sexta-feira, 16 de outubro de 2015

"Coligação de Esuqerdas": da viabilidade aritmético-política á contradição insanável...


“Coligação de esquerdas”: da viabilidade aritmético-política à contradição insanável…
  1. Começando por definições: “Coligação de esquerdas” tanto pode significar um governo maioritário, incluindo membros dos 3 Partidos que em conjunto têm maioria de deputados no Parlamento, como um governo minoritário de um desses Partidos com apoio parlamentar negociado com os outros dois; viabilidade aritmético-política significa simplesmente que tal arranjo, dispondo maioria de deputados, tem, à partida (não á chegada como veremos a seguir) condições para formar governo e para governar com alegria, não me cabendo discutir se é mais ou menos aceitável no plano da praxis política..
  2. Feitas as definições, vamos ao essencial: a contradição insanável de tal solução, por razões que, na minha análise, se afiguram objectivamente ponderosas.
  3. Com efeito, um governo saído de uma “coligação de esquerdas”, tem à partida um problema de dificílima resolução: um défice de credibilidade – ou um superavit de desconfiança, tanto faz – por parte da generalidade dos agentes económicos, externos e internos,  cuja avaliação é decisiva para o futuro desempenho da economia portuguesa.
  4. Para compensar esse défice de credibilidade/superavit de desconfiança, esse governo seria obrigado a apresentar-se com um conjunto de medidas orçamentais e de reformas estruturais de conteúdo bem mais ambicioso/exigente do que um governo de outro tipo de coligação – parece irónico, mas a realidade tem destas coisas…
  5. Mas, em tal circunstância, as bases de apoio dos partidos mais á esquerda entraria imediatamente em ebulição, garantindo uma vida curtíssima a tal solução…e, quem sabe, o governo minoritário de esquerda acabaria, para sobreviver alguns meses, por ter de negociar com a coligação de centro-direita, rotulada de principal inimiga, a abstenção desta para deixar passar as indispensáveis medidas de consolidação orçamental e algumas reformas…mais uma ironia, mas, novamente, a realidade tem destas coisas…
  6. Para evitar uma morte prematura da dita coligação de esquerdas, por esboroamento da sua base de apoio, o seu  governo teria como alternativa enveredar por uma política declaradamente anti-austeridade (tipo Varoufakis), aumentando generosamente a despesa pública e, quiçá, pondo em causa reformas decididas a muito custo pelo anterior governo, precipitando, dessa sorte, a economia portuguesa numa aventura que iria, mais uma vez, acabar mal…
  7. ...e o seu futuro estaria traçado, sendo apenas uma questão de tempo...infelizmente, neste caso com custos elevados para o País, dependendo a dimensão desses custos da duração de tal aventura, naturalmente.
  8. Por falar em Varoufakis, este perfeito vendedor de banha de cobra, uma vez abortado o seu negócio na Grécia, mandado às malvas por Tsipras, parece ter escolhido Portugal para próxima “vítima”: só nos faltava mais esta!

15 comentários:

  1. ..."Irrevogavelmente"...(???!!!???!!????)...discutivel ;)

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  2. ...já agora, gostaria de ver tambem uma análise, segundo a mesma persectiva, mas agora sobe "PAF e Esquerda: coligação ou acordo parlamenter ...para formar Governo".

    E ler sobre as analises cirugicas acerca de "bases de apoio" e "coerencia" e etc etc !

    É que nestes dias de ansia...percebo que "Coligações de Esquerda" são o demonio....porque o paraiso, segundo os mesmo, seria: "Acordo do PAF com.... parte da ESQUERDA (PS)"...

    ...e é muito engraçado observar que caso o PS alinhe com a esquerda ...é logo apelidade de "traidor" e "golpista"!

    ...já se o PS alinhar com o PAF...passa automaticamente a ser apelidado de "responsavel" "sensato" e de "partido confiavel" !

    E carambas, deve ter algum problema mental....mas tudo isto me parece um bocadinho surrealista e mesmo ezquizofrenico!

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  3. (Errata: onde se lê "deve", deverá ler-se "devo" )

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  4. Acho que se esta aventura fosse para a frente, o que eu duvido muito, logo no primeiro orçamento o PS teria que negociar com os partidos à direita e seria imediatamente considerado traidor pelos da esquerda.

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  5. Caro Nuno,

    O cenário que coloca, e que também admiti neste Post, é bastante verosímil, mesmo a curto prazo, numa hipótese de concretização do governo das 3 esquerdas.
    Mas seria muito provavelmente de curta duração: aprovado o dito OE (2016), por razões de "superior interesse nacional", o glorioso governo, despojado dos seus apoiantes iniciais, acossado de ambos os lados e dilacerado por problemas na sua própria base de apoio, acabaria por se desintegrar.
    Desintegrar-se-ia aos poucos ou rapidamente, oferecendo um espectáculo de grande intensidade dramática, não recomendável a frágeis do coração.

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  6. Penso que ninguém quererá ter uma aliança com o PS do AC e seus amigos. O PS devia simplesmente, tal como o AC disse que faria na noite das eleições mas de que já se esqueceu, que não criaria maiorias negativas, ou seja, deixar passar a proposta de orçamento com alguns ajustes. Em lugar disso, começou a tentar formar um governo. O homem tem um problema . . . e portanto seria muito grave fazer qualquer aliança com uma personagem destas.

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  7. Quanto ao varoufakis está terminado, por culpa própria. Foi incapaz de dar qualquer contribuição positiva para o problema da Grécia. Para destruir não era preciso um especialista. Só alguém como o boaventura SS e alguns dos seus amigos socialistas, talvez do BE ou algo parecido, é que se lembrariam de o tentar ressuscitar. Leio isso como favores que se vão pagando.

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  8. Caro Alberto Sampaio,

    A noção que começo a formar quanto à "estratégia" do eloquente AC é no sentido de que, talvez movido pela ânsia de sobrevivência e da consequente necessidade de protagonismo, criou a si próprio um problema insolúvel.
    E agora vai andar por aí, que nem uma "barata tonta", em rodopios, volteios e declarações bombásticas, parecendo um "sem-fim", tentando encontrar uma saída do buraco em que se meteu!
    Aquela declaração, extremamente infeliz e de mau gosto, quanto à existência de graves problemas supostamente escondidos, interpreto-a como sinal de uma dose elevada de nervoso miudinho.
    Quanto ao Varoufakis, já nem no Zimbawe teria audiência...só mesmo em Coimbra...a que ponto chegou aquela vetusta Academia.

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  9. Caro Tavares Moreira, completamente de acordo com a sua visão.

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  10. Registo com agrado sua concordância, caro Alberto Sampaio.
    Como terá reparado alguns intervenientes nesta coluna aberta manifestam enorme desconforto com os breves e despretensiosos considerandos deste Post, quando, na minha perspectiva e bem pelo contrário, deveriam transbordar de felicidade perante o cenário, altamente credível, de um governo das 3 esquerdas...
    Esta boa gente não é capaz de exibir o mais singelo gesto de alacridade, parecem andar sempre zangados com a vida!
    Que cansaço!

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  11. Costa tomou as rédeas do processo de criação de um novo Governo apesar da sua clara derrota eleitoral.

    Na ansia de chegar ao poder poderá estar a dar um passo fatal para o Partido Socialista.
    A verdade é que 70% dos votantes ficaram no lado das políticas corretas, dos cuidados e prudência orçamental.

    O que Costa não entendeu (ou quer ignorar) é que o resultado da sua estratégia de esquerda saiu errada pois os eleitores mais à esquerda potênciais votantes PS (quando há voto útil) acabaram mesmo por não votar socialista. Reforçando o BE e CDU.
    Quem restou no PS foram os seus eleitores de base, fieis, da esquerda moderada.

    Ora, é contra todos estes eleitores (os que lá ficaram) que Costa está a agir. De acordo, é verdade, com os conteúdos (falhados) da sua campanha, que se dirigia especificamente a quem acabou por não votar nele.

    A fuga para a frente poderá ser dramática para o futuro do PS como partido razoável, sempre disponível para uma governação alternativa e prudencial que é exigível nos dias de hoje.

    Ninguém duvida que Costa derrubará o Governo Passos que será nomeado por Cavaco (mas aí terá que assumir as razões para essa decisão) tomando o lugar de primeiro ministro num governo suportado por uma maioria parlamentar fragilíssima.

    Nínguém acredita que o BE e a CDU venha a viabilizar um governo que não cumpra com algumas das suas linhas políticas essenciais. Ora, essas políticas serão razão para uma quase imediata quebra de financiamento exterior e uma degradação rapida do défice orçamental.

    Num ano estaremos à beira da bancarrota e em ano e meio estamos num novo plano de recuperação com uma qualquer troica cá dentro.
    É que não há forma de seguir as políticas defendidas pelos partidos da extrema esquerda sem dinheiro emprestado. O problema é que ninguém o emprestará.

    Pelo que já começa a ser repetitivo: a fábula da Cigarra e da Formiga não tem exemplo mais fiel do que aquele que se passa em Portugal...

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  12. Caro Gonçalo,

    Algumas das suas considerações parecem-me perfeitamente pertinentes e oportunas.
    Sem embargo, não partilho da sua visão muito negra quanto às eventuais consequências da vigência de um governo das 3 esquerdas na sequência do (provável) chumbo do programa de governo da coligação PSD/CDS, nomeadamente quanto a podermos iterar um cenário de bancarrota como aquele a que nos conduziram os heróis de 2005-2011.
    Estou convicto de que antes disso, mesmo muito antes disso, esse governo das 3 esquerdas ficará feito em bocados, por força de dissidências internas, de dois níveis: entre as partes dessa coligação e (talvez sobretudo) dentro dessas partes...

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  13. Talvez tenha razão. No entanto, o único ponto fraco onde admito que ese governo parta, antes do descalabro para o País é o próprio PS. Porque Costa (já se viu) na ansia do poder a qualquer custo, alinhará com o que a esquerda à sua esquerda quiser.
    Costa está a agir considerando que tem o mandato (de mudança de política) que lhe conferiram os eleitores que ele tentou angariar e que, justamente, lhe fugiram. Ou seja, atua contra a sua base (real) eleitoral que quer uma governação prudêncial. Se estes (a maior parte do PS) não agirem em tempo útil, vai o Pais e o PS pelo cano abaixo em ano e meio ...
    E ficamos, na primavera de 2017, exatamente como estávamos na célebre conferência de imprensa Sócrates-Teixeira dos Santos... Troica, novas eleições e novamente as Formigas a precisarem de serem elas a impor mais 4 anos de sacrifícios. Como referi, Cigarra>Formiga>Cigarra>Formiga.

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  14. Caro Gonçalo,

    Como estará certamente a acompanhar, tudo parece conjugar-se para que venhamos a ter um governo das 3 esquerdas: em primeira mão ou à segunda tentativa, neste último caso antevejo um processo assaz tumultuoso.
    Vai ser uma enorme animação nos primeiros meses, haverá foguetório para todos os gostos...até o entendimento passar a ser quezilento e, logo de seguida, altamente fraccionário.
    Vai ser um maná para os comentadores políticos, para os media, e para o negócio da banha de cobra...neste último campo, a presença de Varoufakis tornar-se-á regular, quiçá assentando arraiais nas margens do Mondego, a emitir suas proverbiais sentenças para devida consideração pelos decisores...
    O investimento, sobretudo privado, deverá crescer em flecha.

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  15. O procedimento correto de Cavaco seria nomear Passos e "obrigar" a frente de esquerda a quebra-lo para depois ser empossado.
    A não ser (admitiria) que Costa apresentasse um acordo de Governo integrando as três esquerdas. Só com acordos parlamentares... primeiro, Passos para que se verifique mesmo, no Parlamento, essa realidade. Dando voz aos deputados. Nem que seja para comprometer o PS e todos os seus deputados com esse futuro Governo.
    Depois, então sim, a caminho da bacarrota... com Varoufakis como consultor.
    Depois deste novo período Cigarra que agora deverá ser curto pois os financiadores externos já têm reação rápida, voltará a Formiga para novo periodo de austeridade, motivado pela bagunça de esquerda que se avizinha. Mas, tendo votado, o País merece isto. Será que agora aprenderão. Não me parece. Já veio Cavaco depois de Soares, Barroso depois de Guterres e Passos depois de Sócrates. A direita nunca conseguiu ter tempo para as suas políticas. Foi sempre para resolver os problemas herdados...

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