sexta-feira, 8 de outubro de 2010

A era dos Bobos, segundo Vargas Llosa


O Pinho Cardão já fez aqui a devida homenagem ao novo Prémio Nobel da Literatura, Mario Vargas Llosa , que subscrevo inteiramente. Mas como não sei fazer links em comentários, aqui deixo a referência para um dos mais recentes textos dele no El País, A Era del Bufón onde, a propósito da comoção global provocada por um desconhecido pastor protestante que vive nos recônditos da América e fez saber que tencionava queimar uns exemplares do Corão, faz um retrato notável da loucura “comunicacional” que vivemos e das perigosas consequência disso. Todos temos culpa, diz ele, e é verdade, o que faz vender jornais é o espectáculo, por absurdo que seja, é o escândalo, por mais intolerável e digno de desprezo que devesse parecer, e o que se promove é a “notícia diversão, a notícia chiste, a notícia frivolidade (…) para terem direito à existência e a prosperar, os meios de comunicação não devem dar notícias mas oferecer espectáculos, informações que, pelo seu colorido, humor, carácter tremendista, insólito, ou subida de tom, se pareçam com os reality shows onde a verdade e a mentira se confundem tal como na ficção”.
Nada que não se tivesse já dito e pensado mil vezes mas que, pensado e escrito por Mário Vargas LLosa, tem a força e o ritmo de uma prosa inconfundível.

4 comentários:

  1. Oportuna evocação, cara Suzana. E logo com um actual e excelente texto onde, a exemplo de toda a prosa do autor, e como a Suzana diz, não falta a força e o ritmo, e eu acrescentaria, o conteúdo e a riqueza da análise.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. A tendência é “ouvir”, aceitar e seguir as opiniões,os pensamentos, a ideologia de alguém de renome e grande influência e, consequentemente, com grande impacto nas massas. Alguns cidadãos comuns também têm capacidade de análise, de escolha, só que necessitam, assim parece, de outros que validem a sua forma de pensar.

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  4. Suzana
    Reconheço que não tenho talento para escrever tão realista análise sobre o que é a comunicação social dos tempos de hoje. A competição entre comunicações sociais é de tal ordem, que só mesmo a exploração do escândalo, mesmo que não existindo, e dos sentimentos e emoções é que pode "roubar" as atenções da opinião pública. É o tempo da comunicação social "picante" e é o tempo de uma opinião pública alienada.

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