sábado, 26 de maio de 2007

Notícias ou publicidade?

Gostaria que me explicassem como é que certas “notícias” chegam à redacção dos telejornais. São tão despropositadas a ponto de sentir arrepios. Quase que me obrigam a pensar na existência de algum negócio escondido. De facto, como é possível dar tempo de antena, num telejornal das oito, a uma firma de franceses que, por mero quatrocentos euros (!), possibilita fazer perder 4 a 5 quilos em duas semanas, utilizando técnicas de substituição da flora intestinal? Antes era o sotaque espanhol, agora passamos a sotaque francês! Sempre à volta da gordura. A reportagem publicitária vai provocar, nas próximas semanas, uma afluência de milhares de pessoas à clínica, para substituir a reles flora intestinal lusa, obesogénica, por outra mais preciosa, tipo parisiense, mais fina, mais elegante!
Mas como uma notícia é pouco, que tal uma segunda logo a seguir? De facto, parece que há uma romaria à Ucrânia para tratar casos de cegueira. Verdadeiros milagres a recordarem os praticados pela medicina cubana. Agora viraram-se para o leste. Famílias gastam dinheiro, fazem peditórios e aí vão eles à procura da cura. Uma das pessoas fez tal apologia da oftalmologia ucraniana ao ponto de afirmar que “até uma pessoa com vista de vidro veio de lá a ver”!
Mas será que as redacções não têm consultores científicos capazes de analisar estas notícias, evitando que muitos crédulos possam cair no conto do vigário?

2 comentários:

  1. Por essas e por outras é que eu só vejo os noticiários de televisões estrangeiras (CNN, BBC, Sky News, EuroNews, TV5, France24, Al-Jazeera, LCI). Ao menos esses telejornais não são assaltados com noticias milagrosas desse género, nem a Sky News quanto mais os outros!

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  2. Caro Professor Massano Cardoso
    Pergunta bem: "Gostaria que me explicassem como é que certas “notícias” chegam à redacção dos telejornais".
    Mas também é caso para perguntar, porque é que a comunicação social agarra estas notícias?
    Hoje os jornais e as televisões andam à procura das novidades para com elas fazer as notícias. E a resposta está no sensacionalismo.
    Fazem sensação garantida as notícias sobre histórias pessoais, em particular sobre questões biomédicas e em especial as bem sucedidas.

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