quarta-feira, 25 de julho de 2007

A feitora, o patrão e a charrua


Por indicação de um olheiro, a feitora pensou ter descoberto um naco de boa terra fértil que, bem lavrada e semeada, lhe concitaria a eterna gratidão e as benesses do patrão. Tratou a terra com desvelo e investiu todos os seus recursos na sementeira. Mas, por mais que tivesse sido lavrada e revolvida, a terra era ruim e não foi capaz de dar fruto. O patrão viu que o investimento efectuado se estava a revelar ruinoso, lhe delapidava recursos e sobretudo fazia desviar as atenções de projectos mais importantes noutras áreas. Decidiu abandoná-lo, por isso. Entretanto, para dar visibilidade ao investimento e salientar a excelência do mesmo, que deveria ficar como exemplo perene para as gerações vindouras, a feitora tinha castigado um trabalhador qualificado, por falta que não cometera, deportando-o para outras terras.
Terminado o projecto sem honra nem glória, a feitora continuou a ser considerada e, apesar do erro grosseiro, foi mantida no seu lugar, com todas as honras inerentes.
Em vários quadrantes, logo se ouviram os maiores elogios ao patrão pelo rasgo, magnanimidade, coragem e autoridade evidenciadas na decisão que tomou.
O trabalhador deportado não mereceu qualquer palavra do patrão. Continua a mourejar no exílio.
Assim termina uma história exemplar. Termina?

5 comentários:

  1. Como o camarada Toni é um adepto ferrenho da máxima "A Terra a quem a trabalha!", eu diria que quer a feitora, quer o trablhador, deveriam fazer-se ao campo para lavrar a terra e, aí, mostrarem que é deles. Porque isto de trabalhadores, feitores e patrões todos na casa da quinta à espera que a sementeira se faça, só pode dar em asneira e, claro, discussões de quem não tem nada para fazer...

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  2. Eu não acredito em finais felizes muito menos nesta.

    Com tartarugas em cima de postes a comandar os destinos das terras, como é possível esperar finais felizes?

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  3. Espero bem que não termine por aqui uma vez que o "equipamento" em causa tem direito à retaliação e a ser ressarcido pelos danos patrimoniais e não patrimoniais causados. E também tem direito a "caçar" o chibo, promovido a assessor, e a fazer dele um belo de um ensopado (para quem gosta é claro).

    Carpe Diem, digo eu. Nunca deixar para amanhã o que se pode fazer hoje, pois pode não haver outra oportunidade.

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  4. Este é o estilo que teremos de adoptar, a partir de agora, para ludibriar o lápis azul, perdão,o lápis cor-de-rosa.

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  5. Cá por mim sempre tendi mais para o LIVE AND LET LIVE... mas começo com o passar dos tempos a dar comigo a adoptar o LIVE AND LET DIE...

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