1. Já não bastava que os enormes sacrifícios e o imenso ajustamento dos balanços das Famílias e das Empresas (privadas) – de que têm sido manifestação mais expressiva a forte subida do desemprego, a emigração em massa e a redução drástica dos saldos do crédito bancário à economia – tivessem contribuído, decisivamente, para a impressionante correcção dos desequilíbrios da economia portuguesa...
2. ...permitindo que se tenha passado, em pouco mais de 3 anos, de um défice da Balança Corrente superior a 10% do PIB para um superavit de 0,5%...forçando os credores internacionais a reconhecer, mais uma vez, que esta correcção excedeu largamente as suas expectativas (para quem tiver dúvidas, sugere-se leitura do relatório FMI, 10ª avaliação do PAEF)...
3. Ficamos também a saber, em função dos dados preliminares da execução orçamental de 2013, que foram mais uma vez as Famílias e as Empresas que ajudaram o défice das administrações públicas a ficar bastante aquém do limite de 5,5% do PIB que havia sido negociado com os credores internacionais, não tendo excedido, ao que parece, 4,3% do PIB...
4. Com efeito, segundo os dados divulgados pela DGO, o desempenho melhor do que o previsto ficou a dever-se, em boa parte, aos fortes aumentos das receitas de IRS (+35,5%) e de IRC (+18,8%), representando, no seu conjunto, mais de 10,5% do PIB e 131,3% da receita de IVA...
5. Segundo a mesma fonte de informação, as Administrações Públicas (Estado+Seg. Social) portaram-se lindamente, com aumentos da despesa global de 3,8%, da despesa corrente de 5,9%, da despesa corrente primária de 7,1% e das despesas com pessoal, de 10,4%...esta última em grande parte, como se sabe, graças ao forte sentido magnânimo da jurisprudência do TC...
6. Felizmente, tudo isto se passou, como bem sabemos, com escrupuloso respeito dos princípios constitucionais da equidade e da proporcionalidade na distribuição dos sacrifícios entre os portugueses.
Se as noticias se confirmarem e o estado portugues sair do programa sem adicionais, vai ser muito mau para nós, os portugueses besuntas que não fazemos parte da aristocracia do estado. Têm sido 3 anos maravilhosos, interrompidos apenas pela rainha Cavaca e pela camara dos lordes que lá vão ajustando o tamanho da malga de comida que nos vão deixando do nosso trabalho. A bem do controle da obesidade, claro. Que será de nós Portugal no dia em que a republica portuguesa voltar a poder gastar dinheiro????
ResponderEliminarMas não dizem que o governo anda a atacar o estado?
ResponderEliminarCaro Tavares Moreira
ResponderEliminarA direcção da Administração Pública em Portugal, como aliás, em toda a União Europeia, é nomeada pelos políticos no exercício de funções políticas.
Como não é possível, como sabe, aos quadros intermédios das Administrações Públicas, agirem sem a autorização do superior hierárquico, remeto-o para o parágrafo anterior.
O ano passado e, mais claramente este ano, fica patente quem é que, quando a música termina, fica sem cadeira para se sentar.
Em Portugal, a realidade e a consciência da mesma, são dois elementos que raramente andam juntos. O que explica muita coisa.
Cumprimentos
joão
Caro Tonibler,
ResponderEliminarFelizmente, esse dia, em que a RP pode recomeçar a gastar dinheiro -ao estilo do atirar dinheiro para cima dos problemas que caracterizou os primeiros anos após a entrada "triunfal" no pelotão da frente do EURO - deve estar ainda bem distante se é que alguma vez chegará...
Mas se chegar, mais vale fugirmos com o que tivermos à mão...
Caro luís moreira,
Sim, dizem, e estes números que citei, da evolução da despesa pública em 2013 provam essa acusação de forma iniludível...as coisas só estarão de feição quando a despesa pública, como na avançada economia venezuelana, puder aumentar ao ritmo de 3 dígitos/ano...
Caro João Jardine,
O último parágrafo do seu comentário - que entre nós a realidade e a consciência da mesma raramente andam juntas - considero-o lapidar.