quinta-feira, 28 de abril de 2011

Saudades do PEC IV...ou o mergulho no absurdo profundo?

1.O PM, que anda numa correria de declarações banhais (de cobra) quase tão desaustinada quanto as suas propostas de continuação de “bom governo”, teve ontem uma tirada definidora do distanciamento das suas convicções (existem?) em relação à realidade: que iríamos ainda ter saudades do PEC IV.
2.Admito que essa declaração tenha sido feita ao tomar conhecimento de algumas das condições que vai ser obrigado a aceitar na “negociação” com os mandatários dos credores, significando que teria sido muito melhor (para ele, talvez) ter aceitado o PEC IV...
3.Acontece que o PM se esquece (será possível?) que, se tivéssemos aceitado o PEC IV quando ele supostamente o negociou com Bruxelas, há quase dois meses, estaríamos hoje em muito maus lençóis, pois foram entretanto revistos em alta, bem em alta, os números do défice de 2010...
4.A revisão em alta tão significativa do défice de 2010, se tivéssemos acordado um PEC IV de que o PM parece tão saudoso, teria com toda a certeza um efeito devastador sobre a credibilidade do País, obrigar-nos-ia a pedir desculpa a Bruxelas, de corda ao pescoço, sem qualquer solução alternativa para apresentar, estaríamos agora bem pior do que estamos...
5.Estaríamos, concretamente, na situação do incumpridor relapso, que teve a ousadia de negociar um programa de austeridade com base em informações falsas, o que naturalmente iria causar a ira dos nossos parceiros e uma punição dos mercados ainda mais severa do que aquela que nesta altura nos é imposta...
6.Será que o PM não tem a noção destas coisas, apesar de parecerem tão evidentes? Será que não imagina o papel ridículo e lamentável que iríamos fazer se, duas ou três semanas depois de ter negociado o tal PEC IV, fossemos obrigados a reconhecer que a base de partida do programa estava substancialmente alterada, pondo em causa os pressupostos do mesmo?
7.E não há niguém na sua imensa assessoria que seja capaz de lhe explicar esta evidência?
8.Será que ao mais alto nível dos responsáveis políticos nos encontramos já mergulhados num absurdo profundo e ninguém dá por nada?

58 comentários:

  1. Comungo, com a minha costela de sociólogo, da opinião de Maria Filomena Mónica, inteiramente:
    O PM Sócrates, um "delinquente político".
    Posto isto, comentários e análise mais desenvolvidas, para quê?
    Haja quem tenha paciência...
    Por acaso, lamento que o líder do PSD não tenha tido sangue frio para deixar passar o PEC.
    Para duas semanas depois, ter entrado com uma moção de censura.

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  2. O Engenheiro Socrates deve andar muito distraído ou, ocupadíssimo, pois ainda não reparou, nas ajudas preciosas que os digníssimos autores do "Quarta" lhe vão oferecendo, com o intuíto claro de o ver apresentar um programa que lhe garanta a maioria nas próximas eleições.
    Se não... então é mesmo teimoso!

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  3. BMonteiro,

    Se o líder do PSD tivesse feito isso, ter-se-ia tornado conivente numa fraude cujas repercussões para o País poderiam ter sido inimagináveis...
    Creio que foi por "sorte",ou por algum "espírito santo de orelha", mas livrou-se de boa...
    Quanto ao PM, creio que terá razão e já não valerá muito a pena gastar muita energia na apreciação das suas impossíveis piruetas e manifestações da mais tenra ignorância...
    Mas há disparates que é difícil deixar passar!

    Caro Bartolomeu,

    Terá também razão, os bloguistas de serviço ao 4R são de facto pessoas (com 1 excepção) de extrema generosidade...
    Até disso são capazes, no exercício de generosidade que diariamente aqui vão realizando e como o Bartolomeu lhes apanhou tão bem esse jeito...

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  4. Caro Dr. TM,

    Tenho a anunciar-lhe o seguinte: ontem o meu professor de finlandês, deu a machadada final - aquela que eu precisava de ouvir - relativamente à minha decisão nas próximas eleições (Nota: isto depois de termos passado mais de 1 hora a debater os resultados eleitorais finlandeses).

    A única coisa quele ele disse foi: "façam qualquer coisa, mas mais do mesmo não. Não quer dizer que os próximos façam melhor dadas as circunstâncias, mas pelo menos não farão igual".

    E zuca! Acendeu-se-me uma lampadazinha ecológica na minha cabeça. Em consciência, não é possível permitir que se continue a fazer a mesma coisa, ainda que eu não concorde com todas as propostas do maior partido da oposição, principalmente, aquelas que dizem respeito à protecção das instituições bancárias e aqui, eu acho que os finlandeses têm toda a razão.

    Uma coisa é ajudar Portugal, outra coisa é utilizar o dinheiro dos contribuintes finlandeses para socorrer as instituições bancárias, que são entidades privadas e que fazem investimentos. Ora os investimentos têmm destas coisas, por vezes correm bem, por vezes correm mal. Chama-se risco, logo como instituições privadas que são, têm de assumir o que corre bem e o que corre mal.

    Este é um dos principais aspectos que os irrita supinamente... bom, a eles e a mim que concordo com eles.

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  5. Temos de nos empenhar na conversão dessa excepção, caro Dr. T. Moreira... com generosidade, tudo se consegue!
    ;)

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  6. Deixe lá, querida Anthrax, que os bancos Finlandeses também têm um passado vergonhoso...

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  7. Claro que sim, meu querido Bartolomeu. São bancos. É inerente à condição de ser banco. Tem que se ser vergonhoso. Mas devem sê-lo sozinhos.

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  8. Isso era d'antes, querida Anthrax, agora, devido às toxicidades trazidas pelos ventos do capitalismo e da ganância, estão todos no mesmo barco...

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  9. Por falar em capitalismo, já viu o filme "Capitalism, a love story" do Michael Moore?

    Se não viu, veja. É muito bom e diz, exactamente, o que acabou de dizer.

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  10. Desvendará em alguma situação que eu desconheça???
    Duvido...

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  11. Naaah, no geral, não me parece mas mostra alguns detalhes interessantes e outros bastante escabrosos (daqueles que nem nós ainda nos lembrámos, acho eu), como por exemplo, o facto de algumas grandes empresas fazerem enormes seguros de vida para trabalhadores com características específicas, sem estes sequer saberem da existência dos mesmos.

    Depois também mostra um ou outro exemplo mais positivo, como um modelo de gestão participativa que é bastante interessante.

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  12. Na economia e na finança americana, os números surgem a uma escala inimaginável, que permite acontecerem fenómenos incontroláveis e demolidores.
    Estou para ver como é que a finança americana se vai comportar, em relação à chinesa. No mundo, não ha espaço para dois titãns.

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  13. As últimas notícias que ouvi do lado de lá do atlântico, não os favoreciam grandemente. Não sei se, entretanto, algo terá mudado.

    Mas devo admitir que a tombarem, seria um tombo imperial.

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  14. Anthrax, Bartolomeu (e todos os outros, já agora ;) )

    Muito interessantes são também o Inside Job, bem como o Overdose: the next financial crisis (doc. já com uns anitos, mas que antevê de forma assustadoramente correcta o que se passa agora).

    Neste último, participa o "Medina Carreira" (eheheh) lá do sítio deles, o Gerald Celente.

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  15. Ao tombarem (realço o plural), temo que arrastem consigo o resto do mundo. O próprio FMI, prevê que a economia chinesa, venha em breve a sobrepor-se à americana.
    Não é à toa que os americanos tentam a todo o custo controlar as políticas dos países que têm petróleo e que os chinocas vão investir desmesuradamente em energia atómica. O problema para estas duas economias e... destas duas economias, é o que está pelo meio; a europa que, nem tem petróleo, nem tem mão-de-obra ao preço de uma tijela de arroz. Então, a europa vai infalívelmente ficar dependente de uma das duas grandes econimias. Outro problema, reside no facto de a europa já estar comprometida com a américa, mas ser a noiva cobiçada pela china. Vamos ver se os argumentos chineses, vão fazer com que a europa devolva o anel à américa. Por um lado, tenho esperança que não, a europa sabe que a china gosta é de gueixas e o pessoal, desde que queimou os sutiãns, ganhou um pouco mais de determinação, por outro lado a américa começa a perder o charme sedutor, talvez derivado da idade...
    Vamos ver no qué que dá...

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  16. Boas sugestões, AF!
    E essa do Medina Carreira lá do sítio, está bem esgalhada.
    É estranho, porque é que o mundo não ganha uma maior consciência dos problemas, quando existe um punhado de Medinas Carreira, que não se cansam de tentar abrir os olhos ao pessoal...

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  17. Absolutamente. Mas é compreensível, até certo ponto. Como distinguir a informação interessante no meio do imenso ruído? Como perceber, com um mínimo de confiança, quem tenta falar com seriedade e substância, no meio das multidões avassaladoras de mentirosos e "spin-doctors"? Dá muito trabalho, tráz dores de cabeça, e muitas, muitas desilusões.

    No entanto, acho que já temos o distanciamento temporal suficiente para poder começar a perceber os mecanismos que operam, não nos bastidores mas à luz do dia, e avaliar as "mensagens" que de facto são coerentes com a realidade, e não com as fantasias esvaziadas que nos tentam empurrar diariamente pela goela abaixo.

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  18. Caro AF, caro Bartolomeu,
    Pois não podia estar mais de acordo.

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  19. ;)
    Meu caro AF; existe na verdade uma enorme distância que separa as intenções das acções, e um pequeno nada que diferencia a verdade da mentira.
    No entanto, cruzam-se em frente aos nossos olhos, sinais evidentes, que nos possibilitam compreender os fins perniciosos e maléficos de certas intenções, mesmo não sendo doutores. Basta-nos conhecer um pouco do mundo, da sua geografia, dos seus recursos e da densidade populacional, para percebermos de imediato que o capitalismo é contranatura. E podem vir os mais emproados doutores, munidos das teses mais engenhosas, fazer-nos mudar de ideias, tentando que acreditemos e que ofereçamos o escalpe por elas, que as evidências, provam sempre o contrário. Basta que percebamos a forma como o mundo se auto-sustenta, para entendermos imediatamente que as produções se sujeitam a um equilíbrio natural e que, tudo aquilo que pretenda ultrapassar esse equilíbrio, redunda em falência.
    Este princípio é aplicável e serve de exemplo para tudo o resto que resulte em benefício para o ser humano. Logo, quando começamos a assistir a um boom financeiro, com monumentais lucros para determinadas empresas de determinados sectores, não podemos imaginar que a origem desses lucros, assente numa base sólida e real. É mais do que certo, que assenta em algo subjectivo, em algo que existe só, no campo da promessa, como é o caso da banca, onde dinheiro vivo, metal, não existe, aquilo que existe é valor, mas um valor promissório, algo que não corresponde à realidade.
    Se colocarmos a hipótese de todos os depositantes nacionais, decidirem massivamente levantar o dinheiro que têm depositado, acha que os bancos tinham dinheiro suficiente para satisfazer essas ordens de levantamento?
    Não! Evidentemente!

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  20. Pois não, caro Bartolomeu.

    No entanto, eu não iria tão longe a ponto de dizer que o "capitalismo" é a causa de todos os males ... isto já parece uma pequena discussão ontem no ... gulp! ... Blasfémias ...

    Um autor de um post (LR) dizia basicamente que a causa do ouro estar a subir vertiginosamente é o "estado social", e eu, bem, basicamente, passei-me :)

    Eu acho que é perfeitamente possível integrar capitalismo e estado social de uma forma equilibrada e harmoniosa. Há coisas que funcionam melhor baseadas na competição, outras na cooperação. E quando fazem parte de um todo que funciona em conjunto, geralmente constituem estruturas poderosas.

    A natureza está repleta destes exemplos: sempre que há equilíbrio entre estes dois factores, as coisas progridem e são sustentáveis. Qualquer estrutura verdadeiramente interessante se baseia em dois princípios básicos: Resiliência e Eficiência.

    Agora, quando se começa a puxar o pêndulo excessivamente para um dos lados, invariavelmente dá asneira.

    E nos últimos anos, tem sido tãaaaaao esticadinho, mas tão esticadinho!

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  21. Mmmmm... AF, olhe que o Bartolomeu tem razão.

    Nada cresce para sempre. É a lei da natureza. Quando sustenta uma economia em coisas que não existem, excepto em exercícios de futorologia (como por exemplo, a uma escala mais pequena e nacional, os pagamentos especiais por conta), pode estar certo que as coisas vão correr mal.

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  22. Claro que sim! Peço desculpa se dei a entender que não concordava com essa explicação do Bartolomeu! É que concordo plenamente.

    Quando se começa a falar em "para sempre", ou em "infinitos" ou coisas semelhantes, perde-se necessariamente o equilíbrio que eu referi.

    O que eu acho é que não é obrigatório o capitalismo ser sempre selvagem, nem o estado social ser sempre socialista. E acho que há lugar numa sociedade equilibrada para componentes dos dois "campos", desde que o todo seja equilibrado e sustentável. Não sei se me faço entender :)

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  23. Caro AF :),

    Claro que se fez entender e apelando ainda à natureza, também importa esclarecer que esta arranja sempre uma forma de nos morder o real traseiro na sua procura por restabelecer o equilíbrio.

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  24. Anthrax:

    Verdade. O que só me leva a pensar ainda mais convictamente que, quando a tal cordinha do pêndulo esticar demais, a volta vai ser cá uma destas pancadas!

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  25. Caro AF, por definição, capitalismo caracteriza uma "doutrina" onde o capital é utilizado (leia-se investido) com o objectivo de gerar lucro.
    Até aqui, tudo bem e, tudo passível de ser integrado numa "forma equilibrada e harmoniosa" como refere.
    O problema é que, o capital não se investe sózinho e não é detido pelo "estado social" como muito bem refere. Daí, quem detem capital e o investe, ou se trata de uma pessoa singular "capitalista", ou de um grupo de accionistas investidores, perfeitamente identificados, ou anónimos.Seja em que situação for, que o singular, como o grupo, ao investir capital, pretendem obter lucro e pretendem que esse lucro capitalize. Aqui, entra em linha de conta uma característica do ser humano, que só não se evidencia, se não estiver inserida no contexto; a ganância.
    Este novo elemento, torna o investidor-capitalista insaciável e, torna a formula "equilíbrio-harmonia" impraticável.

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  26. Quando isso acontecer, a nós, vai ser nas férias do verão e se não houver mexidas nos subsídios de férias, só vão dar por ela mais tarde.

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  27. Beeem... Bartolomeu, a isso é que eu chamo de um bom exemplo de pessimismo antropológico.

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  28. ;)))))
    Como dizem os camponezes lá do meu monte; não ha mal que não venha a dar em bem.
    Vai ver querida Anthrax que breve, brevemente, vamos voltar ao campismo nas prais e nos pinhais, munidos de petromax e cadeirinhas desdobráveis, como nos meus tempos de vadiágem, e é se quisermos gozar de férias...
    ;))))

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  29. Bartolomeu:

    Sem entrar em muitos detalhes, que eu não sou definitivamente a melhor pessoa para isso, mas acho que o problema é mais uma vez quando esses elementos, grupos ou indivíduos, conseguem perverter a estrutura, desiquilibrar o campo, se quiser, de forma a tirar proveito duma situação mais favorável (mas desleal) competitivamente. E depois entra-se num ciclo vicioso. E o resto, bem, é História ... uma vez ... e outra vez, e outra, e outra...

    Anthrax: pois é ... a maior parte do pessoal ainda não se apercebeu bem da dimensão da coisa. Olhe, pra ser mesmo mesmo honesto, acho que nem eu! :D

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  30. Bom... e com este, entramos no trigésimo comentário. Não tarda, vamos receber uma notificação dos estimados "donos" do blog, informando-nos do montante da renda em dívida. A menos que evoquemos o direito ao uso capeão...
    (deves achar que tens muita gracinha, Bartolomeuzinho, deves, deves).
    Claro que sim, AF. O problema é que para estar no mundo dos negócios e sobreviver, não é possível de outra forma. Como já alguém designou... trata-se de um polvo que estende os seus tentáculos de uma forma inexorável.
    ;)

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  31. Eheheheh ... bem, não creio que os estimados "donos" obstem a uma saudável discussão pacífica, se bem que longa. Penso que se enquadra perfeitamente no espírito do 4R.

    Aliás, eis aqui um bom exemplo duma das tais coisas que "tendem para o infinito": podemos escrever e escrever e escrever que não vamos esgotar nenhum recurso de certeza :) (no limite, são mais uns K num qualquer servidor da Google, que tem todo o interesse em que os mesmos sejam usados) Isto das infinidades também não é tudo mau ;)


    Mas enfim, eu continuo a pensar que é de facto possível estar no "mundo dos negócios" e sobreviver de forma saudável, sustentada, e ser competitivo. Agora, NESTE mundo dos negócios actual, também concordo que é quase uma missão impossível, e que a "narrativa", como está agora na moda dizer-se, é toda no sentido do desiquilíbrio.

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  32. Claro que sim AF, sobretudo, ser competitivos... colocando em cada empresa e em cada banco, uma brigada fiscalizadora, constituída por uma matilha de Rottwilers... treinados.
    Mas é claro que tem todo o meu apoio ideológico!

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  33. Ah ah ah ah ah ah :))) Um petromax!

    Pois eu nunca acampei noutro sítio que não fosse um hotel e não faço a mais pálida ideia do que é acampar à séria.

    Sempre tive muita curiosidade, mas nunca me deixaram fazer isso. Estavam sempre a dizer-me que eu era muito... bom o termo correcto era "nhoquinhas", o que quer que seja que isso signifique. E é assim que se destrói uma curiosidade infantil.

    No que respeita à renda em dívida, os donos do blog têm de compreender que comentar no mesmo é um hobbie de baixo custo. É melhor estar aqui a comentar e a poupar dinheirinho, do que lá fora a estourar com o que já não abunda.

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  34. Yah! é uma forma tão válida de avaliar a questão, como outra qualquer.
    Mas, com respeito ao campismo; considere-se uma priveligiada, porque um hotel, é mais caro mas, é sempre outro asseio. Além de que, não ganhou os vícios de um vadio, de um excluído da sociedade, como eu, para além das picadelas de melgas e outros insectos vampíricos.
    ;)))))))))))

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  35. Pode ser, mas vou ficar traumatizada para o resto da vida... pese embora eu não tenha um grande amor por melgas e bicharocos afins.

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  36. Não a vejo capaz de se deixar traumatizar por dá-cá-aquela-palha, querida anthrax...

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  37. Heh! Campismo! :) Eu não me referia a nada disso com os exemplos da Natureza, mas vá, entre as melgas e os Rotweilers ... ;)

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  38. Vá, quando chegarmos aos 40 paramos, até porque se o Dr. TM quisesse fazer uma sumula da conversa não ia conseguir. É que nós começámos no PEC e já vamos no campismo.

    De qualquer forma, deixem-me dizer-vos que eu fico perturbada com muita facilidade. Metam-me um gafanhoto à frente e depois voltamos a conversar sobre o "dá cá aquela palha". Odeio essas desgraçadas criaturinhas saltitantes. Tolero qualquer outro bicharocozito, mas gafanhotos... isso é que não pode ser nada.

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  39. Eu... o que me aterroriza mesmo, mesmo, mesmo, são os gambuzinos.
    Não sei se a querida Anthrax, já se cruzou alguma vez na vida, com um desses bichos?
    São ho rrí veis!
    Te ne bro sos!
    São muito piores que os vampiros, aqueles que o Zeca Afonso imortalizou.

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  40. Caríssimos Anthrax, Bartolomeu e AF,

    Estejam à vontade, se existe característica definidora dos autores do 4R é a da generosidade como ainda ontem assinalei em resposta a comentário do Bartolomeu!
    Fiquei feliz ao saber dos progressos que tem feito em matéria de opções eleitorais, caríssima Anthrax, espero que não esmoreça e que reforce ainda mais essa tendência se for possível, o País beneficiará dessa clarividência...
    Quanto à escolha de modelos económicos, meus Amigos, eu prefiro se não se importam o de economia de mercado que, bem compreendido e analisado é bem distinto do de economia capitalista e até se pode situar nos antípodas de alguns sistemas capitalistas de que falam!

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  41. Não sei se, quando à dias me referi à sua pessoa, tratando-o por Mestre, caro Dr. T. Moreira, fui bem interpretado.
    (Em abono da verdade e isto que vou escrever não se pode considerar que acrescente a favor da minha pessoa, estou-me inteiramente nas tintas para os conceitos que acerca da minha pessoa se possam construir.)
    Contudo, para mim, as suas opiniões, são, na maioria, fabulosas fontes de ensinamento que espelham um conhecimento que pretende, seja edificante.
    Economia de mercado, é sem dúvida a saída para uma econimia mundial, a saída que poderia permitir evolução, sem capitalismo.
    De acordo!

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  42. caro Bartolomeu,

    Um mercado a funcionar de forma eficiente, com concorrência quase perfeita, transparência, um Estado regulador competente e não intrometido, incompetente, gastador, perdulário, mau (ou péssimo) regulador era aquilo de que precisavamos...e infelizmente não temos!
    Neste capítulo do funcionamento adequado de um modelo de economia de mercado, os últimos 6 anos em especial foram, em Portugal, um verdadeiro pesadelo...
    Como compreendo a vossa angústia e frustração!
    Tivemos aquilo que chamaria um capitalismo imbecil, incompetente, a tender para o selvagem, responsabilidade primeir(íssim)a dos políticos que ainda nos dirigem e da vergonhosa mixórdia que se estabeleceu entre política e negócios!

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  43. Selvagem!... acima de tudo selvagem, porque acabou por não servir ninguem, resultando inteiramente em prejuízo para todos, sem excepção.
    E pior; criou as condições "ideais" para num futuro sem praso determinado, nos mantermos em estado de desgraça completa.
    E ainda, por mais estúpido que seja, o país parou, desde que se começou a tornar certa a vinda dos tais Troikos, que irão ditar aquilo que teremos de fazer... e como!
    Irra!
    Somos mesmo atrazados mentais...

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  44. Caro Dr. Tavares Moreira,

    Em primeiro lugar, gostaria de agradecer a generosidade que é manter um espaço vivo, aberto, elevado, como o 4R. Não é muito meu costume comentar, embora seja leitor e frequentador assíduo. No entanto, quando se me solta o comentómetro ... :)

    Quanto ao modelo da economia de mercado que fala, apesar de não ter descrito em detalhe de que "modelo" se trata, não posso deixar de expressar mais uma vez o meu cepticismo/pessimismo.

    Tomando como exemplo (mais uma vez) o "Universo" natural, existe, em última instância, um conjunto de leis que definem e delimitam qualquer actividade ou operação que nele possam ocorrer. A lei da gravidade, por exemplo. Imagine a vantagem que um dado actor não teria se, sem custos nenhuns, pudesse redefinir, anular, subverter, a lei da gravidade em seu favor. As leis físicas deixam, no entanto, ampla margem de manobra para soluções engenhosas, ora competitivas, ora cooperativas, que permitem a qualquer dos actores progredir. Mas as regras são em absoluto inquebráveis, e iguais para todos os intervenientes.

    Os "universos" sociais, económicos e financeiros são, de forma diferente, abstracções, geridos por conjuntos de regras que não são obrigatoriamente enformadas por nenhum conjunto de leis "externas" e imutáveis. Em última instância, as regras do jogo são definidas pelos próprios actores.

    Por isso, mais tarde ou mais cedo, um deles (ou um conjunto) vai, de forma mais rápida ou demorada, alterar as tais premissas justas e equilibradas, pervertendo assim o "universo" em questão, em proveito próprio.

    E é por isto que eu sou, eu sei, irremediavelmente pessimista. No entanto, gostava mesmo muito de ouvir todas as diferentes opiniões.

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  45. Caro AF, até parece que o caro Dr. T. Moreira nos está a pregar uma rasteira, quando aponta uma economia de mercado, como sendo a solução.
    No entanto, convem não esquecer que o Dr. T. Moreira, refere uma economia de mercado com transparência e sem um Estado intrometido, somente regulador, como lhe compete.
    Ou seja, uma economia de livre concorrência entre empresas e auto-regulada.
    É claro que num panorama, radicalmente diferente deste em que se vive a nível mundial, empresarial e governamental, onde a corrupção invade até aos mais altos níveis os orgãos dos governos. Um modelo que implicaria(implica) um movimento titânico de desmontagem dos poderes e vícios instalados... um movimento que irá certamente acontecer e que partirá, em minha opinião de uma tomada de consciência cívica e que, em todo o caso se notam sinais claros de já estar em marcha inicial.

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  46. Caro Bartolomeu,

    Não me parece que seja rasteira, creio que o Dr. T. Moreira tem as suas razões e convicções bem fundamentadas para o caminho que aponta. Razões e convicções essas que me interessa muito ler e conhecer.

    Mas os detalhes iniciais que o Bartolomeu aponta, com o devido respeito, encaixam perfeitamente no retrato que fiz acima dum jogo onde as regras são definidas pelos jogadores. E eu estou convicto que uma solução assim, a prazo, nunca poderá funcionar.

    Mais, não me "satisfaz" também esse "reset" que o Bartolomeu aponta. Admito que a curto prazo poderia trazer a ilusão de que tudo iria correr bem, mas se o percurso a seguir sofresse do mesmo defeito básico e fundamental, não seria isso adiar o problema?

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  47. Caro AF,

    A propósito da sua asserção segundo a qual"os universos económicos e sociais são geridos por um conjunto de regras..."...
    Poderá o meu amigo dizer-me, por exemplo, qual é o conjunto de regars que levou a que em Portugal se tivesse desenvolvido, de uma forma nunca vista pela nossa geração, um mercado livre e aberto de compra de ouro?
    Já reparou nas muitas centenas de esstabelecimentos que abriram nos últimos meses dedicados à compra de ouro?
    E já reparou que os jornais mais lidos estão cheios de anúncios publicitários para compra de ouro?
    Consegue interpretar esse fenómeno?
    Não acha que só faz sentido haver tanta gente interessada em comprar ouro se houver também gente interessada em vendê-lo?
    E sabe porque há tanta gente, milhares de famílias interessadas em vende-lo?
    E percebe que isto é o mercado a funcionar na sua forma mais genuina para dar uma resposta rápida às necessidades das famílias enquanto os políticos (sobretudo os governamentais) parece que ainda nem perceberam o que se está a passar?
    Entende, com este simplicíssimo exemplo, porque sou a favor de muma economia de mercado?

    Caro Bartolomeu,

    Já aqui lhe tenho dito e aproveito para repetir que nunca será demais: considero-o um exemplo notável de honestidade intelectual, sem prejuízo de discordar, como desta vez, das posições de princípio que sustenta.
    Entendo que a honestidade intelectual (além de outras formas de honestidade) é hoje em dia um bem muito escasso em Portugal, anda mesmo pelas ruas da amargura...

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  48. Caro Dr. Tavares Moreira,

    Em primeiro lugar, gostaria de esclarecer que sou apenas um programador informático, que percebe muito pouco (ou quase nada) de economia e teorias afins. Mais uma vez, "ando" por aqui humildemente, a ver se aprendo alguma coisa.

    Quanto ao exemplo do ouro, ficam-me mais perguntas e incertezas do que respostas (eheheh para variar):

    Já reparei, de facto, no fenómeno que descreve da explosão repentina do negócio "livre" de compra e venda do ouro. Também tenho lido alguns artigos e opiniões (na internet), e a informação que daí fui retirando, juntamente com o facto de me parecer muita coincidência este fenómeno ser coincidente no tempo com as "convulsões" que tem vindo a assolar o mundo, levam-me a pensar que este fenómeno é absolutamente anormal e extraordinário, provavelmente sintoma de alguma coisa pouco sadia. Assim, nunca me passaria pela cabeça procurar aí respostas ou pistas.

    A interpretação que faço, eventualmente básica, será talvez o acelerar brutal da desconfiança no "fiat money" e das moedas fortes tradicionais ?

    Quanto à oferta/procura que refere, não, assim de repente, não me parece muito. Parece-me mais lógico o inverso, haver quem venda porque há de facto procura. Mas, mais uma vez, isto pode ser a minha visão simplista e com poucas bases teóricas.

    Relativamente a haver milhares de famílias interessadas em vender, acho que todos sabemos porquê. É, literalmente, deixar ir os anéis, a ver se se salvam os dedos.

    Assim sendo, parece-me que este fenómeno tem como resultado a transferência imediata da "riqueza", com origem naqueles que precisam de dinheiro no curto prazo para suprir necessidades mais básicas e prementes, e na direcção dos que já tem à partida capital excedentário para poder investir.
    Mesmo neste exemplo que me parece partir duma situação anormal, assim de repente parece-me "business as usual" :)

    Portanto, não, ainda não consigo entender porque é a favor de uma economia de mercado. Penso entender o exemplo "clássico" da oferta/procura que quis ilustrar, e em abstracto, até concordo com a elegância e funcionalidade do mesmo. Mas depois vem os fenómenos que decorrem da aplicação real, e do facto que apenas esse equilíbrio oferta/procura me parece insuficiente para estabelecer um "universo" operável.

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  49. E nunca esquecer a Golden Rule: "He who has the gold, makes the rule."

    :)

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  50. "Rasteira", foi recurso a uma figura de estilo, para ilustrar um conjunto de considerações que apesar de hipotéticas, se situam num campo realíssimo. Em minha opinião evidentemente, caro AF.
    ;)

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  51. Bondade sua, caro Dr. Tavares Moreira.
    Até preferia que me considerasse menos honesto... dar-me-ia uma margem de manobra mais ampla, assim... sinto-me como que... espartilhado.
    :)))))
    Brincadeira, caro Dr., honram-me imenso as considerações acerca da minha pessoa, apesar de... bah! não vou repetir aquilo que já referi anteriormente, se bem que, agentes sempre dá mais apreço quando dizem bem d'agentes, ora...
    ;)))))

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  52. Caro AF,

    Transferência de riqueza, numa compra e venda em condições de concorrência quase perfeita?
    Pelo facto de vender, recebendo um preço livremente ajustado, quem vende transfere riqueza para quem compra?
    Mas isso sucede em toda e qualquer transacção,dos muitos milhões que diariamente se efectuam tendo por objecto todo o tipo de bens e de serviços, confesso que não descortino onde vai fundamentar esse conceito de transferência de riqueza...
    Eepisódio muito simples que utilizei como exmeplo serve para mostrar a rapidez com que os mercados respondem às necessidades das pesssoas...numa economia de direcção central, planificada, levaria séculos a perceber e a encontrar respostas para este tipo de problemas...é mais fácil nesses sistemas perseguir ou exterminar grupos de cidadãos inconformados.
    Veja como os políticos, num sistema livre como o nosso andam às aranhas para encontrar soluções...
    E é a eles que cabe, por definição, corrigir as deficiências dos mercados...engraçado, não concorda?

    caro Bartolomeu,

    Relativamente à qualidade que lhe atribuí, não se sinta por isso condicionado nem um instante por favor!
    E pode discordar à vontade dessa ou de qualquer outra das minhas opiniões, meu Caro,estamos num forum onde se preza a liberdade de expressão, sem prejuízo de procurarmos sustentar, por vezes ardorosamente, os nossos pontos de vista!

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  53. Caro Dr. Tavares Moreira,

    Estes comentários já vão longos, e o Dr. Tavares Moreira terá certamente melhores coisas para fazer do que estar a ensinar coisas básicas a um "básico" como eu :)

    Quanto à transferência de riqueza, quis apenas dizer que, na minha visão simplista, me parece que este exemplo ilustra muito bem (por ser um extremo, se calhar?) a situação de pessoas com menos poder económico se desfazerem das suas "reservas" em ouro, apenas para poder suprir necessidades mais imediatas, enquanto que os compradores, neste caso, certamente não estão confontados com essas necessidades, ou não teriam capital "extra" para poder investir em ouro. Resultado: "the poor getting poorer and the rich getting richer" :) (nota: eu nem sequer considero isto "justo" ou "injusto", apenas me parece um resultado inevitável do sistema)

    Assim, continuo a achar (porventura fruto de algum erro básico) que este sistema, a prazo, vai sempre contribuir para que o "fluxo" se faça no sentido que acima descrevi. E não linearmente, pois quanto maior a acumulação, maior a "disponibilidade" e facilidade para mais acumular. Isto, sem entrar no campo das corrupções e distorções, fruto da capacidade de captura dos "árbitros" pelos mais "abastados".

    Gostaria só, para concluir, de dizer que ainda menos acredito em sistemas de planificação central! Eu sei, às vezes pode parecer, pelo que escrevo, que subscrevo esse tipo de teorias, mas não, de maneira nenhuma. Mas não é por achar abominável o "comunismo" que deixo de achar impraticável o "capitalismo". E acho realmente engraçada a atitude dos políticos, mas porventura não pelas mesmas razões que o caro Dr. Tavares Moreira :D Até porque eu não vejo o nosso "sistema" assim tão livre.

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  54. Caro AF,

    Eswsa teoria de que quem compra e vende transfere riqueza pela razão simples de quee xiste uma grande desproporção entre a dimensão financeira de quem vende e de quem compra - o que no caso em apreço nem será assim tão evidente dada a enorme proliferação de pequenos estabelecimentos para a compra do vil metal - levar-nos-ia a ter de concluir que as pessoas que fazem compras no Continente ou no Pingo Doce estão a transferir riqueza para os grupos Sonae ou Jer. Martins.
    Será assim?
    Mas se assim for, confoirma-se o que lhe tinha dito no comentário anterior - a concçlusão de que haverá sempre transferência de riqueza desde que de um lado esteja um consumidor/vendedor e do outro lado um vendedor/comprador dotado de algum capital e organização...
    Será este o mal que encontra no sistema de economia de mercado, sinceramente?
    E, mais uma vez, peço-lhe que não identifique sistema de economia de mercado e sistema capitalista porque podem diferir bastante...

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  55. Caro Dr. Tavares Moreira,

    Posso ter-me expressado mal. Creio que não, mas é possível.

    Nunca quis dizer que "...quem compra e vende transfere riqueza pela razão simples de que existe uma grande desproporção...". É, para mim, lógico que haja sempre transferência de riqueza, como nos casos que aponta. Por sua vez, há-de haver transferência em sentido oposto, na forma de remunerações, por exemplo. E não vejo "mal" nenhum nisso, em princípio. Mais, também acredito que uma economia de mercado livre se "encarregaria" de penalizar os "maus" operadores, aqueles que, naturalmente, se sentissem tentados a não equilibrar devidamente o "input e output" de riqueza, por assim dizer. No entanto, parece-me que há um ponto a partir do qual este mecanismo deixa de funcionar. Não lho consigo descrever detalhadamente, pois como já disse anteriormente, os meus conhecimentos na área são abaixo de rudimentares. Mas há uma massa crítica que se atinge, um valor a partir do qual a equação se desiquilibra e, inevitavelmente, tende a "favorecer" a concentração aberrante de riqueza por uma pequena parte dos intervenientes no sistema. Eventualmente, será a partir do momento em que essa parte atinge dimensão suficiente para deturpar em proveito próprio as "regras do jogo". A partir daí, é sempre a descer. :)

    Agora, no caso do ouro, parece-me honestamente tratar-se de um fenómeno completamente diferente do das compras no Pingo Doce. :)

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  56. Caro AF

    Com boa voantade em descobrir a verdade - que já percebi existir pelo seu lado - chegaríamos, mais umas dezenas de comentários adiante, a um razoável entendimento, estou convencido...
    Ficva para outra vez, se achar bem...
    Só lhe digo, por agora, que a tal tendência para um desequilíbrio que poderá atingir os mais fracos da relação económica, favorecendo a acumulação de riqueza pelos mais poderosos, não é mera invenção sua, é um risco real num sistema deixado à deriva - o tal capitalismo selvagem de que fala o nosso amigo Bartolomeu.
    A correcção dessa tendência é precisamente o papel de um Estado decente, bem organizado, não envolvido na mixórdia dos negócios, independente dos poderes económicos - capaz de se impor aos actores do mercado em vez de se deixar misturar com eles, favorecendo uns em detrimento de outros como infelizmente tem sucedido entre nós com lamentável frequência...
    Não lhe faltam exemplos reais desse modelo de economia de mercado, na Europa em que vivemos: Dinamarca, Noruega, Suècia, Finlandia, Holanda, etc,etc.

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  57. Caro Dr. Tavares Moreira,

    Penso que, se atentar aos meus primeiros comentários nesta série, verá que o modelo pelo qual eu ainda nutro alguma esperança não andará muito longe dos exemplos por si descritos. Não creio que fossem necessários muitos mais comentários. :)

    No entanto, gostaria mais uma vez de expressar o meu agradecimento por ter aqui no 4R um espaço de debate e diálogo livre e civilizado, onde ocorrem discussões interessantes, como a presente é exemplo (pelo menos para mim :) )

    Em jeito de conclusão, não resisto: na lista de países que enuncia acima, não faltaria ... a Islândia?

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  58. Caro AF,

    A Islândia já foi e pode ser que volte a ser...neste momento encontra-se num intermezzo doloroso...se vier a sair-se bem...

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