sexta-feira, 24 de abril de 2015

Mentes infantis...solução para a economia

Era eu pequeno, lembro-me de perguntar ao meu Pai por que é que o Salazar não dava dinheiro a toda a gente e assim não haveria pobres e todos seriam ricos. Já nem sei qual foi a resposta, mas sei que não me convenceu lá muito. E, em toda a infância, ao que me recordo, essa solução de transformar pobres em ricos ficou-me persistentemente no espírito.  
Passaram décadas, muitas, sem que alguém, adulto, pegasse em ideia tão simples, tão prometedora e, no fim, tão eficaz. Mas eis que, repentinamente, um grupo de 12 sábios economistas pegou nessa ideia infantil e transformou-a em programa económico de governo. A segurança social dos futuros reformados é distribuída pelos actuais trabalhadores que ainda não pensam na reforma. E um significativo grupo de funcionários vai ter um bónus acrescido, por distribuição imediata de dívida a pagar no futuro, suportada por quem, em acumulação, e já lhes foi dito, vai ter as suas pensões reduzidas.
Mas, no fim, fico satisfeito, por ver que os meus sonhos infantis se vão concretizar pela imaginação poderosa de 12 sábis economistas e socialistas. 
E concluo que não há como mentes infantis para solucionar os problemas da economia!...   
 

12 comentários:

  1. Caro Dr. Pinho Cardão:
    Comemoramos hoje a Liberdade e a Democracia.
    Dois bens essenciais à nossa qualidade de vida.
    E que tal ser democrático na avaliação das ilusões com que os 2 principais partidos nos brindam em tempo de eleições?
    (Não falo dos restantes, pois de 2 deles, à esquerda, nem vale a pena; o outro, à direita, costuma dedicar-se mais à lavoura)
    Sugiro-lhe que leia este artigo com atenção do princípio ao fim, sem «parti-pris». Se for preciso tome Alka-Seltzer:
    «O actual Governo prevê um crescimento nominal do PIB de 3,5% e um saldo orçamental primário de 2,9%, na média do período; o PS prevê um pouco mais de crescimento e um pouco menos de austeridade (3,9% e 2,3%, respectivamente)
    Quantas vezes na história algum país conseguiu atingir as metas orçamentais impostas pela UE num contexto marcado pelos ritmos de crescimento económico previstos para Portugal?
    E quantos dos países em causa se encontravam numa situação financeira idêntica à portuguesa?
    Olhando para a experiência dos 28 países membros da UE entre 1996 e 2014, as respostas variam entre raramente e nunca.
    O cenário apresentado pelo governo registou-se em 2,9% dos casos.
    O cenário do PS, ligeiramente mais moderado, aconteceu 5,8% das vezes.
    Em nenhum dos casos o país em causa tinha uma dívida externa superior a 100% do PIB, como acontece com Portugal (que todos os anos tem, assim, de canalizar para o exterior uma parte importante dos seus recursos).
    Em suma, Governo e PS estão a alimentar uma fantasia: ou a austeridade terá de ser reforçada para que se cumpram as metas orçamentais, o que implica que o crescimento será inferior ao que nos prometem ou o próximo Governo procurará evitar que a política orçamental constitua um entrave à recuperação da economia e do emprego, mas para isso terá de abdicar de cumprir o Tratado Orçamental.»
    Escrito por Ricardo Paes Mamede, «O irrealismo dos cenários macroeconómicos do governo e do PS», in blog Ladrões de Bicicletas. Aqui: http://ladroesdebicicletas.blogspot.pt/2015/04/o-irrealismo-dos-cenarios.html
    Há vários meses já este autor tinha escrito «O triângulo das impossibilidades».
    Segundo o mesmo, é impossível fazer estas 3 coisas simultaneamente:
    Cumprir o Tratado orçamental;
    Pagar a Dívida (Pública = 130% do PIB; Pública e Privada = 230% do PIB);
    Manter um Estado Social próprio de uma sociedade desenvolvida.
    Aqui: http://ladroesdebicicletas.blogspot.pt/2014/05/o-triangulo-das-impossibilidades-da.html
    O resto das discussões, seja nos moldes ideológico-partidários em que o senhor o põe (mais típico das claques de futebol do que do debate racional, aberto e isento que se exige), quer seja dos vendedores de ilusões (principalmente o PS e o PSD; tal como os outros, como referi acima) não passam de discussões sobre a espuma dos dias.
    E isso pode afagar os egos de pessoas que pensam o país a partir do cartão partidário, mas não nos serve como projecto colectivo em que temos de caber todos.

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  2. Caro Manuel Silva:
    Dispensando-me de comentar o post citado, só gostava de lhe dizer que, mais uma vez, labora num erro fatal. É que eu não valoro as propostas segundo a sua origem ou olhando para o sítio de onde emanam, mas valoro-as de acordo com a análise que delas peesoalmente faço. Claro que isto é difícil de entender para muitos e, pelos vistos, também pelo meu amigo. Portanto, caro Manuel Silva, critique à vontade o que eu escrevo, mas não meta, na argumentação, cartões de qualquer espécie. Guarde-os todos para si.

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  3. «Saúdo o aparecimento de uma alternativa séria, honesta e credível».

    «É bom haver uma alternativa. O país precisa disso e espero que sirva de base para uma discussão séria e genuína».

    Manuela Ferreira Leite

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  4. Que a alternativa seja séria e honesta não discuto, pois não entro na intenção dos proponentes. Mas por certo que não é credível, nem serve o país, mem a economia, nem os trabalhadores. As visões imediatistas e de curto prazo servem a agenda política. No resto, são perniciosas.
    Também concordo que é bom haver uma alternativa. Mas não um arremedo objectivamente eleitoralista.

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  5. As políticas monetaristas, onde a intervenção dos estados se exerce sobre as taxas de juro e a oferta de dinheiro, que se assumiram a partir de 70, geraram fracos crescimentos económicos, desemprego e maiores desigualdades de rendimento (como o comprovam as estatísticas).

    Desembocaram agora (2008) na crise financeira internacional.

    E o arrastar desta crise, sem sinais de retoma, apesar da “artilharia pesada” que se usa – gigantescas ofertas de dinheiro da FED e do BCE, e redução das taxas de juro a zero, prova a ineficácia e desajustamento destas políticas.

    Insistir nelas não é só crendice, é também uma burrice e um absurdo.

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  6. Mas que colossais confusões!

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  7. As certezas dos sábios.

    "Em economia há algumas, ainda que não muitas, leis imutáveis – leis da mesma ordem de certeza qua a máxima provavelmente apócrifa de Calvin Coolidge segundo a qual, quando há muita gente sem trabalho, o resultado é o desemprego".

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  8. Caro Dr. Pinho Cardão:
    E que tal um post seu a desancar na proposta irresponsável do CEPR (Centre of Economic Policy Research), sediado em Londres, que reúne uma rede de 900 investigadores em economia.
    O que propõem, muito simples: reestruturar ordeiramente a dívida europeia, que está em 96,4%.
    E para quê?
    Para evitar uma década perdida, como aconteceu na América Latina no pós-1980 e no Japão no pós-1990.
    Há cada maluco nos sítios onde menos se espera.
    Não perca tempo, desanque-os aqui já.
    Avise a malta.
    E proteste formalmente junto do CEPR.

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  9. Bastante oportuna também a análise de Manuel Villaverde Cabral:


    Os mistérios do projecto socialista

    Entretanto, ao acolher o projecto de programa dos doze economistas por ele convidados, António Costa reconheceu objectivamente, uma vez mais, que a situação do país é hoje bem melhor do que o PS tem dito desde que pediu socorro aos credores internacionais em 2011. Com efeito, só as melhorias comprovadas pela saída da «troika» é que permitiram aos autores do projecto prometer acelerar a recuperação já prevista pelo governo. Não foram só os adversários do PS nem os seus concorrentes à esquerda que ficaram surpreendidos com o teor continuísta do projecto, longe de qualquer ruptura que fizesse pensar no Syriza. O sarilho que este está a armar, deliberadamente, já serviu de emenda aos autores do projecto.

    Sobre a badalada renegociação da dívida, nem uma palavra. Aliás, os silêncios do projecto são tanto ou mais eloquentes do que aquilo que promete. Para consumo dos eleitores, o que fica é a promessa de o PS repor os salários da função pública em dois anos em vez de quatro, como anunciara o governo. Seria bom para os funcionários mas aparentemente mau para os reformados, que constituem uma percentagem muito maior do eleitorado. O resto são tecnicalidades, algumas importantes, mas que só na prática se poderão verificar. Sobretudo se a Grécia falir pela terceira vez, o que obrigará a refazer as contas todas…

    Porventura, a proposta mais importante do projecto encabeçado pelo economista Mário Centeno, formado em Harvard, é a tentativa de des-segmentar o mercado de trabalho no sentido liberal, contra a rigidez absoluta dos contratos fixos e a precariedade completa dos contratos a prazo, que tem constituído uma das maiores fraquezas da economia portuguesa, bem como uma das principais razões do desemprego estrutural e da consequente emigração. Simultaneamente, a segmentação do mercado de trabalho tem sido a principal base de apoio da CGTP como porta-voz dos empregados das empresas públicas, deixando os precários sem defesa…

    É de duvidar que a chamada esquerda do PS aceite o projecto «conciliatório» de Mário Centeno. Este é um dos maiores mistérios que rodeará o projecto. Procurando agradar a gregos e troianos, o PS arrisca-se a desagradar a ambos, a uns porque é demasiado à esquerda e a outros, sobretudo dentro do partido, porque é demasiado à direita. E não será a promessa de taxar as heranças de mais de um milhão de euros que compensará, pois no caso improvável de tal medida passar, os interessados terão mais que tempo para contornar a ameaça…

    Outra das ideias fixas da esquerda socialista é a resistência cega às privatizações. O projecto, tanto quanto me dei conta, é omisso a este respeito. E todavia a desestatização da economia faz parte intrínseca da necessária des-segmentação do mercado de trabalho, onde os empregados das chamadas empresas públicas são quem mais caro custa ao país. Outra enorme dúvida lançada pelo projecto é aquilo que acontecerá com a redução da TSU do patronato e dos assalariados, para não falar dessa ideia peregrina que seria o futuro governo pagar um subsídio aos assalariados mal pagos. Tais medidas, que varrem para debaixo do tapete a questão decisiva da demografia, mais não fariam do que aumentar as despesas imediatas e futuras do Estado, com perda certa para as pensões e provável para os salários!

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  10. Custa, pois, acreditar que o PS, sob a pressão da sua esquerda e dos mini-podemos, deixe passar muitas destas ideias, tanto mais que alguns dos doze economistas fazem parte dos círculos internos do partido e terão oportunidade de alterar o plano. Não para melhor. Pelo contrário, irão levar ao extremo o lugar-comum keynesiano que perpassa por todo o plano, segundo o qual o Estado vai investir muito mais e criar muito mais emprego, pondo fim à chamada austeridade… Ora, nada disso vai acontecer, como não aconteceu antes da bancarrota, quando o único freio ao desemprego era o aumento da dívida provocado pelo investimento estatal e os empregos públicos! Nem o Estado irá ter dinheiro para isso nem a austeridade vai terminar, se por austeridade se entender, como a maioria dos mortais entende, viver com o rendimento que conseguirmos angariar.

    http://observador.pt/opiniao/os-misterios-do-projecto-socialista/

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  11. Caro Pedro Almeida:

    Ontem, no carro, fui ouvindo um debate na Rádio Renascença, entre os economistas Prof. Daniel Bessa, Prof. Álvaro Santos Almeida e Prof. Caldeira Cabral, este último um dos 12 autores do Plano.
    Foi deprimente ouvir a argumentação deste último, nomeadamente perante as questões colocadas pelo Prof. Álvaro Almeida. Foi uma permanente vacuidade de respostas, nos casos em que não conseguiu fugir às perguntas ou desviar a conversa.
    Admito que o defeito não fosse tanto dele como da insustentabilidade do plano. E ficou provado que, como não podia deixar de ser, virão cortes significativos na educação e na saúde. Mas o que interessa é o presente. Há eleições a ganhar...

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  12. O Prof Caldeira Cabral é, por si só, argumento suficiente para que o curso de Economia seja retirado do lote dos que são financiados pelo estado.

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