terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Interpretação, via negociação: um processo inovador

A Lei do Tabaco iniciou um inovador processo de interpretação legislativa. É a interpretação via negociação com os destinatários. A volatilidade da interpretação depende da relação de poder: mais favorável para quem pode mais e mais restritiva para quem pode menos. Com uma particularidade adicional: a interpretação autêntica é também feita por quem de direito, na televisão, em tempo real, consoante os argumentos utilizados pelos opinantes interessados. Também com grande volatilidade, que a resposta tem que ser pronta!...
Ah, e os Deputados que a fizeram não sabem o que fizeram e exigem esclarecimentos ao pobre do Director Geral que, além da interpretação negocial e da televisiva, também tem que fazer a parlamentar!...
De facto, para lamentar!...

6 comentários:

  1. Anónimo22:12

    Pois é, Pinho Cardão, uma enorme confusão.
    A interpretação autêntica é, por definição, a que é feita pelo órgão que fez a lei. Mas o Parlamento, ao que parece, terá delegado em Direcções-Gerais a missão de dar à lei o melhor sentido. Pois não foram os senhores deputados que chamaram ou pretendiam chamar o Director-Geral da Saúde para que os informasse dos critérios que iriam presidir à aplicação da lei que eles próprios criaram?
    Parece estar tudo doido!

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  2. Imagine-se, cada um de vós, um ditador que tinha que delegar num ministro a missão de produzir uma lei que proibia o fumo em locais públicos fechados. Aí pensariam "Bolas, nem o maior camelo consegue fazer asneira nisto..."

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  3. Vamos lá levar isto prá brincadeira, cantando uma coizinha de Elis Regina, afinal, a "esquerda" existe e pode ser audível... ;))))
    O BÊBADO E O EQUILIBRISTA

    Caía
    a tarde feito um viaduto
    um bêbado trajando luto
    me lembrou Carlinhos
    A lua
    tal qual a dona d'um bordel
    pedia a cada estrela fria
    um brilho de aluguel
    E nuvens
    la no mata-borrão do céu
    chupavam manchas torturadas
    que sufoco, louco
    o bêbado com chapéu de côco
    fazia irreverências mil
    p'ra noite do Brasil, meu Brasil
    Que sonha
    Com a volta do irmão Henfil
    com tanta gente que partiu
    num rabo-de-foguete
    Chora
    a nossa pátria-mãe gentil
    choram Marias e Clarisses
    no solo do Brasil
    Mas sei
    que uma dor assim pungente
    não ha de ser inutilmente
    A esperança, dança
    na corda bamba de sombrinha
    e em cada passo dessa linha
    pode se machucar, azar
    a esperança equilibrista
    sabe que o show de todo o artista
    tem de continuar

    hehehehehehehehhe
    somos pobrezinhos, mas muiiiiito divertidos!!!!

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  4. Gostaria muito de perguntar ao director geral de saúde e ao "marechal" Nunes da ASAE, qual é o espirito da lei que rege a merda(não há outra forma de o dizer) que é deitada há 20 anos na ribeira dos miagres e a merda que foi para um furo de água que impediu 10 000 pessoa em Porto de Mós de terem água?

    pedro oliveira
    http://vilaforte.blog.com

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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  6. Caro Drº Pinho Cardão:

    É interessante verificar como uma lei que supostamente deveria ser linear e de fácil aplicação, está a dar origem a interpretações diversas, consoante os interesses dos grupos económicos e sociais envolvidos.
    Será que é assim tão difícil produzir uma lei que respeite a liberdade dos fumadores e dos não fumadores? Penso que não.
    Há dias, uma amiga que trabalha nas torres da Galp ali na 2ª circular, disse-me que lá (na Galp), piso sim piso não, havia um compartimento para fumadores.
    No Banco Santander (próximo da Praça de Espanha), eu próprio verifiquei a existência de um passadiço para fumadores.
    Portanto, em matéria de fumo, não é difícil harmonizar interesses. É tudo uma questão de bom senso.
    Por exemplo: constrange-me saber daqueles fumadores que têm gabinete individual e que no exercício das suas funções não atendam público mas, mesmo assim, não possam fumar!? Em minha opinião, isto é puro fundamentalismo.
    No meu ponto de vista, os deputados produziram esta lei “sem alma e sem convicção” e, quando assim é, nem os próprios conseguem a interpretação mais razoável.
    Resta-nos as diversas interpretações, até de cariz “camaleónica”, e quiçá, as de um qualquer inspector da ASAE!

    Embora venha a despropósito ou não, gostei da “brincadeira” de Sua Excelência o Presidente da República neste seu último roteiro referindo-se às iguarias conventuais em que questionou, gracejando, se a ASAE já lá tinha estado! Boa Senhor Presidente! É assim mesmo…há que começar a sorrir e a mostrar-lhes que neste país não cabem candidatos a inquisidores.

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