No programa “Portugal no Coração” há de tudo.
Acabo de ouvir uma entrevista com um naturopata que faz a apologia do alho. A entrevistadora atacou o senhor com as opiniões da sua avó que já apontava para os benefícios do alho.
O douto naturopata começa a historiar a importância do alho afirmando que na construção das pirâmides foram utilizados mais de 750.000 toneladas. Aqui está, provavelmente, um dos segredos da construção das pirâmides!
As virtudes são imensas, segundo o senhor: hipertensão, doenças cardiovasculares, cancro, sistema imunológico, actua como estimulante das células “natural killer”, antioxidante, colesterol, reumatismos inflamatórios, para quem faz quimio e radioterapia, tuberculose, seropositivos, cancro do fígado… Daqui a pouco deve continuar a enunciar as virtudes.
Ah! Agora, em Setembro e Outubro é bom para começar a comer alho para fazer prevenção.
Está aconselhado em todas as idades. Também afirmou que o melhor é o alho envelhecido. Tem mais propriedades que o puro! Apresentou uma receita caseira que consiste em colocar alhos em aguardente. Depois é só tomar. Não sei se às colheradas ou se às gotinhas…
De acordo com o senhor é um óptimo purificador do sangue.
Enfim, imagino que, hoje, muitos portugueses vão começar a atacar os dentinhos de alho numa tentativa de tirar partido das suas propriedades terapêuticas.
Eu não sei se a entrevistadora fez um intervalo rápido por motivos de programação ou por causa do mau hálito do naturapata.
Também não sei se existe ou não uma confraria do alho para defender as suas virtudes e benefícios. Mas se existir deve ser cá uma ambiente capaz de correr com qualquer iniciado. Recordo-me das queixas que muitos diplomatas teciam a propósito de Generalíssimo Franco. O velho ditador espanhol tinha o hábito de mastigar constantemente alho desde os tempos da Guerra Civil espanhola. Andava sempre com dentes de alho no bolso. Ninguém conseguia permanecer por muito tempo num círculo com alguns metros ao redor de Franco. Aqui está um belo exemplo de cortina contra indesejados.
No meu caso, e tirando o bacalhau assado, não tenho grande simpatia por ele. Quando a minha avó se lembrava de tratar as “bichas” obrigava-me a usar um colar de alhos, enquanto dormia, e às vezes esfregava-me mesmo no peito…
Ah! Já me esquecia. Uma doente minha, que anda sempre actualizada em função da naturopatia, acabou de substituir a estatina que andava a tomar por alho. Ora como os alhos são mais baratos que as estatinas e atendendo que cerca de 50% da população portuguesa sofre de hipercolesterolemia ainda nos arriscamos a que senhor ministro da saúde disponibilize alhos aos nossos concidadãos. Nos supermercados já se vendem. Agora poderiam vendê-los nas farmácias…
Prof. Massano Cardoso, o seu post fez-me lembrar uma situação que conheci. Trabalhavam várias pessoas numa sala, sendo que uma fumava desalmadamente, outra comia a meio da manhã um papo seco com dentes de alho cru e as outras duas, para sobreviver, teimavam em escancarar as janelas, fizesse frio de rachar ou calor de derreter. A dos alhos dizia que andava a tratar-se de uma anemia, mas ficava cada dia mais verde. A fumadora alegava que sem cigarros nem se levantava da cama, quanto mais ver papéis com tino. As outras, claro, enfrentavam intempéries de preferência a morrer sufocadas de fumo e cheiro a alho.Talvez a proibição de fumar pudesse ser estendida a outras formas violentas de incomodar os que não partilham dos mesmos hábitos...
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