Vento desabrido, nervos derrancados, a alma lobrega.
A Augusta espera-me. Que vou eu lá fazer neste estado de espírito? Que culpa tem ela disto? Porque há-de essa criatura ligar-se a mim, ela que não tem culpa nenhuma de eu ter nascido deste modo?
E quando é que hei-de eu conseguir dominar esta carne indisciplinada e ser espírito, apenas espírito?
Afinal sempre fui a casa da Augusta. Para quê? para quê? para quê? Para a torturar – sem querer, o que é horrível.
Manuel Laranjeira in “DIÁRIO ÍNTIMO” (Colecção Nemésis)
Há 97 anos, neste dia, Manuel Laranjeira, escritor, médico e suicida, sofria, mesmo num momento de prazer, manifestando o desejo da procura da morte.
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