sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Cães “presidenciais”...

À hora do almoço foi apresentada uma reportagem sobre Barney, o cão de Bush. No seu passeio presidencial abocanhou a mão de um repórter da Reuters. A vítima, depois do gritinho de dor-admiração, ao tentar fazer uma festa no pequerrucho, foi sujeito à aplicação de um penso no segundo dedo da mão direita feito pelo médico da Casa Branca, o qual recomendou limpeza diária e a tomada de antibióticos. O jornalista contou todos estes pequenos detalhes empunhando “orgulhosamente” o dedo para as câmaras.
Sim senhor. Uma grande notícia! Estou convicto que o jornalista irá guardar o penso para o resto da vida, e quem sabe se não será alvo de algum leilão no Ebay!
Ontem, a notícia da mordedura de uma cão, de raça Rottweiler, foi mais preocupante. A criança ficou seriamente ferida em consequência da atitude do animal. O dono, segundo a notícia, já tinha tido alguma “experiência” em casos de ataques de animais. Mais uma vez se exige o controlo destes tipos de animais e, sobretudo, a qualificação dos donos.
Durante muitos anos não tive grande afeição por cães. A razão é fácil de explicar. Tinha seis anos quando fui mordido nas nádegas pelo cão da minha prima. No final de uma tarde de Verão, ouvi que o rápido para Lisboa ia passar mesmo em frente. Corri para junto da linha e comecei a acenar às pessoas, as quais retribuíam o meu gesto. De repente, senti uma dor aguda no traseiro. Foi o sacana, para não dizer outra coisa, do Piloto, um pequeno cão rafeiro, que me filou de tal maneira que tive dificuldade em me libertar. Consequências: nádegas vermelhas devido ao mercurocromo, muitas dores, não conseguia sentar-me e tinha de dormir de barriga para baixo, além de uma fobia aos canídeos. Só muitos anos mais tarde é que me deu na bolha em comprar a Boneca, por causa de uma das filhas. Reconciliei-me com os cães. Nunca supus que um cão desse tantas alegrias. Presentemente, está velha, velhinha e doente. Limitada nas suas actividades teve que ir para uma quinta de um familiar. Dispõe de cuidados, de mais espaço e de atenções adequadas, os quais permitiram evitar a eutanásia. Está reformada e a gozar os seus direitos. É merecedora.
Se algum jornalista quiser fazer-lhe uma festa ou entrevista esteja à vontade. Não morde. Nunca mordeu!
Se não morde, nem nunca mordeu, então não é notícia...

7 comentários:

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  2. Quem percebe de psicologia canina diz que os cães de casa assumem o carácter e as manias dos donos. Nao é por isto que aconteceu, mas sempre achei o barney mal acabado...

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  3. ??? Não faço ideia se a equação do “Número de Dunbar” é aplicável ao cérebro do cachorro, calculando-lhe a dimensão do neocórtex. Se for, então teremos de concluir que o bichinho terá um neocortex definhadinho. Aqui em conversa íntima com os meus botões, dizem-me eles que entre os animais e os seus donos, se estabelece frequentemente uma relação de semelhança que chega a rasar o inimaginável...
    Bah... não acredito... balelas.

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  4. Caro Professor Massano Cardoso
    Como a idade, o passar do tempo e as circunstâncias da vida nos fazem ver o mundo de maneira diferente! O Piloto queria brincadeira, mas foi desajeitado. Com o rabiosque a arder deixou a criança de seis anos com medo de cães, quando afinal os cães são em geral amigos do homem, fazem companhia e são carinhosos, para além de muitas outras funções importantes e relevantes que podem ter, por exemplo acompanhantes de cegos.

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  5. Caro Professor:
    Pouco a pouco, vamo-nos habituando e começamos a raciocinar ao contrário. Ora veja: o meu amigo e eu ainda somos do tempo em que os cães mordiam e isso não era notícia. Agora, se um azarado cão ainda possuidor de uma leve reminiscência de morder, actua em conformidade, aí temos gorda novidade, reportagem de telejornal e, porventura, condenação à morte!...
    Estamos pois nos antípodas dos paradigmas jornalísticos, que diziam não ser notícia o cão morder o homem, mas sê-lo-ia o homem morder o cão!...
    Devagar...devagarinho...

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  6. Cá para mim, a primeira notícia não foi sobre o cão, mas sobre o jornalista e o modo atento como a Casa Branca o tratou, não fosse a seguir levar uma dentada (do jornalista, claro, não do cão).
    Já a segunda, que não vi mas que deve ter sido ilustrada com o cão, é realmente sobre o crime que é ter cães perigosos à solta, ou com possibilidade de atacarem crianças ou desprevenidos com boas intenções. Quanto à terceira, ainda bem que não passou de uma má recordação, e que a Boneca foi capaz de o reconciliar com esses animais fantásticos que nos despertam afectos tão grandes que há quem diga que prefere os cães às pessoas...

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  7. Anónimo19:46

    Só quem nunca teve um cão ou teve sem lhe ligar e criar laços com o bichinho não consegue entender a maravilha que é ter essa imensa companhia que é um cão na nossa vida.

    Nunca tinha tido cães. De há 4 anos a esta parte caiu-me no colo uma boxer que me acompanha para todo o lado e foi das melhores coisas que me aconteceu na vida.

    Muita gente tem medo de boxers - medo totalmente infundado - e aliás muitos pensam que são cães potencialmente perigosos e devem andar açaimados. Na realidade, a esmagadora maioria dos cães, devidamente socializados e treinados de acordo com os padrões da raça e as suas caracteristicas particulares não é perigoso seja para quem for, pese embora haver uma lista de 7 raças consideradas potencialmente perigosas. E, lamentavelmente, certos donos continuam a dar razão à sua existência como é o caso deste dono de rotweiller que não socializou o seu animal o suficiente para ele não se sentir incomodado com os barulhos e brincadeiras que as crianças sempre fazem.

    Um pequeno episódio passado há uns meses na estação de comboios de Sete Rios. Estava tomando um café enquanto aguardava o comboio onde ia fazer-me transportar e dois zelosos agentes da PSP aproximam-se falando no açaimo. Eu respondo que é um boxer, não tem que andar açaimado na via pública. Notoriamente os agentes da PSP sabiam que assim era, simplesmente resolveram implicar mas não demasiadamente e não insistiram. Um deles ainda disse que ali, um espaço com tanta gente a passar era melhor pô-lo. Ao que trepliquei com a minha chapa 5 para casos destes. O instrumento para evitar que um cão morda não se chama açaimo. Chama-se treino.

    Quem dera que todos aqueles que têm cães, pequenos ou grandes, os socializassem e educassem em devida regra... Mas, alto! Se vivemos nos tempos em que os pais não educam, sequer, as crianças, como posso esperar eu que eduquem os cães? Silly me...

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