quinta-feira, 8 de setembro de 2005

Ética republicana


república

O Presidente da República voltou a invocar, ontem, na inauguração de uma creche, a ética republicana.
Coitadas das crianças, sujeitas a tal tratamento!...
Creio que ética republicana é um conjunto de palavras a que não corresponde qualquer conceito e, portanto, nada diz, nem algo significa.
Ou, pior, significa o contrário do que devia.
Agir com ética, desde Aristóteles, significa ter um comportamento virtuoso.
Entre as grandes virtudes morais, Aristóteles colocou a justiça.
Ora o comportamento da República, em matéria de justiça, tem sido tudo, menos virtuoso.
Como não apresenta qualquer virtude na relação com as empresas, a quem não paga atempadamente o que deve e com os cidadãos, normalmente mal atendidos nos serviços públicos.
Como não apresenta qualquer virtude na gestão dos seus colaboradores, tratados por igual em matéria de salários e de promoções, qualquer que seja o seu mérito.
Como não apresenta qualquer virtude, quando escolhe para os lugares mais importantes não a competência, mas a fidelidade partidária.
Como não apresenta qualquer virtude, quando, por mesquinhas razões ideológicas, não permite que outros façam o que a República não é capaz de fazer ou que faz manifestamente mal, prejudicando os cidadãos.
Um comportamento virtuoso continuado define um padrão de actuação, que é uma ética.
O que se verifica na República é um comportamento vicioso continuado.
E é esse comportamento que o Presidente erige em ética, quando fala em ética republicana.
Porque uma conduta reprovável não é a que devia ser, mas a que é.
E uma conduta continuadamente reprovável, como é a da República, forma um costume, uma ”ética”, a republicana, que o Presidente tanto acarinha.
E que começa a pregar às crianças!...

2 comentários:

  1. Caro Pinho Cardão,

    Que ética republicana não queira dizer nada e que ir falar disso para a cresce seja um tratamento desumano, concordo. Agora que daí se associe todo o mal do país à república...

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  2. Caro Pinho Cardão,

    Eu explico:

    Na ética monárquica tinha o estado repleto de 'condes de Massamá', descendentes do primeiro 'conde de Massamá' que morreu numa batalha contra os espanhóis

    Na ética republicana tem o estado repleto dos descendentes dos primeiros ministros dos governos da primeira república, que se destinguem, não pelo título, mas pelo mandato que têm na campanha do Mário Soares.

    Em termos práticos, tem essa enorme diferença que só mesmo os miúdos da creche percebem...

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