sexta-feira, 18 de março de 2005

Em(pec)ados

Até à última reunião da Comissão de Economia da Assembleia da República ouvi distintos deputados do Partido Socialista defender a tese de que a consolidação das finanças públicas só era concretizável pelo dado da receita, ou seja aumentando impostos.
Depois ouvi o Eng.º Sócrates assegurar que não haveria aumento de impostos, ou seja, que a consolidação das finanças públicas teria de ser feita por via da contenção da despesa e pelo crescimento das receitas induzido pelo crescimento económico.
As primeiras declarações do novo Ministro das Finanças foram claras: a consolidação faz-se no lado da despesa e só em caso de insucesso e a médio prazo se poderia admitir aumento de impostos.
Dias mais tarde ouvimos o Governador do Banco de Portugal sugerir o aumento de impostos sobre os combustíveis e os automóveis para fazer face ao aumento dos encargos com as SCUT.
Por último, as mais recentes estatísticas nacionais confirmam uma pequena recessão técnica na passagem do ano, as informações dos mercados revelam um novo record na cotação do barril de petróleo, o dólar continua a bater no fundo, a Alemanha inventa programas e acordos para combater o desemprego e animar a retoma.
É preciso uma imaginação muito fértil para poder reconciliar tudo isto. Como não tenho essa imaginação, só vejo uma solução: aumentar mesmo os impostos, mais cedo do que seria de esperar e de forma mais violenta do que se possa imaginar.
Mesmo que o Sr. Ministro das Finanças esteja convicto da necessidade de controlar ou mesmo diminuir a despesa, ele sabe melhor do que ninguém que, a fazê-lo, os efeitos serão sempre diferidos. O aumento dos impostos produz efeitos a mais curto prazo.
Ah! Há mais uma solução: não respeitar o PEC!!!

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