terça-feira, 11 de setembro de 2007

A paciência da investigação e a urgência da "informação"

Estou a ver o Prós e Contras num derradeiro esforço para conseguir apurar o que é que, de facto, se sabe sobre o caso Madeleine. Quais são os dados objectivos já provados, o que é que realmente mudou desde o momento em que se soube do desaparecimento da criança até hoje, em que os pais são quase apedrejados se saírem à rua.
Confirmo que não se sabe absolutamente nada, ou antes, que nada foi transmitido pela Polícia Judiciária, nem agora nem durante estes meses, que permita sequer suspeitar do que quer que seja. Terá sido afastada a hipótese de rapto, quando muito.
Cada pessoa que fala, é para dizer que as "provas" não provam nada, pelo menos o anúncio dos resultados não significa nenhuma conclusão. Ou que a maior parte dos factos são pura especulação. Ficção, invenção, só por acaso serão confirmadas.
Fica-nos mais uma lição – quantas mais serão precisas? – de que a fúria mediática pode entreter mas não pode, nem deve, convencer. Uma coisa é informar e alardear a informação que exista. Outra, é passar o sapateiro além do chinelo, e termos em cada jornalista ou comentador um Poirot em perspectiva. Seja qual for o desfecho deste caso, já se passou muito das marcas. Lembram-se da Casa Pia, da criança do Aquaparque, da especulação até à agonia? Pois é. Não aprendemos.

11 comentários:

  1. O trágico é que muitos jornalistas dizem que assim é que cumprem o seu dever de informar. E um até justificou hoje no programa a atitude das televisões em função das audiências, medidas ao minuto!...
    Outros já dizem que a culpa do mediatismo é dos pais, como se fossem eles a colocar as notícias na comunicação social.
    O que se tem passado é uma vergonha.

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  2. Já que não sou um expert na matéria, peço-lhe alguma tolerância por não concordar consigo.

    A passagem dos McCann para a condição de "arguidos" ,é uma mudança radical. Bem sei que não é uma sentença...mas a conotação de arguido com culpado é muito forte e, daí, todo este alvoroço.Conhece com certeza a expressão "não há fumo sem fogo"!

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  3. Assim em jeito de Dan Brown, recorrendo aos enígmas criptológicos verificados, recapitule-se:
    -O casal de pais da menina, possuem uma profissão cuja etica assenta na defesa e preservação da vida humana.
    -Ambos demonstram estar em posse das suas faculdades mentais e psicológicas.
    -Apesar da consternação que aparentava, o casal demonstrou bastante presença de espírito e sangue frio, face à situação que estava a viver, organizando uma estratégia de actuação, bastante elaborada.
    - No decorrer de toda a operação mediática, o casal direccionou os seus apelos para "alguem" específico, no sentido de que a menina seja devolvida.
    -Os vestígios de sangue que as análises confirmaram pertencer à menina, no apartamento e no automóvel, não passam de vestígios. Na situação de ocorrer um episódio de violência suficiente para provocar a morte da criança, vestígios não seriam hipotéticamente suficientes.
    Por estes e outros factos observados, mas sobretudo pela atitude direccionada dos pais, acredito que eles conheçam ou suspeitem de quem tem a menina em sua posse. O facto de recorrerem tão veementemente a orgãos oficiais, governo e papa,assim como à opinião pública massiva, poderá significar que esse suspeito seja alguem de muito poder, só sensibilizável por aquelas "forças". Poderemos estar na presença de uma situação que ultrapassa o inteligível, colocado numa posição que envolve forças e poderes dificilmente atingíveis.
    Não nos esqueçamos que os esforços empregues na solução do caso, não estão limitados à nossa polícia judiciária.

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  4. PS

    ...Agora, ao ponto a que as coisas chegaram, é expectável que a PJ tenha visto mesmo o fogo!

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  5. Desculpem lá, mas culpar os jornalistas é culpar os únicos que estão a fazer o seu trabalho.
    A lei portuguesa é uma nódoa, coisa que ninguém tem coragem de dizer abertamente, porque leva a esta barbaridade de uma pessoa ser pré-culpada e levar metade da pena logo nessa altura.

    Há anos que ouvimos o discurso infantil do "arguido não é culpado", "todos são iguais perante a lei", "até transitar em julgado todos são inocentes", dito por quem só tira renda do estado fascista em que vivemos( advogados, juízes, polícias, magistrados ), por quem enriquece com o espezinhar da dignidade das pessoas. A primeira das revoluções do país deveria ser a demolição completa do edifício legal com o qual, diga-se, nunca iremos a lado algum. É tempo de olharmos para as fotografias dos "pais do direito" e metê-las no lugar devido, no lixo, e fazer um país onde o povo seja de facto respeitado e não como uma massa plebeia que vive para que os senhores do estado não sejam muito incomodados com os problemas menores da ralé.

    Não são os meus caros que defendem a redução dos impostos? Então defendam a não redução, para pagar subsídios de desemprego a advogados e juízes enquanto estudam as novas leis do país, baseadas em coisas, hoje consideradas absurdas, como os "Direitos do Homem" ou a Constituição da República.
    Agora, os jornalistas? O trabalho deles não é informar? Pois, estão a informar. E os outros todos?????

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  6. Tem mesmo razão, caro tonibler!...
    Mas uma coisa eu lhe vaticino: com essa sua maneira tão peculiar de chamar os bois pelos nomes, tenho a certeza que nunca provará, tal como eu, as deliciosas bananas que esse grande bananal,generosamente, distribui a quem nada faz para alterar o status quo!

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  7. Pois bem, eu até nem ia dizer nada sobre isto, no entanto, não me contenho.

    Os jornalistas cumprem o seu dever de informar?

    Sem dúvida.

    Têm problemas em estabelecer prioridades?

    Também.

    Distorcem o que vêem ou o que ouvem conforme o lado para que sopra o vento?

    Certamente que sim. Beauty is in the eye of the beholder e um homem parado no deck de um barco pode, na sua perpspectiva estar em descanso, enquanto outro homem que o observa a partir da praia pode, na sua perspectiva, achar que ele está em movimento. É relativo.

    Tratariam, os órgãos de comunicação social, a notícia da mesma maneira se não se tratasse de uma criancinha, loirinha, de olhos azúis e com um ar angelical que por acaso até - corresponde ao estereótipo de beleza, pureza, castidade e inocência?

    Dúvido. Se fosse um puto, angolano, ali da Pedreira dos Húngaros ninguém «ligava um boi», pelas mais variadas razões, com a agravante de que se houvesse alguma suspeição que recaísse sobre os pais, estes ainda estariam sujeitos a levar uns belos de uns tabefes. Mas isto, meus senhores, não é notícia porque ninguém quer saber onde pára um puto que não corresponde aos padrões de beleza pré-definidos, que ainda por cima deve estar em situação ilegal ou metido nas drogas, mesmo que não esteja porque se não for ele por não ter idade, seria o pai.

    São as pessoas, individualmente, que têm de fazer a triagem da informação que hes é transmitida. Parece-me um erro considerar as coisas de outra forma.

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  8. Mas isso, camarada Anthrax, já é culpa "sua". De todos os assuntos que acha interessante, de todas as notícias que o preocupam, de tudo o que vê e o que lê. Os jornalistas divulgam notícias sobre os assuntos que lhe interessam, não decidem os assuntos que lhe interessam. Sabe a classificação da selecção portuguesa de esgrima no último europeu? Foi noticiado...E da de futebol nos útimos tres europeus?

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  9. Caros comentadores, acho que todos gostaríamos de ser informados, como diz Tonibler, para mais num caso em que os próprios pais recorreram à solidariedade pública para os ajudar a resolver este drama. Mas o que eu queria referir é que as coisas foram muito, mas mesmo muito, além da informação. Se nos déssemos ao trabalho de apurar apenas os factos que entretanto ocorreram - e ontem no prós e contras, houve um esboço disso - concluiríamos que 90% é pura especulação, atiçando a população ao rubro para um lado (vítimas) e para o outro (algozes). Não sei como se concluirá este estranho caso, o raciocínio do caro Bartolomeu é tentador mas não explica por que motivo foram constituidos arguidos.Mas a questão não é essa, isso caberá aos investigadores. A questão é até que ponto se pode aceitar a especulação desenfreada misturada com o direito à informação, será que é uma inevitabilidade?

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  10. Cara Suzana:
    Se para os media a informa�o fosse uma quest�o de cultura e feita por pessoas cultas, haveria informa�o verdadeira. Mas n�o �. Assim, o que devia ser informa�o n�o � mais do que especula�o desenfreada!...
    Este tema da comunica�o social � daqueles em que sou mais pessimista.

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  11. Temas tratados no Prós & Contras de segunda-feira:
    "Neste Programa
    A actuação da Polícia Judiciária Portuguesa!
    As críticas dos ingleses!
    A cobertura dos Media!
    A demora dos resultados das análises no Laboratório britânico!
    O impasse na investigação!
    No regresso do Prós e Contras o confronto dos especialistas nos vários ângulos de abordagem!
    Maddie! Quem são os culpados?
    "

    "O programa de informação conduzido pela jornalista Fátima Campos Ferreira trata semanalmente de um Assunto diferente, controverso e actual."

    Fonte: site da RTP.

    "(...) programa de informação (...)" não será mais um programa de pura especulação????

    "Maddie! Quem são os culpados?"

    Sem mais comentários.

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