terça-feira, 4 de outubro de 2005

O populismo do Bloco de Esquerda

Entre panfletos anónimos que despertam as reacções mais irracionais e a exacerbação do moralismo político, a actual campanha eleitoral para as autárquicas continua a trilhar caminhos pouco recomendáveis.
O caso do panfleto anónimo denunciando supostas irregualridades no património da candidata do PSD a Oeiras, revela bem ao que se pode chegar quando os mais elementares princípios éticos e e as mais comuns das regras de civilidade não são respeitados. Não sei quem pode beneficiar com este tipo de acções. Sei que nenhum dos principais candidatos ganhará mais um voto com este tipo de rasteiras.
Já me parece mais grave a "campanha moralista" que o Bloco de Esquerda está a fazer em Lisboa. A um anónimo que se esconde na sua inteira cobardia nada se lhe pode assacar. A um partido político, representado na Assembleia da República, que adopta idêntico discurso, existe o dever de questionar com que direito utiliza tal vocabulário. Todo o relato dos discursos de Francisco Louçã (FL) e de Sá Fernandes é do mais puro populismo e do mais insuportável "moralismo" político. Não é nada surpreendente, nomeadamente em Francisco Louçã que no seu habitual discurso com tiques de seminarista e inquisidor, lança a suspeição sobre tudo e sobre todos. FL odeia o sistema democrático, odeia as instituições que o suportam, mas serve-se dele para fazer chegar a sua mensagem, serve-se dele para o descrebilizar e arrastar para a lama todos aqueles que não professam as suas ideias.
Só não percebo porque é que os visados e a comunicação social não denunciam o que este discurso representa: populismo puro e duro!

9 comentários:

  1. Este país ainda está refém da esquerda. Da esquerda moralista, cultural e intelectualmente superior e que trata todo o ser humano como um coitadinho que desde o momento que nasce tem direito a tudo. Não tem que lutar por nada. É a esquerda soporífera. Não dividem para reinar, adormecem! O Louçã e todos os dirigentes do be, sem excepção, são individuos com um discurso muito direccionado para uma franja do eleitorado que gosta de números circenses, de rumores e de alguém que ilustre, de preferência de uma forma jocosa, uma medida governamental ou qualquer outra coisa da direita e da outra esquerda. Garanto-lhe que sempre que oiço um destes individuos apetece-me fazer uma loucura. Mas enfim, o essencial é que esse eleitorado existe por responsabilidade de TODOS os governos que lideraram este país. É preciso que se entenda, e se faça, de uma vez por todas que a educação e a formação são o suporte, o pilar de uma sociedade. Sem isso, estaremos sempre à mercê dos maus governos, que já foram muitos, e dos oportunistas do costume...não há volta a dar-lhe!
    Se há àrea que necessita de um acordo de regime, excluiria os partidos como be e incluiria o PCP, CDS, PSD e PS por critérios de responsabilidade politica, é a educação e formação. enquanto isso não acontecer, louça e amigos grassarão por aí...

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  2. Cada vez que ouço o Louçã lembro-me do David Koresh, que arrastou os jovens para a sua seita......

    Nááá...Impressão minha...

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  3. Com o que pode parecer uma suspeita ingenuidade, diz David Justino: "Não sei quem pode beneficiar com este tipo de acções." Conhecendo-se o seu excelente carácter, não tenho qualquer dúvida de que está a ser absolutamente sincero, mas não esperará que outros sejam tão benevolentes nas suas conclusões. Pessoalmente, não o sou e faço o meu juízo, quiçá injusto, mas com tantas probabilidades de ser certo, quanto qualquer outro, nomeadamente aquele que se apressou a fazer a visada para tudo quanto era câmara de filmar, ou microfone.
    Neste momento da campanha, com um empate técnico com Isaltino Morais, os panfletos anónimos só beneficiam um candidato - Teresa Zambujo. E beneficiam-na porquê? Em primeiro lugar, porque lançam as suspeitas do ataque sobre Isaltino; e para não correr o risco de ninguém atribuir a paternidade do gesto ao seu anterior presidente e correlegionário, a visada não deixou de ser esclarecedoramente enfática nas insinuações que deixou cair. Beneficia Zambujo depois, porque o teor do ataque lhe permitiu vir "defender-se" atacando o oponente no seu ponto mais vulnerável, ficando assim "legitimada" para poder dizer que não é tudo o que quis dizer que Isaltino é. Finalmente, porque, numa jogada de antecipação, a partir de agora já nenhum dos seus oponentes poderá vir a fazer uso do material explosivo que os panfletos fizeram "rebentar" em falso, com tamanho dramatismo.
    Na velhinha teoria de Miss Marple, o crime é geralmente cometido por quem dele mais proveito tira. Neste caso, só uma pessoa lucrou. Parafraseando o detective de Baker Street, e para um crack pouco caridoso, parece elementar, meu caro David Justino.

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  4. e o caso do candidato que lava as escadas da camara do porto e que divulga os seus rendimentos?

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  5. Caro David Justino
    Como lhe disse, o crack só foi pouco caridoso na interpretação dos factos, enquanto que a inexperiência é, totalmente, da responsabilidade "do mandante".
    Quanto ao empate técnico, em que nos fazem crer, o que diz mais me leva a acreditar que cenários há muitos, e que os panfletos não são mais do que um adereço de cena.
    :)

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  6. Relativamente ao panfleto de Oeiras, só queria dizer que o Emanuel Martins, que até me parece um bom sujeito, deve estar bem arrependido de se ver metido nestas confusões e de ter que responder a jornalistas sobre nojeiras deste tipo. Realmente, isto não deve ser para todos.

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  7. Caros David Justino e Crack, desculpem lá meter-me na conversa, mas partilho da ingenuidade(para usar o seu termo, Crack)do David Justino, não sabendo a quem aproveita este triste espectáculo. O raciocínio de Crack lembra-me um filme que vi sobre a guerra na Indochina em que uns punham bombas para se pensar que eram os outros e assim legitimarem novos ataques e os outros pensavam que eles tinham feito isso para se pensar isso mesmo e punham bombas ainda piores para se vingar das primeiras que não tinham posto mas parecia que sim... Prefiro voltar ao princípio - não sei a quem possa aproveitar. Mas aos políticos e aos cidadãos que levam as eleições a sério, isso de certeza que não.

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  8. Cara Susana Toscano

    Tem razão, com manobras sujas como estas, todos acabamos a perder. Infelizmente, a avidez de alguns por honrarias e poder não olha a meios. Não foi por acaso que chegámos à vergonhosa situação que conhecemos, com mais de um terço das autarquias envolvidas em investigações, ou processos, por corrupção. O “argumento” série B que constitui o meu primeiro comentário até poderá pecar por fantasioso, mas que se inspira, fortemente, em inúmeros casos da realidade nacional, não tenha dúvidas.

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  9. Não tenho dúvida nenhuma quanto a isso, mas acho que não devemos alimentar este clima de suspeição doentio. Já agora sempre quero ver em que é que acabam - se é que acabam - esse processos todos que têm sido divulgados e que, como diz, serão mais de um terço das autarquias. E que tipo de crimes se apura porque não podemos misturar irregularidades formais de gestão, ainda que muito criticáveis, com corrupção ou desvio de fundos e o que acontece é que essas "estatísticas" em alturas eleitorais somam parcelas de natureza bem diferente...

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