terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

A bola de neve

Era previsível. A um governo que perdeu a oportunidade de fazer a verdadeira reforma do Estado, sucedeu um governo que enfraquece cada dia que passa.
A celebrada inversão de marcha nas políticas de gestão de recursos humanos na Educação está já a dar os seus resultados. O sindicato independente dos médicos veio avisar: "se o governo abrir excepções para outros grupos profissionais, como os professores, na alteração das quotas previstas para progressão nas carreiras da função pública, então os médicos exigirão o mesmo".

Quantos mais "corpos especiais" da Administração Pública se apresentarão com o mesmo discurso?

6 comentários:

  1. Caro Ferreira de Almeida:
    A "excepção" dos professores vai generalizar-se. Já apareceram os enfermeiros, agora os médicos. Depois, virão os paramédicos, os informáticos, os quadros técnicos, o pessoal de secretariado, os chefes de gabinete, os assessores, os consultores e adjuntos. Virão os secretários de estado. Quando chegar aos ministros, está salva a pátria, porque já desapareceu.

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  2. Caro Ferreira de Almeida,

    Permita-me esclarecer alguns pontos essenciais:
    1º as quotas de mérito fazem algum sentido? Uma pessoa ou tem mérito ou não o tem;
    2º quando os políticos mentem descaradamente às pessoas acontecem este tipo de situações. Porque não disseram que o mérito não tinha interesse nenhum? Porque não afirmaram que as finanças públicas estavam uma desgraça e que as quotas serviam apenas para reduzir os salários das pessoas?

    Este é que é o problema.

    As quotas de mérito são uma medida à portuguesa. Quando não são definidas as missões de cada organismo, quando não são definidas as tarefas de cada colaborador, quando não é definida a estratégia do organismo, quando não são definidos objectivos de longo, médio e de curto prazo, quando não são definidas checklists de controlo, em suma, quando nada é definido, o descontrolo orçamental é uma inevitabilidade e quem sofre as consequências da péssima gestão que vamos tendo são os trabalhadores e depois o contribuinte!

    Mais, quando aparece um governo a congelar salários e/ou carreiras desde, pelo menos, 2001 que motivação pode esperar dos seus colaboradores? E se os tais trabalhadores descobrirem que quem manda acumula reformas com salários, obteve reformas por ter trabalhado durante meio ano numa das inúmeras empresas públicas ou semi-públicas, que acabou de adquirir um automóvel topo de gama pago com o dinheiro do contribuinte, que acabou de levar os filhos ao Colégio Moderno com o automóvel acabado de adquirir e tendo ao volante o motorista pago com o mesmo dinheiro. E se tudo isto não bastasse, os trabalhadores ficassem a saber que esses políticos andavam a oferecer computadores a todas as criancinhas de Portugal e da Venezuela? E que se preparavam para gastar milhares de milhões em autoestradas, aeroportos, tgvs e estádios de futebol?

    Não se esqueça, caro Ferreira de Almeida, que não é com medidas fáceis que se resolvem os gravíssimos problemas do país. E acrescento que enquanto exigirmos medidas deste teor, quem gere a coisa pública e por arrastamento quem gere a coisa privada agirá com cada vez maior irresponsabilidade, porque sabe que quando surgir um problema orçamental, basta descarregar sobre os mesmos de sempre... até um dia!

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  3. Caro JMFAlmeida

    Peço desculpa, mas não se preocupe, a conversa de rico terminou, pelo que a penúria financeira vai tornar as reivindicações em miragens....
    Também gostava de ter um Ferrari, não tenho, necessariamente, direito a ele....

    Cumprimentos
    joão

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  4. Apenas uma nota: Os chamados "corpos especiais" foram inventados no Governo de Cavaco Silva.

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  5. Anónimo09:48

    Está enganado caro Spiriv. Os regimes especiais existem no funcionalismo público desde sempre. Contudo esse facto é irrelevante.

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  6. Se, tal como na esmagadora maioria dos países, ao invés de 100 escalões nessas carreiras, houvessem apenas 2 ou 3 e diferenciação de remunerações por funções especializadas ou por prémios de produtividade,decerto que estas conversas de café ou matinées negociantes, deixariam de fazer sentido.

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