quarta-feira, 19 de março de 2008

Nem dá para acreditar!...

O Primeiro-Ministro José Sócrates, anunciou hoje, no Parlamento, no debate quinzenal, dedicado ao tema das políticas de saúde, uma redução em 50% do valor de todas as taxas moderadoras na saúde para os utentes com mais de 65 anos.

Acontece que, segundo o mesmo Primeiro-Ministro, mais de 80% destes utentes já se encontram isentos… Portanto, José Sócrates foi anunciar, com pompa e circunstância, uma medida que incidirá sobre menos de 20% dos idosos de Portugal… aqueles que menos precisam (e que por isso não estão isentos)!... O que será isto senão propaganda no seu máximo – mas pior – esplendor?!...

Mas há mais: de acordo com José Sócrates, esta medida "de elementar justiça" só agora pôde ser anunciada em virtude da "boa gestão financeira do Serviço Nacional de Saúde" e porque o actual Governo conseguiu vencer a crise orçamental e reduziu o défice para menos de 3% do PIB.

Questionado sobre quanto custará ao erário público esta medida, o Primeiro-Ministro respondeu: cerca de 5 milhões de euros.

Ora, o leitor sabe a que percentagem da despesa no Serviço Nacional de Saúde, na despesa pública e no PIB corresponde 5 milhões de euros? Não? Pois aqui vai: corresponde a 0.07%, a 0.006% e a 0.003%!!! Ui, mas que grande impacto que esta medida terá no défice, não é?!... E claro, só porque o défice foi reduzido para menos de 3% do PIB é que o anúncio pôde ser feito!...

Ouve-se, lê-se, e nem se acredita.

E por isso, para evitar comentários adicionais e não utilizar termos mais fortes (mas talvez mais adequados…) na caracterização desta encenação, convido o leitor do Quarta República a fazê-lo…

16 comentários:

  1. Aposto que vão gastar 50 milhões de euros na certificação da isenção de 50% que vale 5 milhões.

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  2. Ele é um must a "baralhar"! E vejam... até sabia que eram 5M!

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  3. Gostei principalmente quando o Sr. Sousa na sua habitual boa educação disse a outro deputado para não se excitar.

    Será que alguém estaria a pôr a mão no bolso?

    É que o Pinóquio é especialista em ir ao bolso do povo.

    Logo...

    Tiago Soares Carneiro
    http://democraciaemportugal.blogspot.com

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  4. Desculpem lá qualquer coisinha, mas tudo o que seja não dar dinheiro ao Estado é bom!...
    A explicação utilizada é que pode ser convincente ou não. Não foi.
    Mas entre um fim bom e uma explicação má, prefiro o primeiro!...

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  5. Muito bem metida...
    :)))))))))

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  6. -Subscrevo ali o dr Pinho Cardão, e acrescento, as taxas moderadoras não deveriam pura e simplesmente existir, porque já financiamos de forma diferenciada o SNS, proporcional ao nivel de rendimentos de cada cidadão, para um serviço que diz a constituição, "é tendencialmente gratuito". Em qualquer caso não defendo um SNS gratuito, mas isso é outra questão, a manter o que existe, se taxam de forma diferenciada os financiadores, ou seja nós, não faz sentido algum diferenciar na prestação, salvo eventualmente moderar algo, por exemplo o acesso á urgência.

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  7. Eu só pasmo como é que, com as baboseiras todas que este engenheiro sintético debita na A.R.ele não é completa e imediatamente arrasado por aqueles senhores que para lá mandámos, quando foi das últimas eleições! Estão todos a dormir? Todos???

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  8. É propaganda, é verdade, mas a mensagem passou como "grande conquista"! Quem não acompanhou o debate e apenas ouviu os "flashes" das rádios ficou com a nítida sensação de que, mais uma vez, o Eng. ganhou em toda a linha...

    Caro Dr. Miguel Frasquilho: ou a oposição começa a repensar seriamente a sua estratégia e métodos de comunicação, ou o Eng. passeará a sobranceria que o caracteriza mias uma legislatura!

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  9. Anónimo10:15

    Caro Miguel Frasquilho,


    Na linha de alguns comentários.
    Os portugueses são inteligentes e percebem esta permanente preocupação em liderar e controlar a passagem de mensagens supostamente virtuosas para a opinião pública.

    É pouco!!

    Mas com Santana Lopes…..

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  10. Pois eu penso que o excesso do governo colocado na promoção de uma medida com impacto social reduzido é equivalente ao excesso com que o líder da bancada do PSD
    contestou a medida. Equivalente ainda à cena das amêndoas do presidente do PP.

    Porque ninguém saiu das guerras do alecrim e propôs a discussão de causas mais ambiciosas.

    Não, caro deputado Miguel Frasquilho, não se engane. Não é por este andar que os portugueses poderão ver no PSD uma alternativa de governo.

    Enquanto se entretiver ou nos quiser entreter com discussões de trocos.

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  11. Anónimo20:42

    Cá vai. Nas próximas eleições, ou vai branco ou em nenhum dos partidos com assento parlamentar. Abstenção, nunca. PS, "jamais", "jamais". E quem não consegue desmontar quinzenalmente as patetices que este primeiro ministro e os seus acólitos vão polvilhando, não vai merecer o voto do povo! Porque se resignam à sua sorte e não correspondem ao que o povo exige que façam. Oposição.

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  12. Acho que realmente se estão a esquecer do fundamental: o SNS deveria ser gratuito e não há razão para se pagar duas vezes, através dos impostos e depois das taxas moderadoras, um serviço como este.

    Neste momento posso deixar-vos o meu testemunho, de alguem que está a estudar em Londres há 8 meses depois de trabalhar 5 anos em Portugal. Mete impressão a eficiência do sistema em termos de marcações e disponibilidade das pessoas. Várias vezes recorri aos serviços tanto do meu centro de saúde como de um serviço de urgências (virtude de me ter magoado no joelho a praticar desporto). Nunca, mas nunca paguei e toda a gente está interessada em me proporcionar um serviço de qualidade. É verdade que os custos, para o erário publico, foram enormes nos ultimos 5 anos mas ao menos as coisas funcionam. Curiosamente os ingleses têm, estranhamente, o mesmo hábito de dizer mal de tudo.
    Vamos tentar mudar alguma coisa em Portugal e vamos deixar a politiquice mesquinha. Apresentam soluções, não discussões.

    obrigado

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  13. Anónimo00:07

    Miguel, discordo frontalmente do título. 3 anos depois, DÁ PARA ACREDITAR!

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  14. Dr. Frasquilho
    Entre nada e alguma coisa eu prefiro a segunda hipótese. Atreva-se o seu grupo parlamentar a dar sugestões que ofusquem completamente o que o Sr. chama de propaganda.

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  15. Sr. quintad'arnes,

    Entre nada ou asneira. Nada! Fazer por fazer não leva a lado nenhum. E se quiser tenho muito gosto em avivar-lhe a memória:

    1- Que é feito das promessas de investimento público de empresas estrangeiras que iam gerar enorme crescimento da economia portuguesa e criar postos de trabalhos? Lembra-se daquelas duas frenéticas semanas em que Portugal bateu o recorde de "promessas" de investimento. Onde estão elas?

    2- O Primeiro- Ministro anunciou a segunda etapa do choque tecnológico. Não se importa de me explicar qual foi a primeira?

    Se quiser mais exemplos terei todo gosto em avivar-lhe a memória.

    Dr. Miguel Frasquilho,

    Quanto ao problema da saúde antevejo a mesma resolução que a da Segurança Social. Quando os custos se tornarem incorporáveis, entrar-se-á finalmente para um sistema misto.

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  16. Vai desculpar-me, mas não dá para acreditar é no nível do debate parlamentar (perto de zero), no sentido crítico das elites (que vai do bajulatório ao encomiástico) e na qualidade da Imprensa (rasteirinha).
    Assim, nem é preciso fazer propaganda!

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