A 4R ferveu a propósito da evolução do PIB. Foi bom, mas há que acalmar!…
Para isso não há como “back to the basics”.
O PIB, que mede o nível da actividade económica, é uma soma de várias parcelas: consumo privado, consumo público, investimento e exportações.
Como uma parte destas grandezas é obtida à custa de importações, estas têm que ser deduzidas para calcular a riqueza do país.
O PIB integra ainda uma outra parcela, residual, mas por vezes importante, que é a variação dos stocks.
As duas parcelas mais interessantes para medir a evolução económica são as exportações e o investimento.
As exportações, porque reflectem a competitividade das empresas: empresas competitivas exportam mais.
O investimento, porque reflecte a apreciação que os empresários fazem da evolução do mercado: as empresas investem, caso as expectativas sejam favoráveis.
O aumento do consumo privado, após um ciclo baixo, comporta em si também uma forma saudável de crescimento do produto.
Já o consumo público, para além de determinados limites, constitui um entrave ao crescimento, já que apenas substitui as aplicações que as empresas e os cidadãos fariam, se não fossem desapossados de meios financeiros que o Estado lhes retira através dos impostos.
Neste contexto, o comentário do Vírus tem toda a pertinência.
Como vimos, o PIB cresceu no 2º trimestre de 2005, relativamente ao mesmo trimestre do ano anterior, cerca de 0,5%.
Em termos absolutos, é um resultado positivo. É sempre melhor crescer do que decrescer.
Mas, numa análise mais fina, o resultado não é bom, como refere M. Frasquilho. E aqui o José, se não vir as coisas de forma superficial, concordará que não tem razão.
Não é bom, porque se deu apenas à custa do aumento de 3% no consumo das famílias, o maior desde 2001, e do Estado (+0,9%), tendo diminuído os restantes componentes!...
A acrescer, também não é bom, porque esse aumento de consumo se verificou graças a um aumento do endividamento das famílias, que já atinge um grau muito crítico, equivalente a 120% dos seus rendimentos. O crescimento exclusivo por esta via é, assim, insustentável.
Por outro lado, o investimento diminuiu 4,5%, significando que os agentes económicos não vêm que o crescimento do consumo seja duradouro.
Contrariamente ao que se induz do comentário do José.
Com efeito, esse crescimento terá estado muito ligado à aquisição de bens, antecipando a subida do IVA.
Por outro lado, as exportações diminuíram 0,1%, o que significa uma economia menos competitiva.
Porque isto é assim, o Banco de Portugal, que tinha previsto no início do ano que a economia podia crescer 1,6%, estima agora esse crescimento em 0,5%.
Por isso, parece-me que o Dr. Frasquilho não falou como político, como foi “acusado” nalguns comentários ao seu post, mas como economista, que surpreendeu bem o que estava atrás dos números. Talvez fosse um pouco brusco na forma em que o referiu, apresentando, porventura, as conclusões antes da explicação.
Também me levantam reservas algumas frases do comentário da Marga: na minha opinião, José Sócrates comportou-se como um político, no mau sentido, e não como um estadista, comportamento de que, infelizmente, não tem o exclusivo.
Admite-se que tire algum proveito das circunstâncias e dos números, mas tem o dever de compreender a realidade e de a explicar aos portugueses e não caminhar por um triunfalismo sem base que só pode lhe pode (e a nós…) trazer desgraças.
Por último, concordo com o José, quando diz que o cozinheiro é importante: olá se é!…
Veja-se o que aconteceu de positivo ao país com Cavaco Silva!...
E lamento discordar do Tonibler, quando descrê tanto das estatísticas nacionais!...
Terá elementos que nós não temos?
Em síntese: como a situação não continua boa, mais obrigação temos de, individual e colectivamente, lutar para que melhore.
As Presidenciais são uma boa ocasião!...
Cavaco hoje no Expresso define a sua visão sobre as Funções do Presidente da República. Está de acordo como que o Reformista escreveu e poderá ser uma grande ajuda para que o País ande para a frente. Curioso que ainda ninguém tenha dado pelo Artigo que muito provavelmente irá marcar os nossos cinco próximos cinco anos.
ResponderEliminarOra aqui temos todos nós uma excelente lição de Economia...e contra factos não há argumentos.
ResponderEliminarO problema das estatísticas em Economia é que muitos se esquecem que esta é composta por diversos indicadores interligados entre si (um pouco como aquelas análises que fazemos quando o médico nos pede), ou seja, o facto de termos um indicador bom, sei lá... o dos leucócitos por exemplo, e os outros todos desregulados não significa que estamos bem de saúde ou a melhorar. Significa que a máquina está prestes a estoirar, no entanto há um indicador que está bom...mas isso não chega, pois se o resto estiver mal é a morte do artista.
O grande mal de quem se guia somente pelas estatísticas é que muitas vezes se esquece do quadro global... e esse é o que interessa!...o resto...são cantigas...
Caro Pinho Cardão:
ResponderEliminarVejo que me toma por uma defensor encartado do discurso optimista deste governo. Nada mais longe da realidade!
Não sou economista; sou jurista e fraco. Sou principalmente um diletante, isso reconheço e aceito como cartão de visita.
E na minha diletância errante, tenho esbarrado com paradoxos, principalmente na economia. O que parece bom, por vezes vem a revelar-se péssimo e o contrário também se verifica.
Noto, por exemplo, que as chamadas Reagnomics que o Reagan devia dominar tanto como eu domino vacas prenhas, foram medidas de carácter económino que tinham uma doutrina solidificada por trás. Parece-me que deviam algo a Milton Firiedman. O modelo foi tentado, experimentado e parece que deu algum resultado. Na Inglaterra de Thatcher, parece que a receita também terã saído boa ou pelo menos aceitável.
Porém, na minha diletância, vejo alguns próceres destas teorias embasbacados com os resultados e cai daí-zás! Tomam-nas como o nec plus ultra da tecnologia para fazer andar o comboio social.
Aí, tenho algumas reservas que a minha diletãncia aconselha. Se eu não consigo entender tudo o que é da minha especialidade e nem consigo receitar mezinhas curativas para os males que a afligem, duvido também que haja iluminados com luz suficiente para ver o túnel, a luz ao fundo e ainda a paisagem que se segue.
Assim, parece-me que em economia se fazem tentativas de acertar as agulhas para que os comboios circulem e não choquem com muita força e provoquem danos importantes.
Quanto a este governo, as agulhas que mexeu agora na Administração Pública, na Justiça e nas Forças Armadas, a meu ver, vão dar em choques graves.
Espero que não façam descarrilar o comboio...
Assim, no caso concreto da medida que o governo embandeirou no arco visto da torre de Tróia, parece-me que negativa não é...
Ou estou enganado, e o valor de 5% é pior do que se fosse 0,5%?!!
Será da minha diletância?
O que eu realcei foi que o discurso de bota-abaixismo, constante e perdurante torna-se cansativo e descridibiliza quem o faz, pois o ouvinte adivinha já o que vem a seguir.
Vocês lembram-se da "cassette" não lembram?! Foi certamente das coisas que incomodou mais o PCP- porque era uma crítica certeira.
Então que os responsáveis que sabem do que falam, nos quais incluo o brilhante MFrasquilho, que falem com maior subtileza e sem deixar de apontar as baterias onde dói mais e que é á demogagia barata do Governo, o façam com inteligência. Estou certo que esse discurso rende mais dividendos porque a verdade, mesmo em política acaba por compensar que a diz.- se souber o que está a dizer.
Será que me fiz entender?
Espero que relevem o lapso dos 5%...queria dizer que "0,5% é pior do que se fosse 0,05%"?
ResponderEliminarE também não se escreve descridibiliza, mas descredibiliza. Enfim...desculpas.
ResponderEliminarCaro Pinho Cardão:
ResponderEliminarNão tenho mais elementos que todos os outros cidadãos que têm que viver com a informação do INE. E, como já disse por aí, a melhor classificação que podemos dar ao INE é 'melhor que nada'. Já percebi que muita gente nesses sites todos entende a minha posição como insinuação de que o INE fabricou números de forma dolosa. Mas, honestamente, acho que não.
O PIB é composto de muita informação que não é exactamente um saldo contabilístico e que vive da informação enviada por muita gente. Aquilo que acredito é que o número saiu 'como estava', com muita informação em falta.
Se calhar não é a primeira vez, mas é a primeira vez que deu um crecimento homólogo maior que toda a europa. E isto indica que quem tem elementos que o resto do país não tem é o INE...
A todos:
ResponderEliminarhttp:\\www.ine.es, uma lição...
Gostei particularmente do «...substitui as aplicações que as empresas e os cidadãos fariam, se não fossem desapossados de meios financeiros que o Estado lhes retira através dos impostos.»
ResponderEliminarDiz praticamente tudo...