quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Défice da balança comercial volta a agravar-se?...

1. Esta notícia faz uma das manchetes num dos mais lidos jornais on-line: dados hoje divulgados pelo INE mostram que no trimestre terminado em Agosto, as importações de mercadorias (bens) cresceram mais (3,1%) que as exportações (2,3%), relativamente ao mesmo período de 2012.

2. Desta diferença de ritmo de crescimento entre importações e exportações de bens resultou um ligeiro agravamento, de € 163,6 milhões (0,1% do PIB), no défice comercial do mesmo período em relação ao período homólogo de 2012.

3. Considerando apenas o mês de Agosto, as exportações estagnaram e as importações caíram 3,5% relativamente a Agosto de 2012.

4. Nada de extraordinário, pois, apesar do “estrondo” sensacionalista do título da notícia, nem nada que coloque em causa a extraordinária melhoria registada até agora nas contas com o exterior (balança de pagamentos) nos últimos 3 anos, de que tenho aqui dado frequente notícia e que constitui uma mudança radical – e altamente positiva – no desempenho da economia portuguesa no período de 15 anos até 2010...

5. De resto, o próprio BdeP no Boletim Económico de Outono ontem divulgado, em que actualiza a estimativa da balança de pagamentos para 2013, antecipa superavits de 3,1% do PIB para as Balanças Corrente+ Capital, de 2,1% do PIB para as Balanças de Bens+Serviços e de 1% do PIB para a Balança Corrente.

6. Sem embargo do que fica dito nos últimos 2 pontos, não deixo de notar que a ligeira inversão do resultado no comércio de mercadorias no trimestre Junho-Agosto, atrás referida e que o título da notícia trata de forma sensacionalista, constitui o que se poderá chamar de “early warning”...

7. ...ou seja, um sinal avançado, ténue mas nem por isso desprovido de significado, de que uma mudança de política que procure dar gás à procura interna (teses Crescimentistas) – e que não seja exclusivamente associada a um aumento do investimento produtivo nos sectores abertos à concorrência - pode deitar a perder todo um gigantesco esforço de ajustamento da economia que o sector privado se mostrou capaz de realizar...e isso seria absolutamente dramático para o futuro do País...

8. Aqui fica pois esta chamada de atenção para os ilustres Crescimentistas, tanto os do tipo português suave como, sobretudo, os puros e duros que adorariam ver a despesa pública aumentar (até ao céu, se possível) para aquecer a actividade económica...o “remédio” que preconizam teria efeitos letais...
 

8 comentários:

  1. É natural com tantas advertências quem tem dinheiro pensa;
    Se não compro fico sem dinheiro e sem produto. Por isso não espanta o aumento das importações.
    Além do mais 1 Mercedes, 1 BMW 1 Audi todos somados dão para anular as exportações de 5000 pares de sapatos ou 150.000 sockets ou 300.000 T-Shirts etc.
    Prático.
    Cumprimentos

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  2. Caro opjj,

    Não há dúvida, contas são contas e, nesse particular, o ilustre comentador parece mover-se com enorme à vontade...
    Resta saber como é que quem tem dinheiro, caso decida não comprar (aforrar, talvez melhor) fica sem o dinheiro...é preciso muito azar!

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  3. Fica sem dinheiro? Quando compra o carro também fica sem dinheiro...

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  4. Peço desculpa de me intrometer na sua área. Nºs é com V.Exª que tem larga experiência
    Disse Luís Moreira que comprando um carro fica sem dinheiro! Lembro-lhe que,fica com o produto.Há dias vi na TV Um Sr. dizer q comprou 10 apartamentos para alugar porque assim não fica sem o dinheiro.
    Caso dos certificados de aforro, não é impossível a falência do Estado e a coisa fica preta.
    B.H.

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  5. Não caro opjj, números também são consigo, o exemplo que deu dos sapatos e do automóvel de gama alta é um bom exemplo que tem a ver com a famosa questão dos termos de troca, ou seja a relação entre os preços dos produtos que exportamos e dos que importamos...
    A evolução dos termos de troca pode ser favorável ou desfavorável a um determinado País...
    Esperemos pois que o preço do calçado possa evoluir mais favoravelmente que o preço dos automóveis...ou seja que daqui por algum tempo sejam necessários menos pares de sapatos produzidos em Portugal para pagar um automóvel da gama que mencionou!

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  6. Se formos a ver bem, é muito mais fácil pagar um BMW a enterrar um país e a dar cabo do juízo das pessoas, que a fazer pares de sapatos. Pelo menos, vendo as fotografias da entrada de um fábrica de sapatos e as fotografias da entrada do TC....

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  7. Muito interessante esta entrada do caro opjj, um execelente raciocínio, a suscitar a questão da vulnerabilidade das nossas exportaçõe...Era interessante sabermos que tipo de produtos foram importados que influenciaram o défice apontado pelo caro Drº Tavares Moreira ...

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  8. Caro Tonibler,

    Certeiro, como sempre. E, tb como sempre, na vanguarda do comentário político e social...

    Caro jotaC,

    Se conseguir entrar no site do INE, o que nem é difícil, pode obter muita informação desse tipo...

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