terça-feira, 15 de maio de 2007

Cancro da mama

As descobertas na área da medicina têm sido verdadeiramente impressionantes. No entanto, as expectativas ao redor de certas doenças, caso do cancro, não tiveram o mesmo sucesso relativamente a outras. Apesar de conquistas notáveis na área da oncologia estamos longe de atingir o patamar atingido em muitas outras situações.
Ultimamente foi noticiado que “em muito pouco tempo” a “solução” do “cancro” será alcançada. Deus queira! Embora tenha algumas dúvidas.
A etiologia do cancro é complexa e multifactorial. Os denominados factores de risco podem explicar muito, mas há outro tanto que não se consegue explicar.
Dentro deste grupo, o cancro da mama constitui um dos principais, atingindo muitas mulheres. Muitas são as causas apontadas: factores genéticos, idade, álcool, tipo de alimentação, poluição, disruptores endócrinos, não ter filhos ou tê-los tardiamente, não amamentar e tratamentos hormonais, entre outros.
Para reduzir a incidência é preciso conhecer todos estes aspectos. Para reduzir a mortalidade é preciso diagnosticar o mais rapidamente possível e efectuar a terapêutica mais adequada.
Os tratamentos hormonais estão sob suspeita desde há muitos anos. Agora, provou-se que é uma realidade a associação entre este tipo de tratamento e uma maior incidência do cancro. Tal facto leva-nos a meditar sobre as consequências e vantagens de certas terapêuticas. Mesmo que os riscos sejam pequenos, atendendo ao elevado número de mulheres “medicadas”, o número final atinge expressão particularmente grave. O estudo recentemente publicado veio confirmar a associação. Sendo assim, terá de haver muitos cuidados com as novas terapêuticas, não obstante toda a investigação subjacente à sua introdução.
Nos últimos anos observou-se, nos E.U.A., uma redução da incidência e da mortalidade por cancro da mama e, também, da terapêutica hormonal, factos muito positivos e animadores.
Sabemos a facilidade com que se criam mitos ao redor de certas doenças. E o cancro da mama também não foge à regra. Em 1995 foi publicado o livro “Dressed to Kill”. De acordo com os autores, o uso regular do soutien constituiria um risco acrescido. E chegaram a propor o seguinte mecanismo: “a drenagem linfática ficaria comprometida pela compressão, fazendo com que as toxinas ficassem retidas no tecido mamário”. É óbvio que esta justificação não foi aceite pela comunidade científica. De qualquer modo, esta “explicação” urbana traduz uma certa frustação (ou quem sabe se não mesmo intenção) face ao não adequado conhecimento das causas da doença, permitindo que as pessoas não pensem muito sobre contraceptivos ou terapêuticas hormonais de substituição, mas mais em pesticidas, desodorizantes e soutiens...
É lamentável a propagação de uma apresentação em PowerPoint, utilizando figuras de belas mulheres “denunciando” o uso do soutien como factor de risco de cancro da mama, fazendo esquecer outras, essas sim, verdadeiras e preocupantes.

5 comentários:

  1. Boas!! de facto esta doença devería ser mais estudada, para se encontrar a cura o mais rápido possível, até porque psicologicamente é muito mais forte... Para a mulher ficar sem um seio, é mais difícil do que ter a doença em sí...

    Já agora, visitem:

    http://aberturadepensamento.blogs.sapo.pt

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  2. Caro Professor Massano Cardoso
    Que motivações podem justificar um tal PowerPoint e um tal slogan?
    Não é bonito brincar com uma coisa tão séria!
    O problema do cancro da mama continua a ser muito sério, apesar dos progressos que a medicina tem fito no seu rastreio e na sua cura.

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  3. Cara Margarida

    É difícil explicar cabalmente as razões, mas há certas correntes que querem justificar as suas opções de vida, alimentares, comportamentais, transferindo os factores de risco para certas áreas que não resistem a uma análise científica-epidemiológica. Há quem afirme que não passa da construção de “mitos urbanos” tendentes a responsabilizar certas “causas”, “ignorando” propositadamente aquelas que são mesmo preocupantes, como quem diz: “o cancro da mama surge não porque estivemos sujeitas a determinados factores de risco, tal como a terapêutica hormonal de substituição, por exemplo, mas sim porque estamos a usar soutiens!”
    O que é certo é que certas mensagens perturbam mesmo ao desinformarem as pessoas. Não é justo, porque não contêm informação credível.
    Mas, já agora, tudo aponta para que uma redução da terapêutica hormonal, sobretudo a de substituição, se faça acompanhar no futuro de uma redução do cancro da mama. Há indícios de que tal esteja a acontecer.

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  4. Obrigada, Professor Massano Cardoso pela explicação.

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  5. Nao tenho qualquer duvida de que lado estao as motivaçoes, num mundo onde os milhoes falam mais alto que a vida humana. Existem tantas provas para essa tese e tao facil de provar que chega a ser ridiculo ainda porem em causa. Na verdade nao convem acabarem com o tremendo "poço de petroleo" que è a cura do cancro da mama sem terem outro que o substitua. O cancro da mama em grande escala nas mulheres só apareceu após o habito nas sociedades mudernas do uso do sutian, nas sociedades onde nao se usa o sutian o cancro tem a mesma incidencia nos homens que nas mulheres e è bem pequena. O sutian nao só è a principal causa do cancro da mama como tambem è responsavel pelo envelhecimento precoce dos seios. è muito facil de provar, 2 ou 3 semanas sem o sutian e todos os nodulos que possam existir nos seios simplesmente desaparecem, alem de que os seios ficam mais macios, redondos e levantados. Experimentêm e têm a prova. MAS NAO RENDE MILHOES...

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