quarta-feira, 9 de novembro de 2005

O PSD e o OE 2006:os políticos são todos iguais?


orçamento


Em textos anteriores, critiquei o Orçamento de Estado para 2006, porque, na minha opinião, e procurei demonstrá-lo, não serve nem a actividade económica nem as finanças públicas.
Não serve a a actividade económica, dado que, perante uma economia caracterizada por ser o consumo privado o indutor do débil crescimento, já que as contribuições do investimento ou da balança comercial são negativas, o Governo deveria não aumentar os impostos e deveria, mesmo, diminuí-los.
Era um sinal positivo, que daria uma força ao investimento, um alento à competitividade e às exportações e um fôlego ao consumo.
Ao contrário, o Governo vai aumentar os impostos e erra.
O Orçamento também não serve as Finanças Públicas, já que a Despesa Pública sobe, em vez de diminuir.
A diminuição é exigível por tudo e também pelo simples facto de que a capacidade de endividamento do Estado está a atingir o limite do possível.
Ora, no Orçamento para 2006, e relativamente ao ano de 2005, a despesa pública sobe, em termos nominais e também em termos reais, já que cresce 2,4%, quando a inflação prevista é de 2,3%!...
Portanto, o Orçamento é mau, e não vale a pena escamotear o facto.
Mas deve o PSD votá-lo desfavoravelmente?
Na minha opinião, não.
Dir-se-à que é uma contradição: assim será, em termos rígidos.
Mas, quando se vota o Orçamento, está a votar-se mais do que isso, está a votar-se um certo rumo da política do Governo, que até poderá ter pouco a ver com o Orçamento em discussão.
E a política do Governo vai, em muitos aspectos, no caminho certo.
O PS votou sempre contra os últimos Orçamentos dos Governos do PSD, mesmo quando não havia alternativa, como agora está a verificar.
Ao contrário, o PSD deveria, agora, marcando as diferenças, dar um sinal de alento ao Governo para manter o rumo das coisas certas e emendar erros que podem deitar muito a perder.
Não o fazendo, e por mais explicações que dê, e que eu até compreendo, leva os cidadãos a descrer cada vez mais na política e a pensar que os políticos “são todos iguais”.
E não são!...

14 comentários:

  1. Caro Pinho Cardão,

    Está para nascer o Orçamento de Estado bom. E está para nascer porque está para nascer o primeiro-ministro que assuma que a sua responsabilidade é perante os cidadãos e não perante o estado!
    Cada orçamento é um exercício pateta porque quem o faz (ou apresenta, porque cheira-me que quem o apresenta só preenche folhas de Excel) não tem o menor controlo. Nem nas receitas, nem nas despesas. As despesas vão crescer 2,4%??? Sabem lá eles!...
    A Ferreira Leite congelou os ordenados e acabou com despesas salariais a crescer 4,5%.

    O primeiro orçamento bom vai ser aquele que diz que não há dinheiro e como não há dinheiro, não há palhaços. Mas a este ritmo, lá chegaremos...A não ser, claro, que haja um primeiro ministro que diga que não há orçamento de todo.

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  2. Caro Pinho Cardão

    Desta vez não estou de acordo consigo.

    Isto porque cada Partido deve ter um Projecto de Governo e em consequência de Orçamento.

    Não há qualquer razão para ter de votar os Orçamentos dos outros.

    Ainda por cima quando o Governo tem maioria na AR (e se não tivesse que sentido tem pedir à oposição para votar o orçamento e não a convidar para o Governo?

    Mas a questão que se pode pôr não está no votar contra, está nos argumentos com que se o faz.

    A questão está entre a demagogia e a defesa de um projecto alternativo.

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  3. Caros colegas dos números,

    o OE06 aponta para o caminho certo, mas segue pelo caminho errado... de boas intenções está o Inferno cheio!

    A única prova que para isso precisamos é o aumento da despesa, e aí sou mais uma vez inclinado a concordar (ai o que me custa dizer isto! :) ) com o Tonibler, ou seja se eles dizem que a despesa "só" aumenta 2,4%!!! Sabem lá eles... quando chegarem ao fim de 2006 e fizerem as continhas vão ver que subiu o triplo, e que afinal o défice de 6,8% sempre existe... e que afinal aquilo que era um fantasma de um estudo do 1ºTrimestre de 2005, veio a ser uma realidade no final de 2006! E não foi culpa dos laranjinhas.

    Até lá resta-nos fazer pela vida e pelo país... e explorar a criação de umas empresitas no Luxemburgo...

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  4. Caro Pnho Cardão

    A questão é que a oposição votar contra um orçamento de um governo não deve ser dramatizada e sim ser encarada como o facto normal e lógico resultante de se defender uma proposta diversa. Os argumentos baixos (como o PS usou) é devem ser de evitar.

    Quanto à Conta Geral do Estado confesso que nem sabia que ela era debatida. Ainda hoje ouvi o Primeiro Ministro referir-se ao déficit deste ano (2005)como o déficit "que os senhores deixaram"

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  5. Caro Pinho Cardão,

    Responsabilizar quem?
    A despesa não é o descalabro em termos percentuais porque boa parte é pagamento de dívida pública que é certo como a morte. O resto é serviço social e do estado, cujo bolão é salários. Educação é salários, saúde é salários, defesa é salários,....A Conta é uma porcaria porquê, porque o sujeito da escola x não reduziu custos com pessoal? A verdade é esta, tirando a negociação dos aumentos, que vale muito pouco, o resto está em roda livre por lei!
    O orçamento seria importante se os gestores pudessem gerir. Mas não podem! Logo, os governos quando apresentam o orçamento só têm mesmo que justificar as previsões. Logo, passam a vida a jogar com as receitas, porque tudo o resto é ingerível.

    Se o parlamento gastasse o tempo em que anda a discutir um orçamento que não vale um caracol, a resolver os porquês desse orçamento não resultar em gestão, isso sim, era trabalho.

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  6. Absolutamente de acordo com o Tonibler
    Acrescento : Em muitas áreas não há investimento porque o Estado quer ser ele a investir! (saúde, educação, etc)

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  7. Aqui tenho de dizer... EXCELENTE Tonibler... a verdade é que numa empresa cuja execução do Orçamento acaba-se como acaba sempre a execução do OE neste país no ano a seguir todo o Conselho de Administração-no caso das SA (ou até mesmo durante o ano) era enviado para as urtigas pelos sócios. Ou seja os gestores são responsabilizados por tal... no Governo... bof... só de 4 em 4 anos o que dá tempo para fazer muitas asneiras.

    De resto é bem verdade, pois tendo em linha de conta a lei também é verdade que se o mesmo se aplicasse a uma empresa privada, não havia gestor que se safasse... aliás as empresas não precisavam de gestores certamente... precisavam era de feiticeiros...

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  8. A VISITAR tonibler.blogspot.com!

    O camarada Tonibler vive lá!

    :-)

    E o cmonteiro também, mas esse é canhoto...

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  9. Grande cmonteiro,

    só por consideração a si, e ao nosso colega Tonibler lá irei dar um saltinho, por isso vá afiando as facas para trichar o perú... eh...eh...eh...

    Caro Pinho Cardão,

    dos 12% por justificar de despesas do PIB já alguém se preocupou em avaliar quantos mil milhões é que também servem para pagar as despesas de pessoal escamoteadas que existem, e sempre existiram, bem como "ajudas" e "consultorias" e trabalhos externos (quando já foram criados serviços internos para o fazer), enfim...

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  10. Caro Pinho Cardão,

    Os juros serão 3%, mas a despesa com a dívida, que deve incluir amortizações (isto de contabilidade pública, não é da minha 'lógica') foi em 2005(no orçamento, na conta não sei) de 45 283 000 000 €, para uma despesa pública total de 83 161 672 109 €, isto é, 54% da despesa. Se esta é de 49% do PIB, vem que despesa com dívida é 27% do PIB.
    Em funções sociais, 23 790 392 733 €, em funções de soberania 6 856 480 840 €. Ora bem, restam 4 406 016 159 que vão para as administrações locais e regionais e sobra nisto tudo 2 mil e tal milhões para funções económicas(scuts, otas, internets, euros,...)
    Dívida pública, paga-se e pronto; funções sociais são ingeríveis por lei; funções de soberania são ingeríveis por lei; administrações locais têm legitimidade democrática e, logo, constitucionalmente ingeríveis.
    Resultado, anda tudo neste granel para ver quem melhor gere 1,2% do PIB, a maior parte já prometida por contratos anteriores. Cheira-me que, na realidade, sobra a rúbrica de outras despesas não especificadas que corresponde a 0,42% do PIB (que até bate com um número uma vez avançado pelo Pina Moura) para gerir.
    Ora, para isto, não tenho a menor dúvida, nem governo precisamos. Dá-se o dinheiro aos pobres e ainda poupamos ao fim do dia...

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  11. Caro Virus,

    O problema, neste caso, está nos sócios. A verdade é que se aparecesse um gestor (um partido) a dizer no seu programa que ia reduzir os salários dos funcionários públicos, perdia as eleições de certeza. E continuo sem ver aparecer 2/3 da assembleia que dêem a volta ao assunto.

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  12. Caro Pinho Cardão,

    Realmente isto de contabilidade pública não é para o público perceber, obrigado pelo esclarecimento.Vi a contabilidade do relatório, percebi que era contabilidade de gente, mas não entendo o significado das rubricas, pelo que fiquei na mesma. Os 12% que fala, são o consumo público? O mesmo que soma para o denominador(no PIB)?

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  13. Caro Pinho Cardão,

    Uma vez mais obrigado pela paciência, mas ainda não estou completamente convencido.
    Se esses 12% são geríveis de facto, estou prestes a atropelar vários ministros das finanças. Porque se eu deixasse esses 12%( acho que dá para reduzir impostos à grande) na economia, eles acabavam por circular na mesma e o PIB ganhava. A não ser que vá buscar o dinheiro à dívida, coisa que não acontece porque vou rolar 25 e ainda mais 9 para tapar o último buraco. Quer isto dizer que toda a dívida já está a financiar outros investimentos passados, certo?
    Então aquilo que me está a dizer é que os 12% podiam ser retirados já do estado para os bolsos do contribuinte. 12% de 150 são....ora 3x6...são....é fazer as contas :) e dá 18. Estou enganado ou isto é o IRS+IRC?
    É que assim o panorama é muito mais animador, basta matar o governo todo...:)

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  14. Caro Pinho Cardão:

    Afinal estivémos este 'tempo' todo a dizer mais ou menos a mesma coisa.

    Quanto ao investimento, isso não me preocupa por aí além porque são meras classificações contabilisticas. Provavelmente o ordenado do médico é despesa e a rotunda é investimento.

    Quanto ao funcionamento da administração pública que serve essencialmente para destruir valor, pois, se calhar era aqui que a assembleia da república devia estar a trabalhar, não a mandarem de um lado para o outro quem orçamentou mais para a OTA. Até lá, eu como cidadão, continuo de defender o dever cívico de fugir ao fisco para salvar o pouco que ainda nos sobra.

    Cumprimentos

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