Os americanos desencadearam uma polémica por causa de uma série de selos mexicanos.
O México lançou selos com a imagem infantil de Memin Pinguin. Trata-se de um menino negro, ardina, humilde, de olhos exagerados, ultra simpático, filho de mulher solteira e oriundo de bairro pobre da capital, criado em 1940 e que é bastante amado. Os auto denominados afro-americanos e um dos seus representantes máximos, o reverendo Jesse Jackson, levantaram a voz, logo seguida pelo governo norte-americano de que os estereotipos raciais são ofensivos. Solicitaram ao governo mexicano para retirar os selos. Não vão retirar, argumentando que não há nada de racial. Além disso, também nunca se insurgiram contra o facto de os americanos terem criado a personagem de Speedy Gonzalez, um rato simpático vestido à mexicano.
Esta questão de melindre racial começa a ser patético. Senão vejamos: os negros norte-americanos deixaram de ser negros e passaram a ser afro-americanos. Entretanto, não deixaram de criar a designação de hispânicos. Agora, sobretudo nos meios científicos, começam a socorrer da designação europids para definirem os descendentes de origem europeia.
Nos estudos de investigação científica “não se pode perguntar” a cor da pele, ou a etnia, porque é considerado como discriminatório. No entanto, a sua utilidade está amplamente comprovada na análise da dinâmica de certos fenómenos.
Qualquer dia, ainda vamos assistir, a uma locutura da TV a fazer descrições do género: um grupo de afro-portugueses da Cova da Moura atacou no comboio da linha de Sintra um casal de caucasianos da Baixa da Banheira, ou então, um grupo de caucasianos de cabeça presumivelmente rapada (podem ser verdadeiros carecas!) agrediram verdadeiros afro-africanos da região subsahariana.
Nesta onda de contestação contra quaisquer formas de discriminação racial ou étnica, ainda arriscamo-nos a ser interpelados pelos judeus, a fim de retirarmos do nosso léxico palavaras como safardana, ou expressões negativas tão comuns, tal como "és um judeu", ou, ainda, islamitas a protestarem pelo facto de dizermos "é um mouro de trabalho", ou o presidente da Xunta da Galicia a mostrar indignação com a expressão "trabalha que nem um galego". Já agora podíamos exigir aos italianos que deixassem de utlizar a expressão portoghese para os borlistas.
Entre nós é muito comum dizer indivíduo de cor! Quer isto dizer que os outros não têm cor? Pode-se dizer branco, mas não é correcto dizer negro ou mestiço. Não sei porquê! Não vejo nada de ofensivo. O respeito pelas pessoas não se mede pela utilização de palavras, mas pelo reconhecimento das suas qualidades.
Nos fora internacionais, em que são utilizados as etnias para ilustrar as diferenças da prevalência e da incidência, começa a prevalecer o conceito de europid. Só espero que não particularizem no caso de descendentes de portugueses, senão ainda começam a chamá-los de lusopids, o que não é nada agradável…
Excelente post.
ResponderEliminarBelo texto, Massano Cardoso, muito bem visto!
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