quarta-feira, 20 de julho de 2005

“Pílula milagrosa”….


Polypill

As doenças cardiovasculares são cada vez mais frequentes originando sofrimento e morte. As razões, de um modo geral, prendem-se com o facto de vivermos cada vez mais e com os nossos estilos de vida.
Como queremos viver mais tempo, o que é natural e desejável, devemos centrar os nossos esforços e atenção na modificação dos hábitos, dos maus hábitos, claro. Mas, não é nada fácil alterar os comportamentos de risco, porque envolvem muitos factores de natureza cultural, social e económica. São necessários muitos anos e até gerações para que possamos actuar, pelo que não é possível no curto espaço de tempo da existência de cada um observarmos os resultados.
Sendo assim, todo o esforço com o objectivo de prevenir muitas dessas doenças é bem-vindo. Como as doenças cardiovasculares ocupam o primeiro lugar, e muitos dos factores de risco são susceptíveis de controlo terapêutico, caso dos medicamentos para baixar a pressão arterial, reduzir o colesterol ou impedir a formação de “trombos”, foi proposto recentemente a produção de um comprimido com seis substâncias activas para ser ministrado, com objectivos profilácticos, a todos as pessoas com mais de 55 anos. De acordo com os proponentes, esta pílula poderia prevenir 80% dos ataques cardíacos naquele grupo etário.
A proposta tem sido alvo de discussão e de críticas por parte de alguns, como seria previsível. Os argumentos de que tal medida facilitaria a manutenção de estilos de vida prejudiciais não parecem ser suficientemente fortes, já que a tendência é para a melhoria.
Ainda vai demorar um pouco a entrada desta pílula nos nossos hábitos. De qualquer forma, é muito provável que a curto ou a médio prazo, lá tenhamos de a tomar ao pequeno-almoço… E, quem sabe, se às seis substâncias que protegem as nossas artérias, ainda não vão juntar uns pozinhos de um ansiolítico, de um antidepressivo, de produtos para impedir a queda de cabelo (existem mesmo!) ou combater a disfunção eréctil!
É a vida, como dizia o engenheiro! Mas se for para melhor, por que não?

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