terça-feira, 22 de janeiro de 2013

No final, quem terá razão: Nouriel Roubini ou Vítor Gaspar?

1. Duas notícias divulgadas hoje, uma de manhã e a outra de tarde, quase totalmente incompatíveis, suscitam a questão se saber quem, em última análise, terá razão: se Roubini se o Ministro Vítor Gaspar.
2. A primeira notícia, divulgada de manhã, citava uma declaração de Nouriel Roubini, conhecido economista norte-americano que se tornou famoso, e a sua opinião muito respeitada, depois de ter acertado em cheio na profecia da crise financeira do “sub-prime” em 2008: "Não estou seguro de que Portugal regresse aos mercados em breve”. Roubini punha assim em causa uma declaração de ontem à noite, do Ministro V. Gaspar, que anunciava para muito breve o regresso da Repúbica Portuguesa aos mercados da dívida.
3. Já da parte da tarde é divulgada a notícia segundo a qual Portugal vai emitir dívida no mercado dentro de dias ou mesmo horas, confirmando a indicação ontem dada pelo Ministro das Finanças, tendo o IGCP mandatado um conjunto de instituições financeiras (incluindo o Morgan Stanley, o Deutsche Bank e o Barclays) para organizarem uma emissão de dívida, no mercado, ao prazo de 5 anos, supostamente por um montante de € 2,5 mil milhões.
4. Esta segunda notícia é divulgada ao mesmo tempo que se anuncia a queda da yield (taxa de juro implícita na cotação de mercado) da dívida pública portuguesa a 5 anos abaixo de 5% e a da yield da dívida a 10 anos abaixo de 6%, situação que já não se verificava há mais de 2 anos (pelo menos 6 meses antes do pedido de resgate à Troika).
5. Sendo assim, e considerando que a emissão da dívida ainda não é facto consumado, caberá perguntar quem terá razão em última análise: será o céptico Roubini ou o Ministro V. Gaspar e aqueles (raríssimos) que sempre admitiram a eventualidade de um regresso da República Portuguesa aos mercados de dívida em 2013?
6. O mais curioso - e que é um dado relativamente recente na evolução das condições do mercado - consiste no facto de tanto Portugal como a Espanha (em maior escala), a Irlanda, a Itália (em maior escala) e até a Grécia, terem vindo a beneficiar nos últimos meses, muito significativamente, da política monetária ultra-expansionista adoptada pelo Banco de Reserva Federal Americano (FED)...parece estranho, mas é um facto...
7. Este último tema, por diversas razões de espaço/tempo, fica para desenvolver noutro Post...

19 comentários:

  1. Caro Dr.Tavares Moreira: este assunto só pode ser óptimo para o nosso País e para a credibilidade do Dr.Gaspar e do governo em geral. E sabe porquê? Basta ler por exemplo nos jornais económicos as reacções absurdas de certos comentadores ligados sobretudo ao PS,completamente"destroçados"pelo facto de se estarem a concretizar as melhorias que o resto da população anseia há muito tempo!Claro que a chamada oposição, na sua ânsia do quanto pior melhor, tudo dirá contraa este sucesso!Ms nós ficaremos a aguardar pelas boas novas que começarão a aparecer!
    Cumprimento-o com muita amizade!

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  2. Está confirmado : http://bandalargablogue.blogs.sapo.pt/122838.html

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  3. Anónimo17:47

    De certeza que têm os dois razão. Roubini e Gaspar estão na categoria de gurus. E os visionários, como se sabe, têm sempre razão ainda que apontem em direções opostas

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  4. Pois...


    não querendo desanimar ninguem, se bem me lembro...

    ..aqui átrasado...

    tambem andavamos nos mercados! Até que tivemos de chamar a Troika.

    Ou seja, o "regresso aos mercados" por si só é pouco coisa! Entretanto desde que saimos dos mercados, a nossa economia entrou em recessão e os deficits manteem-se.

    Ora, parece-me que estruturalmente (á excepção dos impostos que aumentaram, e dos 4 mil mihoes q se haverão de cortar um dia)...está tudo muito pouco diferente!

    Pergunta : se não mudamos, pagamos mais impostos, estamos todos mais velhos e menos produtivos...pq raio "ir aos mercados" é melhor agora ...que quando chamaos a troika ???

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  5. Caro Alberico,

    Agradeço seus sempre amáveis cumprimentos, quanto á matéria do Post, se não se importa, convirá sermos comedidos nas celebrações...
    Estamos sem dúvida perante uma boa notícia, mas o caminho a percorrer é ainda longo e muito razoavelmente minado...

    Caro F Almeida,

    É quiçá uma boa aproximação ao tema/questão do Post - têm ambos razão, cada qual à sua maneira: um acertando e o outro errando!

    Caro Pedro,

    Já se esqueceu do que foi a principal causa do acordo forçado com a Troika?
    Pelo seu comentário, até parece que sim...e, segundo o que nos diz, para si tudo se afigura simples: com régua, esquadro e um sofá (mais um cafezinho, para entreter), as soluções realizam-se, como por magia...sem qq esforço...

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  6. E o BCE não tem nada a ver com isto?

    A verdade, para o ser, tem de ser completa.

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  7. Alberico Lopes: as melhorias que a população anseia há muito???

    Ó homem, de que fala você? Até o Dr. Tavares Moreira lhe disse: não seja tonto e trave aí às quatro rodas, com air-bag e tudo.

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  8. No dia em que o Roubini tiver que gerir uma carteira, mesmo que seja do balcão em Torre Vã, será de dizermos que poderá terr alguma razão. Até lá é um mero bocas que, qual relógio parado, esteve certo uma vez na vida. E se conseguir viver até lá vai de certeza acertar na próxima crise....como é sempre amanhã....

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  9. Quanto à divida, no dia em que as obrigações entrarem será o dia em que o Gaspar pode dizer adeus, porque o Cavaco vai arranjar maneira de deitar abaixo o governo e voltar a meter um Sócrates qualquer que governe mais de acordo com a sua corrente.

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  10. Dizer “O PS teve razão no tempo certo" é um grande acto de modéstia e humildade da parte de Seguro. Na verdade, num olhar atento aos últimos 20 anos neste País, facilmente se perceberá, que o PS tem razão “todo o tempo”!

    http://jornalismoassim.blogspot.pt/2013/01/isto-revolta-me-e-nao-ha-titulo.html

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  11. Caro Tonibler,

    Não seria eu, pode crer, a investir numa carteira gerida por Roubini, embora ache muita graça, por vezes, às suas opiniões.
    Quanto à hipótese apocaliptica que sugere, admito que a mesma padeça, porventura em overdose, do conhecido síndroma "Delenda est Bethleem...

    Caro murphy,

    Essa e outras expressões semelhantes, são um produto das conhecidas fábricas de vocábulos impressivos que as agências de comunicação mantêm em laboração apesar da crise ou, quem sabe, beneficiando mesmo da crise...

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  12. Stoudemire:peço-lhe por favor que não me trate como se fosse seu clone!Não me considero "tonto"e tão pouco lhe posso admitir que me queira fazer passar por tal!
    Muito gostaria de nunca mais ter de lhe responder!E mais não direi!

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  13. Caro Alberico,

    Não se preocupe com as Stoudemirices...o homem até nem age com má intenção, mas o facto de se situar noutro planeta por vezes dificulta a percepção das suas mensagens, para as quais não existe ainda descodificador capaz...

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  14. Mas será que a operação que Gaspar vai fazer poderá ser chamada de "regresso aos mercados"?
    Acartelam-se 4 bancos para a compra assegurada das obrigações de dívida, sabe~se lá com que promessas,e chama-se a isso "regreso aos mertcdaos".
    Valha-nos Deus.

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  15. Caro Alberico,

    Como pode verificar, não é o nosso excelente comentador Stoudemire o único residente noutro planeta!

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  16. Caro Tavares,

    se algo parece uma "simplificação de sofá" foi a sua consideração ao meu comentário.

    E ao inves do que me acusa, não sou eu que delinio soluções a "regua e esquadro"...até o que tentei explicitar no meu comentário foi precisamente o contrario.

    Mas visto que não me expliquei de forma suficientemente clara, aqui fica uma tentativa de tornar percetivel o que tentei dizer:

    - O regresso aos mercados de forma que assistimos (muito diferente daquilo que era o plano de VG) hoje, por si só não diz nada sobre o nosso real estado.

    Se de facto as coisas estão como estão, se mesmo cumprindo o plano da troika, não se atingiram os objectivos definidos pela troika...em que medida é que estamos "mais fortes" e "mais consistentes" ???

    Se o desemprego é maior, logo a base de tributação inferior!

    Se o desemprego é maior, logo a base de "despesa" é superior!

    Se os impostos estão todos muito maiores, logo a liquides é menor!

    Se os cortes e "pseudo-recuperação" foi á custa da receita - que se sabe, por estes simlpes pressupostos, no proximo ano será irremediavelmente inferior !

    (...mesmo sem entrar em linha de conta com coisas como: mercado paralelo, fuga aos impostos, deslocalização de empresas...)

    De tudo isto é factual que:

    - estamos todos mais velhos.

    - Estruturalmente pouco ou nada se alterou.


    Ora, julgo que saimos dos mercados, porque estruturalmente estávamos mal!

    Não foi o contrario : ficamos mal, pq saimos dos mercados!


    Ora perante isto, e o estado da nação, como conhecemos...acredita sinceramente que para além da cosmetica desta "ida aos mercados", temso de facto consdições de sustentabilidade muito diferentes de há 2 anos atrás ?

    ...pois, eu pessoalmente não acredito! E tenho a plena consciencia que assim com entramos nos mercados, sem ter atingido os "objectivos minimos" da Troika....no dia em que os atingirmos (se alguma vez ai cehgarmos) nada nos livrará de sairmos dos mercados!

    Nada desta cosmetica depende de nós!...até para o confirmar, vide as declarações do proprio Gaspar ao longo do ultimo ano, sobre o regresso aos mercados....que todas elas iam no sentido contrario a uma entrada tão célere.

    Mas lá está, podemos pegar "na regua e no esquadro" e sentados no "sofá do sistema" achar que fomos muito bem, e que tamos num caminho otimo!

    (basicamente o mesmo que fizemos e nos encaminhou para isto! mudam as cores...mas os tiques manteem-se!)

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  17. Caro Pedro,

    Em primeiro lugar cumpre esclarecer que eu não o acusei de coisa nenhuma, muito menos tive qq intenção desse tipo...se há coisas para que não tenho jeito, pode crer, é para acusador...e muito menos, neste caso, acusador de um comentador que me merece toda a consideração.
    Quanto ao essencial desta nossa leve controvérsia, eu apenas lhe quero dizer que o processo de ajustamento de uma econmia com o grau de desequilíbrio que a economia portuguesa evidenciava em Abril de 2011 - acrescendo o facto de se encontrar virtualmente impossibilitada de acesso a financiamento do exterior - passava OBRIGATORIAMENTE por uma correcção do nível de despesa interna...
    E que a única forma de reduzie a despesa é reduzir o rendimento aos particulares e impor restrições na despesa pública, não há volta a dar-lhe!
    Se o ilustre comentador abomina esse processo de ajustamento eu até compreendo mas, com uma calibragem maior ou menor do conjunto de medidas adoptadas (há coisas que poderiam ter sido feitas de maneira algo diferente é certo, com menor agravamento de impostos, por exemplo), a correcção dos desequilíbrios económicos era sempre incontornável e sem alternativa...
    Ou, se quiser, até existia alternativa que talvez tenha sido pena não termos experimentado, pelo menos por uns meses: não negociavamos o resgate em Maio de 2011, o Estado falia efectivamente, teria deixado de pagar salários aos funcionários públicos a partir desse mesmo mês, mas o ajustamento, em tumulto total provavelmente, seria igualmente feito...

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  18. Obrigado pela condescendência, Dr. Tavares Moreira.

    Quanto ao Alberico, enfim...

    Eu posso viver noutro planeta, mas a minha empresa está sediada aqui, na Terra.

    E a sua? E a do Alberico? E a do Passos? E a do Gaspar?

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  19. Ilustre comentador Stoudemire,

    Eu não excluí, admito mesmo, que o outro planeta em que parece viver possa ser bem mais perfeito do que este nosso...
    Mas que é outro planeta, afigura-se quase insofismável...

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