quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Catarina, o fenómeno

Não li a entrevista de Catarina Martins de que tanto se fala, dada ao Público recentemente. Para o meu cada vez mais reduzido nível de tolerância basta ouvir o absurdo sempre que ligo o rádio ou a TV (arredado que estou, por opção, do que se escreve fora das redes sociais).
Tenho, porém, de reconhecer que Catarina é um verdadeiro fenómeno da política portuguesa que  pontifica somente à custa dos sound bites oportunos, daqueles que arrastam uma legião de iletrados basbaques de microfone ou bloco de notas em punho.
O caso de Catarina Martins é, porventura, o mais sério da política nacional nos últimos tempos. Construiu a sua imagem, e continua a consolida-la, à custa do discurso mais rematadamente demagógico, de afirmações risíveis ditas em tom grave e sério. Cavalga sempre a onda do politicamente conveniente, do socialmente simpático, por mais indemonstráveis, irrealistas e até absurdas que sejam as suas declarações, arrancando elogios de gente improvável, como aconteceu a propósito da posição que o BE assumiu em relação ao recente congresso do MPLA. Ninguém, nesse caso, lhe lembrou que pior do que a falta de democracia em Angola é a loucura do regime venezuelano que condena o povo à fome e à miséria e que não se vê condenado por Catarina...
Catarina não é, porém, um fenómeno de popularidade pelo que diz, facilmente rebatível por qualquer neófito da política. É pelo aplauso que merece, em Portugal, o mais absoluto nihilismo, a ignorância mais atrevida.  E ou muito me engano (como, para bem dos meus filhos, gostaria de estar enganado!), ou continuará a ser assim com a líder do BE, em crescendo na popularidade, peça fundamental de uma geringonça por ironia assim batizada por um fenómeno do género.
 

9 comentários:

  1. Anónimo17:26

    Gente parva todas as sociedades têm tal como todos as aldeias têm o idiota da terra. Agora, gente parva conseguir o sucesso que esta rapariguita tem conseguido na sociedade Portuguesa é que já é menos comum. E isto, meu caro Ferreira de Almeida, diz muito mais sobre a sociedade Portuguesa do que sobre ela.

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  2. Gente parva, rapariguinha!!!!!
    Valha-nos Deus.

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  3. De facto, tem toda a razão, caro Ferreira de Almeida.
    A senhora transfere para a política a história do rei que ia nu e que era visto e aplaudido como ricamente ataviado. Ela debita palavras, palavras, palavras sem qualquer substância. Navega no mais rasteiro facilitismo e na mais descarada demagogia. Mas, não tarda, estará no governo.

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  4. Caro JMFA,

    Sim, em princípio será como diz não fosse um detalhe importante. É que o dinheiro está quase a acabar e, também contrariando o caro Pinho Cardão, não estará ela no governo, mas também não estará ninguém. Espero eu!

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  5. Catarina Martins terá todos esses e mais um milhão aspectos negativos.
    Alguém disse que em política aquilo que parece é. Quarenta anos de CDS, PPD/PSD e PS deram-nos isto. BPN, GES, BPP, CGD e BANIF não são propriamente bons cartões de visita esta "trindade".
    O discurso do BE é o discurso do bom senso, do equilíbrio. Fazem o discurso que deveria ter sido praxis dos três partidos do Centro desde 1976.
    Arranjem um espelho. Vejam qual a vossa imagem pública com: José Sócrates e o "seu PS", Passos Coelho e o "seu PPD/PSD", Portas e o "seu CDS".
    A zanga dos eleitores pode levá-los a, como nas autárquicas de Reiquiavique, cortarem com os partidos tradicionais.
    Lá, votaram em quem lhes acenou com estes slogans: Introdução de um urso polar no Zoo da cidade;importar judeus "para alguém saiba de economia"; uma Câmara inactiva "trabalhámos no duro a vida inteira, agora queremos ser bem pagos para não fazer nada"; Podemos fazer mais promessas que os outros, porque não cumpriremos nenhuma.
    Ganharam as eleições para espanto dos partidos tradicionais! Por isso convém não menosprezar os "tontos" dos eleitores dando-lhes música.
    Olhem para os resultados do José Manuel Coelho quando disputou as Presidenciais com Cavaco. Não seria um aviso?

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  6. Estamos de acordo meu caro G Figueira. Catarina Martins e José Manuel Coelho são, de facto, modelos de equilíbrio e de bom senso.

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  7. Caro Zé Mário, é realmente um espectáculo em si mesmo ver como qualquer intervenção da líder do BE é recebida de forma acrítica e repetida vezes sem conta como se de um oráculo se tratasse. Não a censuro nada por aproveitar esta "boa onda" a seu favor, apanhou bem o estilo e a pose, fala por "mensagens" curtas e definitivas e faz o seu papel de candidata a estadista, como ambiciona. O que é quase chocante é realmente a barreira protectora que se instalou, nem um pio sobre o que diz, o conteúdo, a sensatez, o disparate, tantas vezes, enfim, uma aliada perfeita, dali não hão-de vir problemas a quem governa, os que faziam da política um palco de protestos são hoje o rosto da calmaria e do consenso. Pasme-se!

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  8. Caro Zé Mário

    Mas não há nada de pasmar. O que em pequena escala se passa aqui, passa-se nos EUA com o Donald Trump.
    É a vitória da demagogia.

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  9. Catarina e José Manuel Coelho "surfam" nas ondas da tempestade sociológica semeada pelos três partidos em 40 anos.
    Eles - Catarina e Coelho - cairão se a acção de CDS, PPD e PS tiver consistência e for coerente com a ideologia que, supostamente, professam .

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