quarta-feira, 27 de julho de 2005

Mais vale tarde que nunca!...

Um Grupo de 13 Economistas fez publicar hoje um Manifesto em que alerta para o risco das grandes obras públicas, referindo que “o país não pode entrar em mais experiências fantasistas”.
Refere ainda que o investimento público, nas presentes circunstâncias da economia e das finanças públicas, não é ”um elemento estimulante do desenvolvimento…”
Embora para mim seja uma verdade óbvia, como tenho, aliás, referido várias vezes neste blog, fiquei satisfeito por um grupo de 13 Economistas ilustres ter vindo a público fazer tais afirmações.
Ainda anteontem, na Ordem dos Economistas, confrontei o Dr. Manuel Pinho com a correlação, de 1980 a 2000, entre investimento público e crescimento, nos EUA, na Europa a 15, no Japão e em Portugal.
Os países que mais cresceram não foram os que maior esforço fizeram de investimento público, antes pelo contrário, mas os que estimularam o investimento privado.
O problema, em Portugal, é que, por razões ideológicas, somos avessos a aprender com as boas experiências alheias.
Gostamos mais de aplicar teorias económicas, sem curar do ambiente em que as mesmas foram criadas ou do contexto em que se desenvolveram: aplicamo-las, em quaisquer circunstâncias....
Os desastres estão à vista... o que não significa que sejam reconhecidos por aqueles, Universitários ou Governantes, que as têm defendido e protagonizado.
Mas o mais preocupante é que o Governo continue, aqui e agora, com falsas medidas potenciadoras de crescimento, das quais, pelo contrário, irão resultar, a breve trecho, mais endividamento público, maior défice, mais impostos, menor investimento privado , mais importações e, em suma, menor crescimento.
Parabéns ao grupo dos 13 Economistas: mais vale tarde que nunca!...

3 comentários:

  1. O Reformista está em pulgas para saber a que horas o Presidente da República vai receber os economistas subscritores do Manifesto.

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  2. Pois é...cá andamos nós a querer vestir fatinhos Chanel sem ter dinheiro para andar sequer de tanga!
    Espero que não me levem a mal por aquilo que vou escrever, no entanto, o grande problema deste país nos últimos anos tem sido aquilo que o Pinho Cardão refere no seu texto que é "...reconhecidos por Universitários e Governantes...". As palavras chaves aqui são exactamente Universitários e Governantes, isto é, quem tem estado sistemáticamente à frente deste país (sobretudo da sua Economia e Finanças) são quase sempre Universitários e Governantes, ou seja, pessoas que por muito valor, e conhecimentos teóricos, que tenham (e eu sei que o têm porque apanhei alguns quando por lá passei) não têm um profundo contacto com a Economia real de um país, nem com a vida real das empresas, nem se deparam com os obstáculos que o mais "comum mortal" se depara quando quer criar uma empresa, gerar riqueza para o país (para si próprio também, é claro) e criar postos de trabalho. São excelentes pessoas que lá chegam e utilizam este nosso país como tubo de ensaio para testar as suas teorias económicas, e outras semelhantes, nas mais diversas áreas de governação. Pelo caminho fazem tábua rasa de tudo o que está para trás e mudam as regras do jogo a meio do jogo sem qualquer explicação fundamentada que possa levar à compreensão do meio empresarial (e do público em geral) da justeza e necessidade das medidas adoptadas. E não dão essa explicação lógica porquê?...Tão simplesmente porque sabem que essa mesma explicação não tem nada de lógico nem de compreensível para quem (como eu) anda neste mundo das empresas a tentar fazer alguma coisa pela sua vida, e pela vida dos seus colaboradores! Para quem (como eu) se farta de tanta mudança de regras ao ponto de considerar fechar as empresas em Portugal e abri-las com Sede em Espanha, França, ou numa Off-shore qualquer. E como eu há cada vez mais empresários a considerar sériamente essa opção. Ainda há algumas semanas atras em conversa com o Vice-Presidente de um Banco português na Suíça, explicava-lhe eu as razões pelas quais estou a considerar essas opções e a sua resposta foi que de facto nos últimos meses tem recebido muitos contactos de empresários que expressam exactamente o mesmo sentimento de desalento com a constante mudança de regras para "desenterrar" o dinheiro necessário para as constantes políticas despesistas que baseiam o combate aos sucessivos déficit no aumento da receita e nunca na verdadeira redução da despesa.
    Mas podia ser pior meus caros, o Governo podia estar a usar esses milhões de EUR para destruir em vez de construir, como por exemplo para destruir o Prédio Coutinho em Viana em Castelo, portanto até nem tudo é assim tão mau...NÃO É SR. PRIMEIRO-MINISTRO????

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  3. Subscrevo o comentário do Vírus na sua totalidade. Mas a propósito, não dou os parabéns ao Grupo dos 13 Economistas. Porquê? Muito simples, porque - como diria Fukuyama - também andam a comer ananazes na lua enquanto os restantes andam a comer enlatados na Terra. E já agora, aproveitando que estou em maré de invocações aos Santos, tomo a liberdade de relembrar uma das ideias de Michael Oakeshott acerca dos 'Professores' (incluindo os Universitários). Professores, são exactamente isso. Professores. Devem estar na escola ou na Universidade a desempenhar o seu papel.

    Tirando isso, em relação a esses 13 'Gurus' da Economia, a única coisa que me ocorre é que alguém não lhes deu o que pretendiam (a.k.a $$)e eles amonitaram-se (o que até se compreende, eu também me amotinaria. Na Antiga Grécia acontecia o mesmo com as tropas mercenárias).

    Em relação ao nosso querido e estimado défice, pois realmente o melhor é cortar nas despesas e aumentar as receitas. Depois pelo caminho, aumentamos a taxa de desemprego (para baixar a inflacção e impedir o consumo) e colocamos mais gente a receber subsídios da Segurança Social que é para pouparmos dinheiro. De seguida, estagnamos a economia sem qualquer esforço adicional áquele que já estamos a fazer.

    Independentemente de não perceber nada nem de economia, nem de finanças públicas (e de não ser Professor seja lá do que for), acho que estou pronto para ser Ministro das Finanças.

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