sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Espantoso este espanto!

É notícia que apoiantes do Dr. Carlos Santos Ferreira foram apoiados pela Caixa Geral de Depósitos que os terá financiado na operação de aquisição de acções do BCP a cuja presidência aquela personalidade se candidata.
Apoio com apoio se paga? Não sei. Neste espisódio só me espanta o espanto que ao longo do dia foi desfilando, protagonizado por algumas (conhecidas) falsas virgens.
Pois não é esta, afinal, uma prática habitual, ocorrida noutras ocasiões de tomada de posições relevantes em instituições do sector financeiro que nunca foi considerada atentatória de qualquer princípio ou regra?
Esta operação que aparece como uma espantosa revelação, não é, em boa verdade, um segredo de Polichinello, tantos são os que, responsáveis, em variadas situações e oportunidades tiveram conhecimento desta prática sem mostrarem qualquer incómodo?
Descontada a aparência de pagamento de favor que aquele apoio pode traduzir, não será mais grave do que o facto que se revela agora tão chocante, o aumento de capital do banco feito à custa da captação de poupanças e do financiamento a pequenos e mal informados depositantes (que hoje lamentam a perda substancial do valor das acções que lhes impingiram a crédito), sem que se tivesse ouvido uma crítica, um aviso, uma prevenção por parte dos reguladores do mercado?
E sobretudo, não é este o retrato autêntico do capitalismo português, onde poucos arriscam o que têm de seu para empreender, onde quase nenhuns criam ou investem e muitos especulam?
Não foi este exemplo que levou Joe Berardo à comenda?
Porquê, então, tanto espanto e a censura?

2 comentários:

  1. O espanto, caro JMFA, é que, a ser verdade aquilo que se veio a revelar hoje durante o dia, isto é uma tomada de posição por um privado português, num outro privado português sob financiamento estatal e cumplicidade do regulador.
    Eu, por acaso, também estaria interessado, se soubesse quanto é que custava e a quem tinha que pagar. Entretanto vou carpindo o dinheiro que deito à rua com os ordenados de um presidente e de um procurador. Mas a vida é assim, uns nasceram para ganhar e outros para gastar.

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  2. O Zé Mário faz perguntas difíceis...

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