sexta-feira, 6 de julho de 2007

“Roncar”...

Um estudo britânico concluiu que 75% da população adulta ressona, e que um terço o faz muito alto, impedindo o parceiro de dormir.
Entre nós, podemos afirmar que 47% dos adultos não sofre deste problema, desconhecendo-se o que acontece a 16% (não têm testemunhas). De qualquer modo, a percentagem dos que ressonam todos os dias, ou a maior parte do tempo, chega aos 20% o que dá uma ideia de grandeza no nosso pais.
As causas desta perturbação são variadas, destacando-se a idade (sempre a idade!), a obesidade e o consumo do álcool, por exemplo.
A associação entre a roncopatia e a apneia do sono está bem estabelecida, levando a que as pessoas sofram de cansaço, sonolência diurna, e de agravamento de muitas patologias, maior risco de diabetes, de divórcios e de suicídios!
As perdas, em termos de horas de sono, durante a vida média de um casal, poderão chegar aos dois anos! É verdade! Dois anos para um relacionamento de um quarto de século. Que desperdício, sobretudo para quem gosta de dormir, claro!
A situação é de tal modo grave que tem originado o aparecimento de muitas soluções, inclusive as cirúrgicas, mais eficazes e duradoiras, além da mudança de estilos de vida.
Os chineses pretendem impedir a admissão de recrutas que ressonam. Chinês com falta de sono deve ser muito perigoso, pelos vistos! Não sei como o irão fazer, mas, manifestaram já essa intenção. Deverão aplicar algum “roncómetro” especial?
Muitas figuras públicas são e foram “roncadores” exímios, capazes de afugentar qualquer mortal, incluindo animais, com toda a certeza. O caso de Roosevelt era muito grave ao ponto de os restantes doentes, quando esteve hospitalizado, terem sido transferidos para um outro andar a fim de conseguirem dormir. Não foi por razões de segurança do então presidente, foi para segurança dos outros doentes.
O que me chamou mais a atenção na notícia foi a descrição de cinco tipos de “roncos”. A saber: os “assoadores” que produzem um som tipo relincho de cavalo; o “roncorquestra”, com sons longos e baixos, aumentando num crescendo assustador; o tipo “McEnroe” com sons curtos e violentos; o “Morsa” com “grunhidos contínuos”, e, por fim, o “Velho Barulhento”, fazendo lembrar um carro velho com o motor nas últimas!
Se o autor fosse português decerto encontraria outra forma de classificação, introduzindo, por exemplo o “ronca que nem um porco”, ou, ainda, uma nova forma: o “ronco politico”. Quanto ao primeiro, presumo que ninguém tem dúvidas. Relativamente ao segundo, trata-se de um novo tipo, ronco sibilino, constante, incomodativo, intimidando qualquer um que se aproxime, a não ser que seja “surdo funcional” ou que ronque na mesma frequência...
Sabendo dos efeitos negativos que a roncopatia tem, em geral, na oxigenação cerebral, comprometendo as altas funções deste órgão, poderá, em certa medida, contribuir para explicar algumas das más decisões, e inoportunas declarações, que temos vindo a assistir ultimamente. Quanto à frase “ronca pra aí”, utilizada como sinónimo de desprezo, o melhor é não a utilizar e aconselhar, em contrapartida, o tratamento mais adequado. Porque existe. Felizmente!

4 comentários:

  1. O que vale é que, ao contrário do que alega a minha esposa, eu não ressono.

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  2. E tem que se tomar como verdade indiscutível, caro Tonibler!...

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  3. Pois eu ressono!!!!!!!!
    Considero-me, porém um ressonador educado, na medida em que espero a minha esposa adormecer, para depois deixar que o meu ressonar se espraie pelo leito. Ressono sempre que adormeço de papo-para-o-ar e chego a acordar, envolto na volúpia do ronco que não jurarei chegue a ser própriamente um ronco.
    E mais, além de ressonar na situação de papo-para-o-ar, sustenho frequentemente a respiração de modo que ao acordar, duvido sempre de ainda estar vivo.
    Mas não procuro a cura para tudo isto, pois seduz-me a hipotese de morrer a dormir, asfixiado por uma apeneia mais demorada, quem sabe envolto num sonho edílico de ver este mundo de ressonantes, repirar desafogadamente, liberto de tanto político, de tanta maldade, de tanto atropelo às dignidades e às liberdades. Assim, lá vou paulatinamente ressonanado, apeneiando e... sonhando.

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  4. Boa Bartolemeu!
    O seu tipo de ressonar é novo. Não sei como classificá-lo, se da "esperança" ou da "liberdade"...
    O que é dado por adquirido é que no seu caso não parece haver sinais de má oxigenação cerebral! Ainda bem...

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