quinta-feira, 22 de setembro de 2005

Meditação e saúde


La Méditation - Jean-Baptiste Greuze (1725-1805)


Um estudo recente revela que a meditação faz bem à saúde. Diversos jovens foram distribuídos por três grupos; um sujeitando-se a meditação espiritual, concentrando-se em frases com "Deus é amor", "Deus é paz", um segundo a meditação secular invocando frases tais como: “estou feliz” ou “estou muito satisfeito” e um terceiro a fazer técnicas de relaxamento. Ao fim de algumas semanas, foram sujeitos a testes psicológicos assim como à medição da resistência à dor, mergulhando as mãos em água fria a 2º C. Os jovens que praticaram meditação espiritual eram os que apresentavam melhores indicadores incluindo o facto de terem resistido durante mais tempo à agressão da água fria. Os que praticavam apenas técnicas de relaxamento apresentavam os indicadores mais baixos ficando o grupo de meditação secular entre os dois.
Desde há muito que se realizam estudos no âmbito da religião e da espiritualidade com a saúde. Muitos desses estudos apontam para efeitos benéficos. No entanto, convém debater se determinadas práticas religiosas terão os mesmos efeitos. O aparecimento de novas correntes religiosas, caracterizadas pela exploração dos seus adeptos, utilizando técnicas de manipulação de massas com o objectivo de por em evidência as suas capacidades terapêuticas cai no âmbito do histriónico, da histeria de grupo e, não envergonhariam os participantes de qualquer Vilar de Perdizes. Muitos seres humanos são vulneráveis a práticas que se assemelham mais a rituais mágicos do que propriamente ao desenvolvimento de saudável espiritualidade.
São vários os mecanismos fisiológicos invocados para explicar os efeitos benéficos resultantes do cultivo de uma espiritualidade elevada. Há poucos anos foi estudada a relação entre a religião e a hipertensão arterial tendo sido verificado valores mais baixos nos fiéis. Sabendo que são vários os factores que estão na génese da hipertensão arterial, nomeadamente o consumo de sal, que entre nós atinge valores muito elevados – em média, superior a 12 gramas por dia – e, face ao qual devemos lutar, a fim de reduzir esta substância que é simultaneamente fonte de vida e causa de morte, convém recordar a asserção produzida pelo grande estadista e parlamentar, o bispo de Viseu, Alves Martins, que se encontra reproduzida no pedestal da bela estátua de Teixeira Lopes erguida no largo de Santa Catarina: “ A religião deve ser como o sal na comida: nem muito nem pouco, só o preciso”. Hoje, sabemos qual a quantidade de sal necessário, mas, no tocante à religião não. O que sabemos, e as evidências apontam para isso, é que doses maciças de certas estratégias religiosas acabam por fazer mal, tal como o sal em excesso…

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