segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Ad memoriam


Por mero acaso encontrei nas redes sociais notícia do falecimento, há uns dias, do meu Bastonário Mário Raposo. Sensação estranha esta de ver que a passagem de figuras relevantes da vida nacional já não nem sequer é motivo do mais ligeiro registo mediático.
Não via o Dr. Mário Raposo há uns largos meses mas dele recebia, com regularidade, o que continuava a escrever e publicar sobre temas do Direito com rara competência. 
Devo ao Dr. Mário Raposo muitas atenções, em especial a de, sabe-se lá por que bulas, ter confiado num jovem jurista, vindo da província sem recomendações ou apoio de nome sonante de família. Era ele então Ministro da Justiça. Teve a ousadia de me convidar para seu lado no Governo, e eu a sensatez que me faltou anos mais tarde. Gratidão pessoal não é, obviamente, razão plausível para o elogio público. Mas já é um imperativo de justiça, com dizia Cícero, dar público testemunho da existência de alguém com um invulgar sentido de Estado nas funções públicas que exerceu. 
Como Advogado reconheço em Mário Raposo um dos últimos Bastonários que defendeu o prestígio social da classe por sempre exultar o que ela tem de melhor. Outros tempos... 
Repouse em paz.

3 comentários:

  1. Justíssima homenagem, caro Ferreira de Almeida!

    ResponderEliminar
  2. Ainda o conheci como Provedor de Justiça, creio que no início dos anos 90, muito justa homenagem. Mas, caro Zé Mário, nessa altura já a mim me parecia um homem de idade, de "outro tempo", como se diz hoje, e o tempo é cruel com a memória dos que devíamos guardar na memória, poucos teriam hoje curiosidade por esta figura nacional no tempo em que a política não se fazia com parangonas nos jornais para figuraram nessas mesmas parangonas. Nem a política nem as leis... Foi várias veZes ministro da Justiça.

    ResponderEliminar
  3. Caro Ferreira de Almeida,

    Desconhecia também a notícia do falecimento do Dr. Mário Raposo.
    Conheci-o relativamente bem ao tempo do Governo Sá Carneiro, do qual foi Ministro da Justiça.
    Recordo-me bem da sua extrema afabilidade e do seu enorme espírito de missão no desempenho de cargos públicos (característica que caiu em desuso, entretanto, e de tal forma que os que eventualmente insistam são vistos com suspeita, quando não vilipendiados).
    Associo-me inteiramente a esta singela homenagem a Mário Raposo.

    ResponderEliminar