quinta-feira, 20 de março de 2008

Que sociedade é esta que estamos a construir?

Acabo de ver estupefacta o vídeo que a SIC Notícias acaba de transmitir. Tudo se passa numa sala de aula da Escola Carolina Michaelis, no Porto. Voltei há pouco a ver o vídeo no Expresso online.
É uma aula da disciplina de francês do 9º ano. A professora retira a uma aluna o telemóvel. A aluna não aceita a decisão de a professora lhe retirar o telemóvel. Começa então a luta com a aluna agarrando a professora exigindo-lhe a entrega do telemóvel. A turma assiste à luta mas não intervém. Ouvem-se risos. A professora fica isolada. Tenta sair da sala mas não consegue. Mais tarde a turma decide intervir para separar professora e aluna. Gera-se uma grande confusão. O palavreado utilizado pelos alunos é impróprio.
Esta é uma parte do relato do que me foi dado ver. A outra parte é a explicação para o estado de degradação a que se chegou dentro de uma sala de aula. E a explicação está na indisciplina, na falta de respeito, na desautorização, enfim, na deseducação a que chegou a escola. É a total inversão de valores. Uma vergonha!
Esta cena de violência deveria ser exemplarmente castigada. A insolência da aluna não deveria ser ignorada. Tenho, no entanto, dúvidas que lhe aconteça alguma coisa de grave. Não deveria haver a mínima contemplação. Mas o sistema acaba por ser vítima dele próprio e não permitir que comportamentos destes sejam penalizados. Se é que as autoridades da escola e do ministério da educação dão suficiente importância ao caso para dele se ocuparem devidamente. Se é que a lei o permite!?
Este episódio é mais um alerta para o caminho perigoso que estamos a seguir. Deveria obrigar-nos a pensar sobre que sociedade é esta que estamos a construir. Deveríamos reflectir sobre o brutal abismo entre o que julgamos ter e o que na realidade andamos a fazer!

38 comentários:

  1. Também vi nas notícias, a aluna não me pareceu nada um caso de "problemas sociais", bairros degradados ou coisa parecida, como sugeria no fim a dita noticia. Pelo contrário, pareceu-me uma garota mimada e mal criada, certamente pouco habituada a ser contrariada e a ter tento na língua e no comportamento quando perante pessoas mais velhas. Reagiu ali como provavelmente reage lá em casa com os pais, aos gritos, à beira de um ataque de nervos, de cabeça perdida por um pequeno nada que simplesmente a contrariou. Um exemplo puro e simples de má educação de raíz, que a escola não consegue superar e, neste caso, nem disfarçar. Também vi o constrangimento de alguns alunos, em grupo riam-se, claro, mas muitos estavam chocados e envergonhados, acho que se calhar muitos desses não concordam com a divulgação desta cena. Nem eu, francamente não sei o que se ganha com isso, é uma cena triste, humilhante para a professora que, note-se, se manteve firme na sua decisão de não devolver o telemóvel, que não respondeu à miúda malcriada, que tentou, como pôde, não perder as estribeiras. Sempre houve insolência dos jovens, como sempre haverá, do mesmo modo que há quem consiga gerir melhor esses episódios que outros, mas também não creio que se deva divulgar isto, com honras de telejornal, provavelmente estimulando outros comportamentos semelhantes. Sempre tive as minhas filhas em escolas públicas e não tenho queixas a apresentar, o facto é que não gostei de ver aquele filme, feito por outros miúdos que também não tinham que ter o telemóvel no bolso durante a aula, e que se divertiram com a cena de um modo que também é pouco edificante. De certo modo, estamos a recompensá-los pela sua irreverência...

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  2. No meio disto tudo a professora é a única que vai ser "castigada"! O seu calvário já começou.
    A violência nas escolas é uma realidade que traduz falta de formação e ausência de valores. Tal como diz a Suzana são reflexos de outros ambientes.
    Conheço muitos professores e os quadros que alguns apresentam raiam e ultrapassam os limites de normalidade. Sofrem e não é pouco.
    Inquéritos? Apurar responsabilidades? Deus queira que não acusem ainda a professora de alguma “prepotência” ou de ter tentado “gamar” o telemóvel à “chavala”...

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  3. Por aquilo que vi, estou com a Suzana no elogio à professora, que merece os parabéns pelo modo como foi gerindo a situação, sem dar duas bofetadas na garotelha.
    Deprimente o facto de não haver dois ou três alunos que, de imediato, apoiassem a professora.Só lá para o fim do espectáculo é que alguns se dignaram puxar pela colega.
    De qualquer forma, ou me engano muito ou a professora vai ter nota muito negativa na avaliação, porque não deixou a aluna expressar a sua autonomia na sala de aula.
    Não ponham cobro a isto, não!...

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  4. não tenho naturalmente estatísticas fidedignas sobre o assunto, mas aposto que andará por volta de 80% a percentagem de professores deste nível de ensino que passaram por uma situação semelhante!

    j. ricardo
    http://www.rescivitas.blogspot.com/

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  5. As criancinhas, ainda muito pequeninas, iniciam-se no jogo da autoridade: enquanto sentem que os pais se comportam como almofadas avançam; quando sentem alguma resistência param para pensar.
    Actualmente, com pais complexados e confusos, não passam da fase da almofada.
    Depois vão para a escola e deparam-se com trinta anos de eduquês, i. é, trinta anos de falta de autoridade: não podíamos esperar melhor...
    Pela minha parte, lembro-me que, no início dos anos 60, aos doze anos, fui apanhado a fumar "em frente" do liceu e fui suspenso por um dia, com a correspondente comunicação aos meus pais. Fiquei logo a saber quais eram os limites...

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  6. Anónimo23:58

    Insolência é brando para qualificar o comportamento da rapariga.
    Creio que a divulgação deste video é talvez o serviço mais relevante prestado à educação nos últimos tempos. Finalmente podemos todos perceber o que se passa afinal se não na "escola" pelo menos nalgumas escolas.
    Sei que se apresta um exército de cientistas da educação para explicar o sucedido. Não faltará que aponte o dedo à ministra actual, aos ministros do passado, ao governo, à sociedade, aos genes, à família, aos conselhos directivos, aos professores, a D. afonso Henriques ou à fraqueza de Dona Urraca, aos 50 anos de fascismo e obscurantismo, ao 25 de Abril, ao Papa...
    Sejam quais forem os diagnósticos, as responsabilidades e as soluções que as mentes bem pensantes certamente arranjarão nas próximas horas para todos os gostos; ou sejam quais forem as medidas que o governo anunciará na circunstância, a verdade é que a indignação que sinto por parte de quase todos os que vêem estas imagens, é porventura o efeito mais benéfico e esperançoso.
    Só estaremos verdadeiramente perdidos no dia em que não nos impressionarem imagens destas. Em que nos mostremos indiferentes. Felizmente não estamos. Omito o ainda...

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  7. -Finalmente os burocratas da 5 de Outubro, podem verificar o estado a que chegou o eduquês, os amanhãs cantaram, e assiste-se a uma nova era, o nascimento dum homem novo, o "brutus broncus lusitanus". Por este andar, ainda veremos os professores reclamarem a contratação de seguranças para poderem lecionar, talvez contratar efectivos nas noites da Ribeira ou da 24 de Julho, possa vir a ser uma solução, já que expulsar um aluno, suspende-lo ou chumbá-lo por faltas, com obrigatoriedade de repetir no ano seguinte, seriam tiques autoritários e salazaristas duma violência insuportável aos olhos da sociedade de questionáveis valores, construida nos últimos anos.

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  8. A pena máxima que a aluna enfrenta é uma suspensão de 10 dias - durante os quais, "naturalmente", considera-se que as faltas são justificadas.
    Entretanto, pelo que vejo na SIC, a mãe da criança foi chamada ao Conselho Executivo da escola. Pelos vistos, nessa visita tentou agredir a presidente. Não sendo aluna, não está sujeita ao código disciplinar. E o código civil nunca dá resultados. Essa situação - agressões ou tentativas de agressões de pais a professores - também se estão a banalizar.

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  9. Gostaria que este vídeo fosse uma espécie de vídeo onde o Rodney King foi espancado pela polícia. Gostava que se desse a este vídeo o título de "escândalo". Gostava que o Correio da Manhã esmifrasse a vida da rapariga como a da Maddie McCann. Gostava que com isto se passasse à fase do exagero para o outro lado e os nomes da escolas deixassem de ser C+S e passassem a "aquartelamentos" debaixo de lei marcial.

    Não vai acontecer. Para isso é preciso trabalhar e esta gente não gosta.

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  10. Anónimo05:03

    Mas qual a admiração de as coisas chegarem a este ponto? As nossas crianças são criadas por adultos, eles próprios, sem bases sólidas. A geração que actualmente tem filhos é a segunda geração criada na ausencia de regras e valores. Ora, como não os receberam dos pais, não os podem transmitir aos filhos e criam crianças mimadas, sem a mais pequena capacidade de lidar com as contrariedades e que à mais pequena coisa que sentem como uma negação da sua vontade reagem desta forma sem qualquer noção de respeito ou limites. A sociedade globalmente tem vindo cada vez mais a exagerar nas facilidades que permite às crianças e no exagero de lhes permitir tudo. Nas escolas a autoridade dos professores é simplesmente nula. Isto é o corolário das teorias libertárias saídas do Maio de 68 e que se têm vindo a aprofundar cada vez mais. Aliás... será o corolário? Penso que ainda veremos pior.

    Uma última nota para o caro Pinho Cardão. O meu caro congratula-se por a professora não ter perdido as estribeiras e dado um par de bofetadas na criaturinha. Lamento mas a minha opinião é diametralmente oposta. Era precisamente por um valentissimo par de bofetadas muito bem assentes e daquelas que ficam marcadas por um tempinho que a professora devia ter começado, mal a aluna teve o topete de se levantar contra ela e lhe levantar a voz! É simplesmente inadmissivel, inaceitavel, intoleravel sob qualquer pretexto que um pirralho qualquer desrespeite um mais velho e, para mais, um mais velho numa posição de autoridade como é o caso de um professor. Infelizmente, pobre o professor que puser as mãos num aluno hoje em dia...

    Enfim, coisas...

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  11. A irreverência e a rebeldia são características desta faixa etária.

    Desafiar o professor, ainda por cima com audiência e filmagem, querem coisa que mais gozo dê aos alunos ??
    Não há !!!

    E ... glória das glórias, com direito a 5 minutos de fama, no espaço mediático, a horário nobre.
    Bingo !!!!


    Só que, para além deste episódio, vem o drama, sim, o drama que vive um professor de não ser capaz de controlar o ambiente de uma sala de aula. É que há casos, que qq que seja a receita aplicada, não resulta. A anomia é total. A violência grassa. E o professor ? Pianinho....não pode fazer muitas ondas, para não se aleijar.

    É. É verdade.
    É verdade assim na Escola.
    É verdade assim nos hospitais, que têm de ter seguranças nas entradas.
    É verdade assim nos serviços públicos.

    As pessoas estão a perder o respeito umas pelas outras, independentemente da idade que têm.

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  12. Também me parece chocante, a todos os títulos, o que se passou e que, receio, seja apenas um exemplo de ocorrências semelhantes frequentes que não chegaram ao Youtube.

    Ouvi os mais diversos comentários, mas não ouvi nenhuma proposta, salvo a do PGR, que não ouvi comentada.

    Porque a questão fundamental, do meu ponto de vista, é : Que deve, então, ser feito?

    O PGR, já por diversas vezes, referiu que estes casos deveriam ser comunicados pelas escolas à Polícia. As escolas não o fazem.
    Por quê?

    Lamentamo-nos muito; corrigimo-nos muito pouco.

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  13. Cara Dra. Suzana, discordo um pouco da sua opinião, quanto às honras de televisão que o video mereceu. Passo a explicar:

    Este video que, francamente, não sei se não terá uma pontinha de intencional, no momento que se atravessa de debate de avaliação de prof's, tem um mérito.

    Exactamente, o mérito de colocar na agenda, o debate sobre a violência nas escolas, mas que como refiro atrás, a meu ver, não é só nas escolas, é uma violência que grassa por todo o lado, revestindo-se de diferentes formas.

    A brincadeirinha iria sair cara a estes pequenos, do "GANDA" 9º C , já que, deveria ser feito um Prós e Contras, cujo o mote, fosse exactamente, este video, e o tema - A Violência na Escola e na Sociedade.

    Nos convidados estariam a professora, a aluna, e os restantes "artistas", incluindo "camera-man" (o dono do télé que filmou).

    Uma óptima oportunidade para a aluna (e companheiros de route) se retratar(em) e pedir(em) desculpa, perante o País, da forma como se procedeu com a Professora.

    Tem que se começar por algum lado, Cara Dra. Suzana. E primeiro temos que perceber o que somos e o que temos. Mesmo quando, se é medíocre ou se tem pouco. Para depois se alterar para melhor.
    Será com os alunos.
    E será tb com os professores.
    Daí a urgência de implantar o sistema de avaliação dos professores.:-))))

    Continua a pensar que não deveria ser do conhecimento público este video ? ....:-))))

    Tapar o sol com a peneira, não vale a pena, Minha Amiga.....

    um abraço

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  14. Cara Margarida
    Independentemente do acontecimento em si,que revela à saciedade o estado ignominioso a todos os títulos e de indisciplina social, a que chegou este pobre país, é verdadeiramente chocante que tudo isto se observe numa quinta-feira santa, numa sociedade que se diz católica e que como tal, tem obrigações especiais nesta semana. Se meditarmos um pouco sobre as cenas passadas, não parece difícil concluir que a segurança entre nós, cada vez mais virtual, porque exactamente se é indiferente à obrigatoriedade de tratar os outros com urbanidade e com um mínimo de civismo, qualidades estas que são pressupostos, acho eu, de um regimen democrático.Por outro lado, estes factos são para mim, um corolário natural da falta de segurança progressiva em que vivemos, com a cândida promessa desta "rapaziada" que nos governa, de se irem reforçar as estruturas policiais de controlo e de acompanhamento, junto das populações. O estado a que isto chegou - com uma acentuada e inadmissível degradação do ensino e instrução públicas que conduzirá fatalmente ao caos final se não se tomarem medidas drásticas - revela bem a inoperância e a incapacidade dos responsáveis destes pelouros políticos e sobretudo a "excelente" abertura que fizemos ao exterior, de resto perfeitamente concordante com a democracia "avançada" de que usufruímos em Portugal, transformando este país no caixote do lixo da delinquência oriunda do leste europeu, do Brasil e também de áfrica .Tenho para mim que é mórmente deste cenário, que resulta toda esta infamante indignidade em que mergulhámos. Oxalá não definitivamente.

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  15. Quando um Governo e o seu Ministério da Educação passam para a opinião pública a imagem de que os professores são os principais responsáveis pela má educação do nosso país, do que podemos estar a espera? É esta política de descredibilização dos professores, expondo-os à sociedade como os principais responsáveis da falência da educação nacional, a dar os seus melhores frutos. Um governo que ignora o sinal de uma manifestação que reune mais de 2/3 de uma classe, não respeitando e reduzindo o papel dos docentes numa sociedade, que exemplo pensa dar?

    Continuem, políticos e militantes, nesta lógica da destruição da imagem dos professores e venham amanhã colher as tempestades...

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  16. A ideia do PGR parecia muito boa. Mas, e é um mas importante, a verdade é que a polícia é absolutamente inútil. Neste caso concreto, nem sequer pode haver sanções penais porque, coitadinha, é menor (e nós até sabemos o que acontece aos menores que torturam travestis até à morte, imagine-se uns empurrões a uma professora). Depois porque, mesmo quando o caso envolve maiores - e, repito, são já frequentes as agressões ou tentativas de agressões de pais a professores, e parece que isso até sucedeu na sequência deste caso - o que se passa é que, por um lado, os inquéritos judiciais são lentos e ineficazes - não levam a nada - e o professor, a partir do momento em que faz a queixa, encontra-se numa situação de extrema vulnerabilidade. Toda a gente sabe onde trabalha (lógico), toda a gente conhece o carro, e muitos até sabem onde mora. Por isso, quando as coisas realmente chegam a esse ponto, é frequente o prof. ter de meter baixas psiquiátricas prolongadas, só para não correr o risco de ter maus encontros à saída da escola. É que, hoje em dia, parece que a polícia só vai à escola nas vésperas de manifestações...
    Sou casado com uma prof. de ensino público. Confesso que receio, constantemente, pela sua integridade física - já esteve, até, numa escola em que um funcionário, a dada altura, disse que o ano lectivo estava a correr muito bem porque ainda nenhum prof. tinha apanhado. E, com sacrifício financeiro, decidimos manter as nossas filhas no ensino privado. Ou seja, pagando o sistema público (e caro; 5.000 EUR/aluno/ano, ao nível dos colégios mais caros), e pagando para não o usar.

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  17. A ideia do PGR é uma patetice porque é inútil. É inútil na rua, é inútil com verdadeiros meliantes, é inútil mesmo que seja com um carteirista a roubar o próprio PGR, imagine-se com uma adolescente burra.

    Há um direito que os alunos têm, é o de aprender. O resto é ao livre arbítrio de quem tem por função educá-los. Esta é a ideia que não foi inventada agora, é a que o Nasoni e eu pagamos para ver implementada, é aquela que estava na escola onde as filhas da Suzana andavam. Só tem um problema - ninguém pode formar comissões e estudos, fazer artigos, escrever livros sobre uma ideia tão simples. E, principalmente, para que é que serviria um ME se assim fosse.

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  18. Simplismente, lamentável!
    Aproveitemos esta sexta-feira santa para olhar para o interiror de cada um de nós e reflectamos sobre a educação que estamos a dar aos nosso filhos.

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  19. Na RTP, Álvaro Almeida Santos, diz e muito bem que este caso é excepção. Porém, como professor, sei que uma situação destas não acaba no momento em que se dá o toque de saída. Um professor até pode ter condições físicas para dar o resto do dia de aulas, mas a saúde mental do professor está de rastos.
    Eu já sofri muito com os meus alunos. Já cheguei a ser vítima de violência e filmado com um telemóvel. Felizmente consegui retirar o telemóvel e entregar no Conselho Executivo. Foi entregue ao Enc. de Educação uns dias mais tarde, quando este se disponibilizou a ir à escola. O video foi apagado em frente ao Enc. de Educação. O resto do caso está a ser tratado nos tribunais.

    Há gente que não sabe o que é ser professor. Certas turmas, à medida que se aproxima o dia em que lhes dou aulas, tenho pesadelos. Felizmente, este ano lectivo não tenho turmas destas, mas tenho um ministério que não me respeita e que também me tem tirado o sono.
    Compreendo que há coisas que têm que mudar, nomeadamente, que nem toda a gente progrida até a um topo que seja tão bem pago. Mas seria preciso tirar a dignidade aos professores deste país?

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  20. Queria apenas dizer ao leitor Tonibler que eu não “Gostaria que este vídeo fosse uma espécie de vídeo onde o Rodney King foi espancado pela polícia”.

    Por uma razão prosaica, mas essencial : é que o Rodney King ficou mal tratado e o que lhe fizeram não se faz, mas sobreviveu e curou-se, enquanto no rescaldo do acontecimento os pretos da cidade mataram uma série de brancos inocentes.

    Faz toda a diferença, mas ainda ninguém veio chamar a atenção para isso, porque existe o tabu do racismo de um só sentido.

    Na Educação também há tabus parecidos com este, e enquanto persistirem tabus, não resolvemos problema nenhum.

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  21. É realmente triste ver no que este país se está a transformar. Todos os dias nos chegam notícias de vandalismo na rua, homicídios, assaltos a cafés e uma infindável lista de outros delitos. Será que os nossos governantes não são capazes de agir contra isto?
    Eu por muito menos do que esta menina mimada fez, levei umas reguadas nas mãos e não morri. Isto é o degradar de uma sociedade, estes meninos que hoje batem nos professores, que não respeitam ninguém, inclusivamente os pais, são o futuro do País, são os nossos futuros governantes de amanhã.
    Há que punir severamente quem pratica estas acções, isto não tem justificação possível!!
    Se a professora lhe tivesse dado um valente par de estalos não se perdia nada.
    Cada vez mais se desautorizam os professores, as pessoas às quais se cnfiamos filhos para que aprendam alguma coisa, e depois dá nisto.
    Acordem!!! Se quando forem velhinhos os vosso filhos não estiverem para vos aturar e ainda vos bateram, não se admirem...

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  22. Contrariamente ao que os orgão de poder afirmam, estes casos não são isolados nem localizados. Nem estão restritos a um dado estrato social, puro engano.É uma situação que começa a ser normal. E mais casos não são conhecidos, porque alguns professores sentem-se com vergonha ou medo de denunciar e outros são os próprios Conselhos Executivos que pressionam os professores para não levarem os processos em frente devido à avaliação externa da escola ou então "proíbem" que qualquer informação saia para fora das paredes da sala de aula ou do gabinete do Conselho Executivo pelos mesmos motivos. Só se o professor tiver uma forte personalidade e não se importar com o "doa a quem doer", é que as coisas se vão compondo.

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  23. Tambem assisti ontem, repetidamente à exibição das imagens televisivas. Confesso, não me espantaram grandemente, simplesmente porque casos semelhantes e até mais graves chegam-nos frequentemente ao conheciment, desde ha muito tempo. A verdade é que se conhecem queixas de professores e funcionários das escolas, que referenciam sobretudo crianças originárias de meios sociais degradados, tal como a cara Drª. Suzana menciona. Este caso parece realmente diferente, pode não passar de aparÊncia, mas, mesmo diferente, reflecte uma realidade a que estão sujeitos professores e restante pessoal das escolas. Diz a cara Pezinhos e eu tb concordo, que a reportagem apresentada começa a adquirir contornos que ultrapassam o cerne da questão e parecem resultar num aumento de audiências.
    Depois de ler este post da nossa caríssima Drª. Margarida, calcei as minhas botas de campo e fui, monte fora, até ao "casal" de uns vizinhos. Encontrei-os ocupados com as suas tarefas habituais de dar de comer às ovelhas, às cabras, galinhas, perus, coelhos, porcos e por aí adiante. Ele, chama-se Manuel (Manel)ela, Arlete (Arletinha), estimo bastante aqueles dois. Gente simples, honesta, trabalhadora, sempre pronta a repartir o que têm por quem lhes chega, sempre sem esperar retribuição. Algum tempo depois de conversarmos sobre a vida, e a agricultura e se o tempo vai bom para a batata e a cebola, atirei para o ar, assim como quem não quer a coisa, com o assunto das imagens da mocinha e da setôra.
    O Manel, de enxada na mão, fungou, enquanto abria as covas para dispôr as côves que tinha colhido do viveiro, a Arletinha, poisou no chão o balde onde levava a aveia para as ovelhas, endireitou-se, olhou-me franca por trás dos óculos graduadíssimos e pausadamente returquiu: Olhe sô Manel (tb me chamam Manel) eu criei duas raparigas e um rapaz, foram todos à escola e, eu e o mê Manel pintávamos a cara de preto se algum dia um professor mandasse recado que um deles lhe tivesse dirigido uma má palavra.
    Não adiantei mais a conversa, a minha amiga Arletinha foi peremptória, alguem que pinta a cara de preto, tem vergonha. E... vergonha, parece-me que já não existe, assim como não existe também a falta dela, existe sim algo que não observa regras, um misto de direito e de exigência, sem contra-partidas.
    Agora não me posso esquecer de dizer à minha amiga Arletinha que já teve um momento de fama na internet. Já estou a imaginar aqueles olhos septagenários a refulgir de alegria infantil e simples, por uma novidade que não imagina tão pouco o que seja.

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  24. "A ideia do PGR é uma patetice porque é inútil. É inútil na rua, é inútil com verdadeiros meliantes, é inútil mesmo que seja com um carteirista a roubar o próprio PGR, imagine-se com uma adolescente burra."

    Obrigado pela parte que me toca.

    Mas a a educação, salvo melhor opinião, começa no respeito pelas opiniões dos outros e não é apelidando uma ideia ou uma coisa que ela toma a forma do apelido.

    Segundo Tonibler, a ideia de haver polícia uma ideia burra. Percebi mal?

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  25. Caro Fonseca,

    Sim, percebeu mal. A polícia não funciona com os verdadeiros meliantes quanto mais com uma adolescente burra a quem eu, e o meu caro, já garantimos uma carrada de direitos incluindo o de não poder ser responsabilizada pelo que faz.
    Neste aspecto, a atitude das escolas está correcta porque deve funcionar com a autoridade dos professores, não com a autoridade da polícia. A não ser que queiramos fazer dos polícias professores, claro...

    Quanto a não apelidar a ideia do PGR ou nem mesmo respeitá-la, deixe-me dizer-lhe que é o "respeito pelas ideias dos outros" que está a bater naquela professora. Hoje somos "educados" com as ideias parvas e amanhã temos parvos a educar. De resto, ninguém tem ideias mais parvas que eu.

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  26. Se há pessoa que não tem nada de parvo, nesta "Casa", é o Mister Tonibler...

    Modéstia a mais, tb é defeito.

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  27. Cara Pézinhos,

    Por muito que queira acreditar nas suas amáveis palavras, acredite que parvoíce nunca me faltou, ao contrário da modéstia que, de quando em vez, vai de férias.

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  28. Quando eu era pequenino, em casa, ensinaram-me a ter respeito pelos professores e pelas pessoas em geral. E hoje? Tantos comentários sobre o estado do ensino e, quase nenhuns, sobre a responsabilidade dos pais pela educação das crianças. Que tal umas palmadinhas no 'tutu' de vez em quando?

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  29. Ainda bem que escrevi esta reflexão. Estamos na Páscoa e não contava em vésperas de Sexta-feira Santa tratar um caso tão violento e com uma carga de indignação, preocupação e repúdio tão impressionantes. Fui impelida a fazê-lo por motivos éticos, morais e cívicos. Certamente o que motivou também os nossos Caros Comentadores a nos deixarem pertinentes comentários e execlentes reflexões sobre a sociedade que estamos a construir.
    Acompanho plenamente o José Mário Ferreira de Almeida no seu juízo de que "a divulgação do vídeo é talvez o serviço mais relevante prestado à educação, nos últimos tempos". É um alerta para o abismo que andamos a percorrer na escola e fora dela. O facilitismo a que chegou a educação é-nos mostrado todos os dias nas mais variadas ocasiões e situações concretas da vida.
    Onde é que está a autoridade das escolas, a autoridades dos professores? Onde estão a educação, a disciplina, a correcção, o respeito, a humildade de aprender dos nossos alunos? Onde estão a exigência, o rigor, o estímulo para estudar e obter bons resultados e a avaliação séria do desempenho dos alunos?
    Onde estão os exames ao longo do percurso escolar, as regras de pontualidade e de assiduidade, as reprovações por faltas, as expulsões por comportamentos reprováveis?
    Estas e outras perguntas precisam de ser respondidas, os mecanismos de regulação da escola devem ser reavaliados.
    A educação que damos hoje aos nossos filhos será determinante na sua formação para a vida, incluindo a sua preparação ou impreparação para a educação que eles próprios mais tarde quando pais serão chamados a dar aos seus filhos. A escola não tem o exclusivo da educação mas tem um papel fundamental. É por isso que o espaço escolar não poderá cumprir o seu papel de "educador" se não formos capazes de o fazer funcionar com autoridade, vontade de ensinar e aprender, imbuído de respeito e de solidariedade no seu seio e admirado e valorizado pela comunidade.
    A história da Arletinha e do seu Manel que nos conta o nosso Caro Bartolomeu é na simplicidade uma grande lição. A Alertinha e o Manel, pais de três raparigas e de um rapaz, pintariam "a cara de preto se um algum dia o professor mandasse recado que um deles lhe tivesse dirigido uma má palavra ". Eram outros tempos… Nada que não esteja ao nosso alcance recuperar. Haja realmente clareza de espírito e bom senso!

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  30. Qual a novidade? Episódios destes passam-se às centenas...TODOS OS DIAS. V.Exas. acham que a manif dos 100000 era só contra esta avaliação sem pés nem cabeça e outros disparates que a sra. ministra quer implementar?

    Quanto aos pais tenho só a dizer que são de longe os maiores inimigos da escola pública. Em turmas de 25 alunos só 2 ou 3 realmente se preocupa com o futuro dos seus filhos, os restantes são "paizinhos" fantoches nas mãos dos "bons selvagens"

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  31. Lamento contrariar, em parte, a comentadora das [23:27:00] porque creio que a divulgação tem um efeito positivo, o de esclarecer muitos que, a par e passo, fazem coro com o governo e afirmam 'as agressões aos professores são casos pontuais'. Não são! Os C.E., os professores, os auxiliares de educação, os alunos, os familiares de uns e de outros sabem-no bem e de há muito e, a cena por todos considerada 'chocante', que o é, apesar da grande violência verbal e física é de menor violência física se comparada com casos gravíssimos ocorridos em anos recentes. Calar, esconder, só beneficia o infractor, o aluno que agride e os srs deputados e ministros que criam e aprovam leis tendencialmente propícias ao desrespeito à autoridade dentro da sala de aula - O PROFESSOR.
    Quanto aos pais é exactamente como se diz acima, ausentes, negligentes, demasiado ocupados, sempre a 'passar a mão' na cabeça da 'criancinha'.
    Circula por e-mail e está publicada nos blogs uma carta a uma professora escrita por uma encarregada de (des)educação, em termos violentos, trata mesmo a professora por 'tu' por causa de uma mesma situação, um telemóvel retirado à aluna. Diz-lhe qq coisa como 'estás proíbida de tirar o telemóvel á minha filha porque se ela o tem ligado é para atender os pais e da próxima vez é a mim que o vais tirar'.

    Palavras para quê?

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  32. Venho deixar o link para o documento que refiro acima pedindo desculpa por alguma inexactidão fruto da distância temporal e de ter escrito de cor.


    Segunda-feira, Janeiro 14, 2008
    Mais um caso!

    Ao que chegámos! E são estes que também avaliam os professores...

    http://oeiraslocal.blogspot.com/2008/01/mais-um-caso.html

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  33. Srª Drª Margarida
    O seu post actualíssimo mereceu, devidamente, atenção reforçada.
    A discussão tem-se centrado demasiado na identificação dos culpados (a menina mimada, os Pais, a Ministra, os Liberais, etc...). Sejam todos eles, e fiquemos descansados.
    Permitam-me que contribua apenas com algumas questões:
    1) Como não sei quem a menina é, nem como se sente enquadrada nesta Sociedade, questiono: Se for expulsa fica triste? Com as suas ambições frustradas? O dia a dia tornar-se-á insuportável por ver os seus colegas percorrerem um caminho considerado normal?
    2) Qual será a actuação dos Pais face a este episódio? Espero que não aconteça, mas já se tem visto o comportamento dos Pais (lembro-me de uma Mãe há poucos anos) fazer com que o dos filhos possa ser considerado angelical. Uma professora foi bastante agredida, no corpo e certamente na alma, continuou a sentir-se ameaçada durante uns anos, e a pena dada à Mãe não foi nada que constituisse maçada. E se calhar foi a possível. Podemos prender todos por longos anos? Claro que não. Até porque fica caro.
    3) Este episódio deve-se a uma política de desautorização dos Professores? Penso que não, muito longe disso. Pode dever-se a uma circunstância muito mais banal e também perigosa: a irresponsabilidade no sentido medieval do termo - a sensação de não ter nada a perder. Se a menina não se revê no quadro de referências que lhe apresentam (ou se não lhe apresentam nenhum...) em casa, na Escola, o que tem ela a perder se for expulsa? Não nos esqueçamos que apenas cerca de 15% da sua semana é passada na Escola.
    Sei que com estas questões não respondi a nada. Com isto tudo não quero desculpar ninguém, muito longe disso. Gostaria apenas de poder ter uma ideia luminosa. Que me permitisse ajudar, enfim, ser útil. Por forma a que aquela Professora não tivesse que passar pelo que passou, que aquela Aluna tivesse a cabeça mais assente e não hipotecasse o seu futuro por capital tão exíguo, que estes episódios não contaminassem o ambiente nem os alunos se sentissem pressionados ou encorajados pelos seus querubinicos colegas a praticarem desacatos destes. A menina pode ter saído com a sensação de que marcou o seu terreno. Pode ter conseguido, mas está a confinar-se a um espaço muito mal frequentado. Deus a ajude, e a todos nós. Mas claro que vamos ter que colaborar imenso.
    Votos de Páscoa Feliz
    Nota:
    Ontem uma Pedopsiquiatra falava acerca do ambiente nas salas de aula, em que a conversa colateral permanente impede os atentos de aprenderem. Esta nota vem apenas para referir que, na Conferência recente do Diário Económico acerca da Banca e Risco senti o mesmo: a converseta entre a assistência quase que impedia que se ouvisse os oradores. Estranhei? Não. Tornou-se habitual. Quem lá estava era o Lumpen? Claro que não. Não era uma Conferência obrigatória como é o ensino básico: paga-se bem para lá ir.

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  34. Uma ideia luminosa, ou coragem para colocar essa ideia em acção, caro Manuel?
    Olhe, uma ideia luminosa seria por exemplo seleccionar os que por demonstrarem vontade de aprender, teriam acesso ao ensino e, seleccionar aqueles que demonstrassem possuir vontade de ensinar, para conduzirem os anteriores até à formação.
    Mas... estamos em democracia e, em democracia, seleccionar significa ter de excluir, logo, um atropelo aos artigos da constituição que consignam a todos os cidadãos direitos e oportunidades iguais.
    Então, das duas, uma. Ou não estamos a saber interpretar correctamente os artigos da constituição e subsequentemente da declaração dos direitos humanos, ou não estamos a saber fazer bom uso dos mesmos. Isto porque é demais evidente que os direitos consignados, estão a resultar precisamente no oposto daquilo para que foram pensados e aprovados.
    Eu, que não sou um "eluminado", mas comungo consigo, caro Manuel o desejo, a vontade, a esperança de um dia poder lembrar-me de algo, que posto em prática resulte numa ajuda para que tudo funcione melhor, ao tentar olhar para a nossa sociedade e para os problemas vários que a afligem, como se da resolução de um puzzle se tratasse, não consigo imaginar outro caminho que o do ordenamento e, para ordenar, é necessário contrariar e é necessário impôr. É isso que se verifica e se pretende sempre que o governo legisla, mas é o que não se obtem dessa legislação, porque ela não é séria, coerente, equilibrada e homogénea. Visa normalmente regulamentar de uma forma diferente aquilo que, está já regulamentado inadequadamente.

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  35. O problema está nos paizinhos destes meninos que viveram os primeiros anos da "liberdade" e que até hoje não conhecem o seu significado. Para esta gentalha, para este povinho, a liberdade é ter poder para se fazer tudo o que se quer, e dizer tudo o que se pensa, mesmo que isso ultrapasse a liberdade dos outros.
    Cenas destas assisti eu no Liceu Pedro Nunes, há pouco mais de 5 anos, com os meninos que vinham do 9º ano dos Salesianos de Lisboa. Uma gozação completa, do principio ao fim da aula.
    Graças a Deus o meu pai é professor tal como a minha mãe foi em tempos, e pude ter uma verdadeira educação, porque eu odiaria ter tido uns paizinhos com manias de "liberdade"!!!

    Francisca

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  36. O tema que lançou Cara Margarida, a propósito do incidente "A professora, a aluna e o telemóvel", até parece, a história - "o Homem, o rapaz e o burro" ....LoL ! ... tem de facto um grande potencial de debate a diversos níveis.

    Fico-me hoje, pelo telemóvel, essa praga horrorosa, que sendo útil, também é dispensável. Para mim, objecto desprezível. Não gosto de telemóveis. Pronto ! Entram na minha vida sem pedir licença, e isso não me agrada. NADA !!!

    Que tal criar uma disciplina só sobre o telemóvel ??? ironizo...

    Na verdade, é o objecto que está no centro da discórdia prof/aluna.

    Um dia destes, estava eu numa acção de formação, e o telemóvel do Formador toca. Então não é que o Senhor atendeu !!! E ficou tudo a olhar para este Senhor.

    Só não me levantei e saí, porque contei até três e respirei fundo três vezes. Francamente !!! É preciso ter lata. E não ter competência para ser Formador. Claro !

    Eu gostava de saber se assim como há alunos que não respeitam o facto de que, na sala de aula, telemóveis - OFF !!!, se não haverá professores que atendem telemóveis no meio da aula que estão a ministrar....

    Isto anda tudo "ligado"
    Maus exemplos de parte a parte.
    Depois, é o que dá !
    Perda de controlo sobre qualquer situação.

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  37. Será que sabemos em consciência que sociedade queremos construir? E sabemos que sociedade estamos a construir? Será que valorizamos a autoridade da escola? Será que sabemos o que isso significa? Quem poderá estar satisfeito com a degradação da autoridade da escola? Será que alguém ganha com este estado de coisas? Será que a "cena" do telemóvel vai desaparecer das nossas memórias até surgir uma outra "cena", filmada e divulgada massivamente, para de novo nos indignarmos e preocuparmos?
    Porque nos estamos sempre a queixar? Quando é que vamos passar à fase seguinte? Este é também um problema para resolvermos.
    É pena que não discutamos aprofundadamente os assuntos e que a sociedade civil não se organize para apresentar pontos de vista concretos e soluções alternativas para os problemas. As políticas públicas no domínio da educação, como em muitos outros domínios, têm falhado. Quantas “reformas” foram anunciadas e implementadas? Quantas ficaram pelo caminho? Quantas tiveram êxito? Quanto ministros da educação passaram pela 5 de Outubro?
    O nosso Caro Manuel não tem que ficar angustiado por não ter uma “ideia luminosa”. Estamos num domínio em que já se descobriu a roda. Saibamos interpretar os sinais do tempo, avaliemos seriamente o que queremos para o futuro, olhemos à nossa volta, paremos de uma vez por todas para pensar e tenhamos a clareza de espírito e o bom senso que a situação exige. Sejamos construtivos, olhemos para a frente mas sem sistematicamente negar tudo o que está para trás. Aprendamos com os erros.
    A autoridade da escola implica um compromisso alargado, envolvendo professores, pais e alunos. A cena do formador, descrita pela nossa Cara Pezinhos n' Areia, que em plena sessão de formação atende um telemóvel é, obviamente, num quadro de autoridade inadmissível a todos os títulos.

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  38. É a sociedade sonhada pelo seu colega de blogue, David Justino, assessor do Empalhado de Belém...

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