sexta-feira, 23 de abril de 2010

A lacuna de Inês

Inês de Medeiros, residente em Paris, mas eleita Deputada por Lisboa, viu satisfeita a sua reclamação de ter direito a uma viagem semanal a Paris, paga pela Assembleia da República.
Como a lei não previa tal direito, foi decidido que o problema do pagamento não era de Inês, mas era da lei. A lei estava assim contaminada de grave lacuna, pelo que urgia levantá-la com rapidez. E pagar as viagens. Decisão, aliás, tão justa e tão adequada que não serve de exemplo para outras, segundo os próprios decisores.
Mas eu, sinceramente, gostei da decisão. Vou também reclamar uma grosseira lacuna na lei a propósito de eu, cidadão Pinho Cardão, não estar isento de impostos. E não me importo que a isenção apenas abranja o tempo da lacuna que contemplou Inês.
Comecei já a elaborar o requerimento.
Nota: Não condeno Inês. Em tempos, a Deputada referiu que, no momento de aceitação da candidatura, lhe tinha sido prometido o pagamento das viagens. Face ao compromisso, caberia então ao PS pagar-lhas. Não a nós.

3 comentários:

  1. Sinceramente, indigna-me todo este alarido mesquinho!

    Até agora, ninguém foi capaz de me apontar um razão válida (uma, que fosse) para discriminar-mos os Deputados que residem na Região Autónoma de Paris!
    É claro, logo que esteja pronto o TGV (estão a ver como faz falta!), será lícito perguntar se a Bela Inês não poderá passar a deslocar-se de “quimba”...
    Mas até lá, esta é a solução que se impõe.

    Non, mais!

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  2. ... com direito a um parecer "adequado ao caso":

    Muito fazem por um parecer
    para revelar a brancura
    do regime a apodrecer
    disfarçado de vil frescura.

    Essa brancura tisnada
    por tão reles erudições
    é uma cor encanada
    às mais abjectas condições.

    Nas teias enganadoras
    destes tempos enlaçados
    lápides reveladoras
    cobrem seres acossados.

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  3. Caro Henry:

    Fosse Paris uma região autónoma do Reyno de Portugal e outro galo cantaria...
    Como sabe, a lei vigente considera a Europa, no seu todo, um círculo eleitoral e o Deputado aí eleito tem, obviamente, as viagens pagas.
    De qualquer modo, no caso em apreço, uma coisa é a lei existente, outra é a que poderia ou deveria existir. A Deputada Inês foi proposta pelo PS ao abrigo da lei existente, não de uma futura lei a constituir. Como tal, deveria submeter-se à lei. Competiria ao PS, naturalmente, arcar com os custos das viagens, já que, como a Deputada referiu, o PS alegadamente disse que tal facto não constituiria óbice.

    Caro Manuel Brás:
    Também aqui uns versos, tal como o parecer, bem adequados ao caso...

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