino, a definhar na paralisia a que estava condenado. Mediu o seu amor e o tormento da criança e achou a troca justa, acreditou que o seu preço seria aceite e dispôs-se a pagá-lo com a determinação de quem paga uma dívida de honra. E cumpriu, limitando daí em diante os seus passos à pequena área da sua casa, um quarto, uma sala, uma cozinha, evitando até aproximar-se da janela não fosse a sua vontade fraquejar e abalar porta fora para encontrar os vizinhos, ir às compras ou simplesmente sentir na pele o calor do sol.
Não sabemos quantas vezes a terão tentado dissuadir mas o que sabemos, pelas notícias, é que os vizinhos partilharam, com respeito ou com temor, a sua decisão, e passaram a ajudá-la, fazendo as compras, levando-lhe o necessário, enfim, tratando-a com a solidária dedicação que às vezes existe para com os desvalidos, ou para com os santos que a tudo renunciaram.
Na aldeia montanhosa da Colômbia deve ter sido espantoso que aquela mulher ousasse baralhar a risca do que estava escrito, não aceitasse o que lhe calhara e tivesse gritado até ao infinito a dimensão do seu amor pelo filho, no desespero de ser ouvida. Aqui estou, terá dito com todas as forças da sua alma, faça-se em mim a Tua vontade, mas não nele, deixa-o a ele correr em liberdade. Não foi revolta, foi submissão com condições, foi um ajustamento ao qual fixou o preço de vinte anos de solidão. Pagou a sua dívida, num acto de amor e de orgulho para o qual a razão não encontra medida.
Estranha história, a deste sacrifício voluntário. Na verdade, esta mulher não se revoltou contra o destino, ela simplesmente propôs uma troca, dou a minha liberdade em troca da liberdade dele, ele que ande e que fique eu limitada nos meus gestos, ele que saia que serei eu a ficar aqui presa. Lá na sua contabilidade com o Divino, Rosa mediu o tamanho da pena do filho, mediu também o inferno que seria a sua vida de todos os dias, de uma vida inteira, a vê-lo ali, ao seu menino, a definhar na paralisia a que estava condenado. Mediu o seu amor e o tormento da criança e achou a troca justa, acreditou que o seu preço seria aceite e dispôs-se a pagá-lo com a determinação de quem paga uma dívida de honra. E cumpriu, limitando daí em diante os seus passos à pequena área da sua casa, um quarto, uma sala, uma cozinha, evitando até aproximar-se da janela não fosse a sua vontade fraquejar e abalar porta fora para encontrar os vizinhos, ir às compras ou simplesmente sentir na pele o calor do sol.
Não sabemos quantas vezes a terão tentado dissuadir mas o que sabemos, pelas notícias, é que os vizinhos partilharam, com respeito ou com temor, a sua decisão, e passaram a ajudá-la, fazendo as compras, levando-lhe o necessário, enfim, tratando-a com a solidária dedicação que às vezes existe para com os desvalidos, ou para com os santos que a tudo renunciaram.
Na aldeia montanhosa da Colômbia deve ter sido espantoso que aquela mulher ousasse baralhar a risca do que estava escrito, não aceitasse o que lhe calhara e tivesse gritado até ao infinito a dimensão do seu amor pelo filho, no desespero de ser ouvida. Aqui estou, terá dito com todas as forças da sua alma, faça-se em mim a Tua vontade, mas não nele, deixa-o a ele correr em liberdade. Não foi revolta, foi submissão com condições, foi um ajustamento ao qual fixou o preço de vinte anos de solidão. Pagou a sua dívida, num acto de amor e de orgulho para o qual a razão não encontra medida.
É o que se chama grande fé e amor de mãe ... imensurável!
ResponderEliminarNão sei como formular o que sinto ao ler esta história. Que Deus abençoe os anos que restarem a esta mulher e toda a vida de seu filho.
ResponderEliminarDeu-se este caso, numa aldeia montanhosa da Colômbia, porque se tivesse acontecido numa cidade portuguesa, ao fim de vinte anos de clausura, quando aquela mulher voltasse a ter conhecimento do mundo fora das quatro paredes da sua casa... acho que voltava para o seu convento privado... até ´que o último dos seus dias chegasse...
ResponderEliminarPor mais que conheçamos a natureza humana é impossível compreender e analisar o que se gera dentro do seu pensamento. Li este texto e saboreei a história. Fez-me recordar tantas outras em que algumas mães se "enclausuraram" por amor aos filhos. E que clausuras, meu Deus! Sem nunca terem sido contempladas com a visão dos seus "andares"... Que pena! A Rosa viu o filho a andar, mas eu vi muitas rosas que nunca tiveram essa felicidade e mesmo assim eram rosas que as mães cuidavam todos os dias e ainda hoje choram o seu desaparecimento.
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ResponderEliminarNão sabia que estão a fazer um filme, gostei de ler o guião. Como disse o Prof. Massano esta mãe teve a sorte de ver o milagre, muitas outras dedicam a sua vida aos filhos mesmo sem essa esperança. Por todas elas, vale bem a pena que se conheça a história de Rosa.
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