terça-feira, 1 de março de 2005

Apuro trabalhista

Nos últimos tempos os analistas davam como certa uma vitória histórica dos Trabalhistas ante as difculdades manifestas dos Conservadores em afirmarem uma liderança capaz de se bater com Blair, perante o relativo sucesso das políticas económicas e a forma como o primeiro-ministro acabou por resistir às censuras (algumas do vindas do interior do próprio Labour) dirigidas à participação do Reino Unido na guerra do Iraque. A reforçar a perspectiva de folgado sucesso eleitoral estaria ainda a coesão interna do partido e o consenso sobre as qualidades do líder.
Eis que, de repente, algo se transforma. Nos Comuns a legislação anti-terrorista proposta por Blair passou. Mas com o elevado custo de uma se não histórica, decerto relevante divisão nas hostes trabalhistas. Não foram dois ou três deputados aqueles que se opuseram veementemente à medida. Foram sessenta, entre os quais quatro antigos membros do gabinete trabalhista. Com argumentos caros à tradição social-democrata que inspira o partido, designadamente de defesa de direitos, liberdades e garantias fundamentais.
Veremos que reflexos terá este episódio nas eleições.
Perceba-se que, lá como cá, no mundo da política nada se deve ter como estável, certo ou permanente.

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