sexta-feira, 7 de setembro de 2007

“Preservativos e florestas”...

Foi anunciado, há pouco tempo, que o Estado do Vaticano vai compensar as emissões de dióxido de carbono, florestando uma região húngara. O facto do Vaticano não ter assinado o protocolo de Quioto não interfere no elevado simbolismo desta atitude face ao grave problema do aquecimento global. A esta atitude soma-se o desejo de ser o primeiro “estado neutro” em carbono.
Aqui está como um pequeno território de meio quilómetro quadrado que, mesmo impossibilitado pela míngua de espaço para ter uma floresta, consegue ir até à Hungria e proceder a plantação de uma nova floresta.
A reflorestação é uma técnica muito importante para contrariar o fenómeno em causa. Mais valia que a fizessem noutras partes do globo onde, por razões de explosão demográfica, os recursos naturais estão a ser delapidados a um ritmo acelerador. Dentro dos muitos factores apontados, nomeadamente as actividades dos povos mais desenvolvidos, destaca-se o crescimento populacional. Não podemos esquecer que nas próximas décadas a população irá sofrer um acréscimo da ordem de 2,5 mil milhões de indivíduos a adicionar aos já existentes 6,5 mil milhões! Esta fatia da população corresponderá à emissão de 11 mil milhões de toneladas de CO2 a mais por ano.
Os Estados Unidos é um dos principais povos que mais tem contribuído para o aquecimento global, basta analisar alguns indicadores, como é o caso do consumo energético. O consumo diário de um cidadão norte-americano corresponde, no mínimo, a quinze dos países em desenvolvimento. Este país caracteriza-se, igualmente, por várias iniciativas de ajuda ao Terceiro Mundo. Uma delas prende-se com a distribuição de preservativos e contraceptivos em larga escala, mas, a administração “bushiana”, eivada de um moralismo duvidoso de forte cariz ideológico, deu cabo do propósito, substituindo-a por programas inspirados na abstinência. Não deixa de ser curioso o facto dos republicanos e dos democratas serem apoiantes da abstinência, com uma ligeira diferença, no último caso, acrescentam à abstinência “+”, ou seja, os preservativos. Deste modo, muitas organizações não governamentais deixaram de ser financiadas com todas as consequências facilmente identificáveis, nomeadamente o não controlo da transmissão do HIV/sida.
Alguns autores demonstraram uma relação inversa entre a densidade humana e o grau de florestação tropical. À medida que as populações aumentam, as suas florestas vão desaparecendo, ameaçando a sobrevivência de muitas espécies, a qualidade de vida dos humanos e agravando o aquecimento global. Controlando a natalidade, e forçando o fenómeno de transição demográfica, evitar-se-ia a desflorestação, entre outros aspectos. Sendo assim, a proibição do uso de preservativos por motivos de ordem religiosa contribui para a destruição das florestas e agravamento do aquecimento global. O Vaticano, com a sua politica de “proibição” de contraceptivos, nomeadamente o uso dos preservativos, estará a contribuir para este fenómeno. Não acredito que a “nova floresta” a plantar na Hungria consiga neutralizar os outros efeitos à escala global. Se quiser ser mesmo um “estado neutro” deveria abandonar a política proibicionista, contribuindo, deste modo, para a resolução de vários fenómenos que atormentam a humanidade desde a sida à emissão do dióxido de carbono.

9 comentários:

  1. Deveria haver um protocolo que limitasse a emissão de estupidez, mas os americanos também não iam assinar...

    ResponderEliminar
  2. Boa noite!

    Tenho-me habituado a ler neste blog comentários serenos e ponderados. Este, contudo, parece-me absolutamente delirante. A menos que seja humor refinado, e não deva ser levado a sério...
    Na mesma linha, sugeria então também a promoção das relações exclusivamente homossexuais, muitíssimo mais eficazes na diminuição da natalidade e, consequentemente, na protecção das florestas e na resolução do problema do aquecimento global. ;-)

    Saudações de votos de bom descanso de fim de semana, que bem precisa! :-)
    --
    http://porto.taf.net/
    http://taf.net/opiniao/

    ResponderEliminar
  3. Os posts de Massano Cardoso distinguem-se dos posts de qualquer outro comentador do 4a.

    Nem é preciso ir ver quem comentou para ver que estamos na presença de uma massanice.

    A minha estranheza deve-se ao facto de os outros comentadores nos habituarem a posts inteligentes.

    Já agora, que Massano nos explique pq todos os outros planetas do sistema solar tb estão a aquecer (tb será Bush ou os EUA?). Tente também obter informações sobre a ligação entre o aquecimento global e as manchas solares. Há mta informação disponível na internet p qm n tem tendencias conscientes ou inconscientes para verde eufémio.

    ResponderEliminar
  4. Reitero algumas das palavras anteriores presentes nos comentários quanto à qualidade deste post. Não retirando importância aos cuidados com o ambiente - florestação e impactos nocivos das demais actividades humanas - que a todos devem interessar (pelo menos um pouco que seja), seria de evitar (re)produzir ruído e projecções catastrofistas acerca do clima.
    Já nem comento a estafada retórica anti-americana quanto à não assinatura do protocolo de Quioto.
    Nas campanhas de desinformação (será deformação?) pseudo-científicas sobre o aquecimento global que os meios de comunicação veiculam e do filme-campanha de Al Gore, há muita informação não discutida (criticamente entre especialistas) e mesmo dados que são subvertidos para acomodar aquilo que parece ser uma campanha ideológica contra o desenvolvimento humano. Mais do que uma defesa do conhecimento científico rigoroso e livre. Exemplo? O papel do CO2. Segundo parece não é causa do aquecimento, antes efeito. Por outro lado, o gás que é o maior responsável pelo feito de estufa é: o vapor de água(!!!!!), para além de que o homem nem é sequer o maior produtor de CO2!!!!
    Como não sou especialista, atenho-me à leitura atenta de artigos que não têm visibilidade na comunicação social (estranho) e do visionamento, que reputo de fundamental, de um documentário do Channel Four britânico e que não teve tempo de antena entre nós. Mesmo quando os nossos alunos na escola pública são submetidos a doses inadmissíveis de Mentiras Convenientes que Al Gore apresenta no seu filme.
    Para não alongar este comentário recomendo apenas a ligação para o documentário - disponível na rede no Youtube ou no GoogleVideo- que tem o título:
    The Great Global Warming Swildle"
    Espero contribuir para que possa manter a qualidade e rigor que estou habituado a ler neste blog pela pena dos seus autores.
    Saudações,
    Luís Vilela.

    ResponderEliminar
  5. Há neste "post" dois assuntos distintos que o autor correlacionou
    mas que são muito importantantes, independentemente da correlação estabelecida.

    Quanto ao primeiro ponto, o aquecimento global,há quem persista em querer convercer-nos de que nada se passa de anormal, nada que o planeta que habitamos não seja capaz de digerir.

    Ora não é preciso ser cientista encartado para olhar à volta e perceber que a poluição, e nomeadamente a poluição atmosférica, assalta de forma indisfarçada o ar que respiramos nas cidades.

    É indesmentível que a cadência a que se reduzem os glaciares tem uma causa recente.

    Não é razoável supor-se que os alertas de tantos cientistas para consequências irreparáveis do aquecimento global possam decorrer de um qualquer fenómeno de esquizofrenia científica colectiva ou de obediência a um qualquer grupo de interesses que os remunera para isso, como alguns querem fazer crer.

    Quanto à questão dos preservativos, a questão colocada é incómoda para algumas pessoas mas é pertinente. Aliás, ela junta-se a muitas outras que são tipicas das contradições do mundo que habitamos: o direito à vida, que o preservativo não impede, é postergado milhões de vezes alguns meses mais tarde quando os seres gerados são abandonados à sua má sorte e mortos pela fome, que é a doença que mais mata.

    Quanto à correlação tentada por Massano, percebo a intenção mas acho-a forçada. Há poluição onde há população mas a relação está muito longe de ser proporcional.

    ResponderEliminar
  6. Será que podemos concluir, da leitura do post, que o seu autor considera a espécie humana, ela própria, o maior poluente?

    Será que podemos concluir, da leitura do post, que o seu autor considera que a ocorrência de uma pandemia que limpasse 40% da população mundial, uma coisa feia, mas útil para o planeta?

    Será que o autor apoiaria a distribuição gratuita deste livro

    http://dn.sapo.pt/2007/09/08/dngente/a_maravilhosa_escolha_nao_ter_filhos.html

    a todos os humanos em idade de procriar?

    ResponderEliminar
  7. Ui, Prof., foi mexer na sacristia...

    ResponderEliminar
  8. hehehe!

    Caro Professor Massano Cardoso: ADOREI ESTE POST! MANDE MAIS!

    ResponderEliminar
  9. senhor professor prometo que no seu próximo post serei a primeira a comentar, agora já não vale a pena, este assunto já está muito comentado, e o meu comentário acaba por não ter o impacto que eu pretendo, fico a aguardar ansiosamente pelo seu próximo post!

    ResponderEliminar