A medicina é uma das áreas mais deslumbrantes. Todos os dias surgem novas descobertas, algumas das quais são mesmo perturbantes.
A história de Jane ilustra bem estas afirmações. Aos 52 anos na sequência de grave doença renal, necessitava de uma transplantação. Foram efectuados exames de compatibilidade nos familiares mais próximos, já que a probabilidade é mais elevada. No entanto, os resultados dos exames acabaram por provocar mais inquietude ao seu problema. Tiveram de lhe comunicar que dos seus três filhos só um é que era efectivamente seu? Ah! Mas eram todos filhos do marido! A hipótese de troca não era plausível, já que trocar duas vezes e com o mesmo pai é praticamente impossível.
Durante cerca de dois anos foi debatido este assunto, até que os cientistas acabaram por concluír (após muitas discussões) que Jane era a fusão de dois embriões durante a gestação. Afinal, estavam perante uma quimera.
Parece que a situação não é tão rara como isso, e, com as novas técnicas de fertilização e de combate à esterilidade é de prever que comece a ocorrer com mais frequência.
Paralelamente, as evidências científicas apontam para uma frequência elevada de “microquimerismo”, ou seja troca de células entre a mãe e os filhos. Durante a gestação ocorre a passagem de células da mãe para o feto e vice-versa, as quais persistem durante décadas nos seus organismos. Deste modo, é possível que a mãe possua células dos seus diferentes filhos, as quais podem ser transmitidas aos mesmos, além das suas. Assim, um indivíduo pode possuir além das suas células, células da sua mãe, e até dos seus irmãos!
Qual o papel desta troca e perpetuação aos descendentes e ascendentes? Não se sabe bem. Mas, é possível que, entre outros, possam ter um papel reparador!
No caso da procriação utilizando as chamadas barrigas de aluguer, sabemos que pode haver a criação de laços de afecto emocional na mulher que se disponibilizou para “gerar” o embrião de um casal. E, se este facto por si é preocupante “justificando” inclusive o não cumprimento do acordo, muitas vezes de carácter comercial, então o que dizer se for provado que o novo ser transporta células das sua mãe de aluguer, as quais se podem transmitir a uma futura descendência?
Tudo aponta para que o “quimerismo” seja de facto frequente e talvez tenha alguma finalidade biológica. Se as “mães” de aluguer descobrirem que partilham células do seu hóspede e este da sua hospedeira, então, estão lançadas mais umas achas para agravar a confusão sobre a “propriedade” do fruto do ventre…
Massano Cardoso, esta descoberta é muito subversiva...Quantas mulheres terão sido injustamnete acusadas de infidelidade por terem tido filhos que não faziam lembrar ninguém de família? Afinal eram quimeras! Sei de um caso em que uma pessoa apareceu com uma doença que só se transmite por via hereditária mas não havia ninguém da família com isso...até que a avó teve que reconhecer uma pequena fraqueza da sua juventude...
ResponderEliminarOlá,
ResponderEliminarConcordo com a Susana. Saíu há pouco tempo uma notícia num jornal referente a um erro numa análise de ADN. O casal separou-se porque o laboratório meteu os pés.
-/-
Sobre a "propriedade" do fruto do ventre: penso que é irrelevante a quantidade de células partilhadas.
A "barriga foi alugada" de livre e espontânea vontade. Se esse "contrato" pode ser quebrado unilateralmente, porque não todos os outros?