quarta-feira, 24 de outubro de 2012

"Genocídio moral"!


Estou perfeitamente convicto que as diferentes formas de intolerância têm como objetivo justificar a identidade de um povo, de uma comunidade, de uma crença ou de uma ideologia. Ao encontrar "defeitos" nos outros torna-se mais fácil convencerem-se da sua superioridade moral. Talvez seja essa a razão dos grupos conservadores russos que têm vindo a fazer uma guerra contra a homossexualidade. A recente ida de Madonna à Rússia desencadeou uma onda de protestos devido à atitude "provocatória" da cantora norte-americana. O mal-estar russo, que tem o máximo de representatividade numa espécie de "polícia dos bons costumes", não se ficou pelo show da artista, até produtos publicitários, caso de produtos lácteos, em que nas embalagens surge um arco-íris atrás da figura de um homem, estão a ser objeto de manifestações na medida em que as cores do arco-íris se identificam com a bandeira "gay". A loucura tem destas coisas, e, por este andar, até as histórias infantis, em que abundam os arco-íris, poderão vir a serem consideradas como convites à homossexualidade, basta que os dos "bons costumes" se lembrem disso. Na Rússia nota-se uma forte contestação a certos comportamentos que são conotados com o ocidente e, naturalmente, com a corrupção que por aqui brota. Deixem lá que para as vossas bandas corrupção e imoralidades são coisas que não faltam. Também fiquei perplexo com a hierarquia de gravidade dos problemas que os russos sentem na sua forma de ser, em primeiro lugar está o suicídio, seguido da rejeição das crianças e em terceiro lugar a condenação da homossexualidade. Há quem afirme que se estão a criar condições para uma perseguição tipo "novos judeus".
A atitude de Maddona, ao querer defender os direitos destas pessoas, foi considerada como uma "arma ideológica do oeste" e os responsáveis queixaram-se na opinião publica de que a senhora estaria a cometer "genocídio moral"! Enfim, a intolerância é um facto muito preocupante, ao relembrar outras situações já vividas e sofridas. Olhando para os russos intolerantes, ponho-me a pensar se ainda não irão encontrar um meio de evitar os belos arco-íris, privando-nos da sua beleza e de todas as histórias que se contam a seu propósito...
Já não digo nada!

4 comentários:

  1. Talvez os métodos empregues pelos "de oeste" se mostrem discrepantes aos olhos dos Russos, numa otica de "defesa" da manutenção da (sua) "espécie".
    ;)
    Na base deste raciocínio (anti-deontológico, eu sei) está a questão da demografia, uma preocupação transversal a todas as sociedades e, preocupante sobretudo nos países mais próximos do círculo polar.
    Sabe-se; sabem os latinos (ou então especulam). Não! Os latinos que visitam os países frios sabem! (é obrigatório "chamar os bois pelos nomes") que as mulheres daqueles países são menos «bem-amadas» que as mulheres europeias, sobretudo as do sul da europa.
    É forte a responsabilidade do clima, nesta falência "quase generalizada" do macho nórdico, mas outras serão co-responsáveis, como o consumo excessivo de bebidas alcoolicas.
    Nós os latinos, também bebemos e nem por isso deixamos de amar as nossas mulheres e quantas vezes também as mulheres alheias, o que colide(ia) com os preceitos canónicos do catolicismo, mas, fazia aumentar exponencialmente a demografia.
    Bom, vou fechar a torneira da parvoice e rematar com uma opinião conclusiva.
    ;)
    Do meu ponto de vista, caro Professor, nem a sô dona Madona, nem o Sôre Helton John, nem o Sôre David Bone, nem a/o Belle Dominique, têm o direito de em casa alheia, tentar mudar mentalidades.
    ;)

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  2. Meu caro amigo
    Desconhecia essa "faceta" nórdica.
    Quanto ao "direito" têm esse direito, claro, afinal de contas o que andamos a fazer? Não é tentar mudar as mentalidades dos outros? E no caso vertente, "eles" não tentaram mudar as mentalidades em casa alheia? E de que maneira!

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  3. Sim, é verdade que "eles" tentaram, caro Professor, mas, sem querer assumir a condição de advogado do diabo, fizeram-no numa conjuntura socio-política diferente. Em contraposição à política de domínio adoptada pela América.
    Se nos concentrarmos no campo da observação multifocal, e analisarmos o fenómeno segundo vários ângulos, chegamos com alguma facilidade à conclusão que, uns defendem-se daquilo com que os outros os atacam.
    Aliás, sempre assim tem sido, desde o princípio da humanidade.
    ;)

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  4. Faz-me recordar os anos 90 em que começaram a criticar um boneco de animação infantil, cuja pelagem roxa e triângulo invertido sob a cabeça - ambos símbolos de "gay-pride" - o denunciavam como representante de homossexualidade.
    Tais criticas não surgiram de uma Rússia fria e intolerante mas de uma América de "liberdades".

    Bem vistas as coisas, e como tende a ser hábito, no meio está o certo. Muitos comportamentos sociais tendem a passar por algo que chamo de "balançar", procurando um equilibro de direitos mas esquecendo-se da diferença que existe entre o respeito pelas decisões e escolhas alheias e a irresponsabilidade que há no proselitismo, e inclusive, na influenciação demagoga que tendencialmente ocorre.
    Aliás, vários exemplos existem. O racismo que se vira exponencialmente para os caucasianos, os direitos femininos que lesam os masculinos, a homofobia que, seguramente, se ira transformar numa maioria de heterofobia.
    Balançando, balançando, mas nunca chegando ao justo equilíbrio.

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