Uma leitura atenta dos resultados publicados no último fim-de-semana, relativos aos exames do 12.º ano, permite explorar algumas pistas que poderão ser interessantes para a definição de políticas educativas. Sem o fazer de forma exaustiva, permito-me destacar as mais importantes e pouco faladas:
- As escolas onde os alunos obtêm melhores resultados, independentemente de serem públicas ou privadas, são aquelas em que os desempenhos relativos são maiores a Matemática, Biologia, Física e Química. Este facto revela que são escolas que tendem vocacionar-se para a preparação dos alunos para os cursos do ensino superior de mais difícil entrada: ciências da saúde e da vida e engenharias. O facto de os alunos se orientarem para um objectivo que, à partida, é considerado difícil, leva-os a ter melhores desempenhos e obriga as escolas a adoptar estratégias de ensino que valorizem o esforço, o trabalho sistemático e o conhecimento científico. Este facto só demonstra que havendo objectivos exigentes e uma cultura de trabalho, conseguem-se bons resultados.
- A maioria dessas escolas integra os diferentes ciclos no mesmo estabelecimento (privadas) ou, pelo menos, articulam o 3.º ciclo com o Secundário (públicas). No caso das disciplinas científicas esta “verticalização” dos trajectos escolares é fundamental: o sucesso ou insucesso no secundário tem muito a ver com a forma como os alunos vêm preparados do 3.º ciclo.
- Vale a pena apurar o que está a acontecer em algumas escolas do interior que, partindo de níveis de relativo insucesso têm vindo, ano após ano, a melhorar os seus desempenhos. Alguns exemplos: EB23S do Sardoal (8,6 em 2000 para 11,5 em 2005), EB23S de Canas de Senhorim (9,7-12,6), EB23S Mondim de Basto (9,1-12), EB23S Melgaço (9,2-11,4). Não se trata de melhorias pontuais, são crescimentos sustentados. Todas elas integram os trajectos do 2.º ciclo até ao Secundário.
- São cada vez mais os casos de alunos/escolas que são muito bons a uma ou outra disciplina e muito maus nas restantes. Porque será? Aqui não há diferenças sociais, os alunos são os mesmos.
É muito interessante "aprender a ler" estes rankings. Sem lhes tirar o valor e a vantagem na sua publicação, que apoio inteiramente, é bom que seja esclarecida a forma de os olhar e entender. Tão mau como a ausência de informação é a manipulação dos dados existentes, como bem mostra esta nota e os seus comentários.
ResponderEliminarSó queria fazer notar que não se está nem perto de uma situação de "havendo objectivos exigentes e uma cultura de trabalho". Ouvi a entrevista ao responsável pela última classificada e o homem nem sequer estava preocupado. Há, realmente, várias escolas que têm vindo a apresentar crescimentos sustentados, muito provavelmente porque os responsáveis dessas escolas impuseram a si mesmo esse objectivo. Mas estes profissionais, se calhar, ganham menos que o outro imbecil que não está minimamente preocupado.
ResponderEliminarEra só uma nota para que nos lembrarmos que se algumas batalhas foram ganhas, a guerra está claramente a tender para o inimigo.
Há 7 anos que o mesmo grupo de professores trabalha com o 10º, 11º e 12º ano.
ResponderEliminarO material de trabalho é idêntico assim como o grau de exigência; as estratégias, os métodos e o ambiente social mantêm-se.
Como se explica então que no ano passado a escola tenha ficado, à nossa disciplina, no 30º lugar e este ano no 350º? O que mudou? alunos e correctores dos exames.
Há que se dar sempre o devido desconto aos rankings.
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